Leonardo entrou no carro com o coração apertado. A estrada até a cidade parecia mais longa do que nunca, como se cada quilômetro percorrido o afastasse um pouco mais da paz que finalmente havia construído com Isabela. O nome “Camila” ainda ecoava em sua mente. Um nome que fazia parte de um passado conturbado, de uma fase que ele havia enterrado — ou achava que havia.Ele estacionou em frente a um café discreto no centro, onde ela havia marcado o encontro. Era o mesmo lugar onde, anos atrás, eles haviam se despedido pela última vez. Ele chegou antes, pediu um café forte e sentou de frente para a porta. Dez minutos depois, ela entrou.Camila estava diferente. Os cabelos loiros agora estavam curtos, os olhos marcados por olheiras, como se o tempo também tivesse sido implacável com ela. Usava uma calça jeans, uma camisa branca simples e sandálias. Quando o viu, esboçou um meio sorriso.— Oi, Leo.— Camila.Ela sentou em silêncio por alguns segundos, antes de falar.— Obrigada por vir.— V
Dois dias depois, Leonardo segurava a mão de Isabela enquanto desciam do carro em frente a uma pequena casa térrea num bairro tranquilo da cidade. Ele estava nervoso como nunca estivera. O coração martelava no peito, as mãos suavam, mesmo com a brisa fria da manhã.— Está tudo bem — disse Isabela, percebendo o nervosismo dele. — Você vai conhecê-lo, Leo. E eu estou com você.Leonardo a olhou com ternura.— Você não faz ideia do quanto isso significa pra mim, Isa.Camila abriu a porta. Vestia um vestido floral simples e um sorriso contido. Havia algo mais leve em sua expressão — como se aquele momento fosse um alívio.— Podem entrar — disse ela, abrindo passagem.A sala era aconchegante, com brinquedos espalhados e desenhos infantis colados na parede. Em meio ao caos colorido, um garotinho de cabelos castanhos e olhos grandes brincava com um carrinho de polícia. Assim que percebeu a presença de estranhos, se levantou e correu para Camila.— Mamãe, quem são?Camila se ajoelhou e acarici
A brisa da praia entrava pela varanda da casa de frente para o mar, carregando com ela o perfume salgado e um frescor que parecia acalmar o coração de Elisa. Ela estava sentada na rede, vestindo um vestido branco leve que balançava com o vento. Seu cabelo castanho claro, solto, dançava ao redor do rosto, iluminado pelos últimos raios dourados do pôr do sol.Rafael saiu da casa, segurando duas taças de vinho tinto. Usava uma camisa social azul clara com os botões abertos até o peito e uma bermuda branca. O relógio de couro escuro contrastava com a pele bronzeada, e os pés descalços davam a ele um ar ainda mais descontraído — completamente diferente do homem frio que ela reencontrara meses atrás.— Está um clima perfeito — ele disse, entregando a taça a ela. Seus olhos a observavam com ternura, e por um momento, o silêncio entre os dois parecia dizer tudo.Elisa sorriu, aceitando o vinho.— Perfeito demais pra ser real — respondeu, bebendo um gole e olhando o horizonte alaranjado.— Ain
O fim de semana na casa de praia tinha deixado marcas profundas em Elisa. Não apenas na pele bronzeada pelo sol, mas no coração aquecido por promessas, toques e olhares que diziam mais do que qualquer discurso bem ensaiado. O retorno para a cidade, agora, parecia o começo de um novo capítulo — real, palpável, cheio de possibilidades.Rafael dirigia com uma mão no volante e a outra segurando a dela. Pareciam dois adolescentes apaixonados, trocando risadas bobas e músicas escolhidas a dedo. Leo dormia no banco de trás, cansado da farra na areia e do sorvete de chocolate que havia deixado marcas no cantinho da boca.— Vamos direto pro apartamento? — Rafael perguntou, lançando um olhar de canto.— Na verdade… — Elisa pigarreou, sem saber exatamente como dizer. — Acho que você podia ir pra casa... e levar as suas coisas pra minha.Ele quase freou o carro de tão surpreso, fazendo Elisa soltar uma risada alta.— Você tá me pedindo em casamento, é isso?— Tô pedindo pra você dividir o aluguel
O primeiro café da manhã da nova rotina em família começou… caótico.Elisa acordou com o cheiro de algo queimando. Saltou da cama num pulo, o coração acelerado, e correu até a cozinha. Encontrou Rafael de avental, segurando uma frigideira com um ovo absolutamente carbonizado e Leo sentado à mesa, rindo enquanto empurrava um pedaço de pão com geleia no nariz.— Bom dia, amor da minha vida! — Rafael anunciou, fingindo orgulho. — Preparei o café com amor. Ovos à la desastre e torradas do apocalipse.— Céus, você tá tentando nos matar? — Elisa riu, segurando o riso e o susto ao mesmo tempo. — Isso é um ovo ou uma pedra?— Preferia omelete, né? Tudo bem, tô aprendendo. A parte boa é que ninguém morreu. Ainda.Leo gargalhava. Elisa não resistiu e começou a rir também, indo até ele para limpar o rosto do menino.— Meu Deus, Leo, você tá parecendo um personagem de desenho animado. Que meleca é essa?— Geleia mágica! Se a gente passar no nariz, ganha superpoderes!Rafael piscou.— Tipo paciênc
Sexta-feira à noite chegou mais rápido do que Elisa esperava. Ela passou o dia ansiosa, experimentando e trocando de roupa ao menos cinco vezes. Acabou escolhendo um vestido vinho, justo na medida, com decote discreto e saia fluida. Um salto médio completava o visual elegante e confortável. O cabelo solto, com leves ondas, e a maquiagem suave destacavam seus olhos.Rafael saiu do banheiro ajustando a camisa branca de linho e calça jeans escura, um perfume amadeirado discreto envolvendo-o.— Uau — ele disse ao vê-la. — Você tá absolutamente linda.Ela sorriu, tímida.— E você... parece saído de um catálogo de moda casual sofisticada.— Isso foi um elogio?— Foi — ela respondeu, pegando a bolsa.Leo ficou com a avó naquela noite. Eles precisavam desse momento a dois.**O reencontro da turma do ensino médio foi em um restaurante aconchegante, com decoração retrô, paredes com fotos antigas e luzes baixas. Havia risadas, abraços nostálgicos e aquele típico barulho de copos brindando e his
A brisa salgada acariciava os cabelos de Elisa enquanto ela caminhava descalça pela areia fina. O vestido vinho balançava suavemente com o vento, revelando as pernas bronzeadas sob a luz prateada da lua. Rafael segurava seus sapatos numa mão e a outra entrelaçada à dela, como se nunca mais quisesse soltá-la.Estavam sozinhos naquela faixa da praia, afastados da movimentação do restaurante e dos carros. O som das ondas era o único testemunho do reencontro dos dois corações.— Lembra da primeira vez que viemos à praia? — Rafael perguntou, com um sorriso nostálgico.— Claro. Você esqueceu o protetor solar e ficou parecendo um camarão por três dias.Eles riram juntos, o riso vindo fácil, como nos velhos tempos.— Você me passou babosa. E depois me xingou porque eu disse que ardia — ele completou, entre risos.— Você mereceu. Ficou todo corado e orgulhoso, dizendo que era o "bronze da masculinidade".— E você zombou de mim a semana inteira.— Zombo até hoje, na verdade — ela disse, sorrind
Na manhã seguinte, o sol entrou sem cerimônia pela janela do quarto de Elisa. Ela se espreguiçou lentamente, o corpo ainda sentindo o conforto da noite anterior. Rafael dormia ao lado, com uma expressão de paz tão rara que ela teve vontade de fotografá-lo.Mas o relógio não perdoava: era hora de começar a loucura dos preparativos. Levantou devagar, para não acordá-lo, e foi direto para a cozinha.Dona Sônia já estava de avental, preparando o café da manhã. Leo, empoleirado na cadeira, pintava um desenho de “papai, mamãe e eu”, com rabiscos coloridos e um sorriso no rosto.— Olha, mamãe! A gente tá num castelo! — Leo exclamou, mostrando o desenho.— Que lindo, meu amor! — ela respondeu, com o coração derretido.Rafael apareceu logo depois, com o cabelo bagunçado e um ar sonolento.— Bom dia — disse, rouco, beijando o topo da cabeça de Elisa.— Dormiu bem? — ela perguntou, entregando-lhe uma xícara de café.— Com você do meu lado? Melhor impossível.Dona Sônia sorriu por trás da caneca,