MADISSON
Há uma picada bem no centro do meu peito.
Um ponto invisível que pulsa e some, às vezes como um lembrete de que ainda estou viva.
Mas é mais que isso, é um vazio que cresce e desaparece conforme Kael se aproxima.
Eu não falei com ele sobre isso.
Talvez devesse.
Talvez não.
Eu ainda não sei o que sentir.
Não há lágrimas, só esse buraco que parece querer me engolir inteira.
Abro a mala que Kael trouxe e vejo as roupas dobradas com precisão militar. Blusas, calças, jaquetas… em todas as cores possíveis, mas procuro por uma blusa preta, encontrando uma calça de corrida da mesma cor, e um casaco que parece mais pesado do que realmente é. É confortável e flexível.
Quando me olho no espelho, quase não me reconheço.
O reflexo devolve uma mulher que aprendeu, cedo demais, a não confiar em ninguém.
Sorrio, sem humor.
Nos filmes, sempre usam preto quando precisam desaparecer e talvez seja isso que eu vá fazer.
A trava da porta ainda está no lugar, mas Kael subestima grampos de cabelo.
G