O celular na mão de Camila foi desligado sem que ela soubesse exatamente quando.
Ela demorou um momento para acalmar suas emoções, antes de finalmente falar:
— Minha amiga vai se casar. E vocês, vão participar da cerimônia?
Agora, Luís e Bruno estavam cada vez mais distantes dela. Quando ela voltasse para a Cidade J, não haveria mais encontros entre eles, nem mesmo amizade.
Por isso, não havia necessidade de contar a eles sobre seu próprio casamento em Cidade J.
Ao ouvir suas palavras, Luís e Bruno trocaram um olhar instintivo, ambos achando um pouco estranho o que ela havia dito.
Mas nenhum deles pensou muito sobre isso. Luís apenas comentou de forma indiferente:
— Não, você pode ir sozinha. O trabalho na minha empresa está demais.
Dizendo isso, ele parecia ainda irritado por ela ter sido responsável pela lesão de Eduarda naquele dia. Com um semblante frio, pegou alguns documentos e se dirigiu para o escritório.
Bruno também parecia sério e disse:
— Eduarda se machucou por sua causa hoje. Melhor ir pedir desculpas a ela. Caso contrário, não tenho interesse nenhum em ir a nenhum casamento com você.
Com isso, ele se virou e caminhou de volta para o seu quarto.
Camila deu uma risada amarga, mas não disse nada.
Na manhã seguinte, Camila acordou e foi preparar o café da manhã.
Quando saiu da cozinha, percebeu que a sala estava repleta de vários vasos de flores, com seus delicados caules cheios de flores frescas, espalhando um aroma suave pelo ambiente.
O pólen das flores, carregado pelo vento, soprou forte em sua direção.
O rosto de Camila empalideceu instantaneamente, e sua respiração começou a ficar cada vez mais ofegante.
Ela tinha asma, além de ser alérgica ao pólen!
Com dificuldade, ela tentava respirar, seu peito subindo e descendo com cada esforço. Sua visão estava ficando turva.
Mas o ar parecia cada vez mais escasso, tornando a respiração ainda mais difícil.
— Remédio...
Camila, com passos vacilantes, tentou seguir as lembranças em sua mente, e se arrastou até o armário de medicamentos.
Mas suas mãos, trêmulas e fracas, não conseguiam pegar o que precisava. Ela acabou derrubando alguns vasos que estavam sobre o móvel.
Os vasos caíram no chão e se estilhaçaram, espalhando flores e água por toda a parte, criando uma cena caótica.
O som claro do vidro quebrando fez com que Luís e Bruno corressem para a sala.
Ao verem o desastre no chão, os dois nem se deram ao trabalho de olhar para a situação de Camila, e ficaram visivelmente irritados.
— O que você está fazendo?
Camila finalmente conseguiu pegar o remédio, mas estava tão exausta que mal conseguia responder.
Bruno, no entanto, com expressão tensa, correu até ela, empurrando-a para o lado, e então se agachou, preocupado, para tentar recolher as flores espalhadas pelo chão.
O corpo de Camila estava fraco, e, após ser empurrada com tanta força, seu joelho bateu de cheio na quina do armário. A dor foi imediata e cortante, fazendo com que a pele se rasgasse e ficasse vermelha e inchada.
Ela segurava o frasco de remédio, mas suas mãos tremiam incontrolavelmente, e sua respiração se tornava cada vez mais rápida e irregular.
Finalmente, com esforço, ela conseguiu abrir a tampa e encontrou o spray inalador.
Era como se tivesse encontrado um fio de esperança no meio de uma tempestade. Com uma mão trêmula, ela aplicou o medicamento, enquanto, mancando, se afastava para um canto mais seguro.
O remédio entrou em suas vias respiratórias, e sua garganta, que antes ardia e estava seca, deu um alívio momentâneo.
Ela lutava para se manter consciente, mas, enquanto isso, Luís e Bruno continuavam a recolher as flores e os pedaços de vidro espalhados pelo chão, sem notarem sua aflição.