O domingo amanheceu com um céu preguiçoso, entre o azul e o cinza, e uma brisa morna que passeava pela orla de Mali Beach como quem não tinha pressa de nada. Ema despertou mais tarde do que o habitual. O evento da noite anterior havia sido intenso — pelas câmeras, pelos discursos, pelos olhares trocados. Mas, principalmente, por tudo o que ela não disse.
Joice havia lhe deixado um bilhete discreto sobre a agenda do dia: “Nenhum compromisso. Apenas descansar.” E era isso que Ema pretendia fazer — ou pelo menos tentar.
Vestiu um conjunto leve de linho cru, amarrou o cabelo em um coque alto despretensioso e pegou o livro que há dias repousava intocado sobre a mesa. Decidiu caminhar até uma das praias mais tranquilas da região, longe dos restaurantes badalados e dos olhares curiosos.
Escolheu uma espreguiçadeira à sombra de um guarda-sol discreto, tirou as sandálias, afundou os pés na areia e abriu o livro.
Mas ela leu apenas três linhas.
Uma sombra cobriu parte da página. Ela ergueu os o