Capítulo Três

1 semana depois

Minhas pernas doíam muito. Eu as sentia latejar e queimar de tão roxas que estavam. Gustavo, como forma de amenizar meu sofrimento e minha dor, as enrolou em ataduras e me deu remédios.

Dormir era quase impossível devido ao chão frio e meus machucados, mas quando eu conseguia, algo sempre me acordava. Eu dessa vez, ouvi alguns gemidos e lentamente abri meus olhos. Quando o vi, minha única reação foi arregalar meus olhos e continuar o fitando perplexa.

Gustavo subia e descia lentamente pingando suor. Sua expressão era indecifrável, mas a minha era de pura dor. Senti todo meu corpo arrepiar e me encolhi.

– Isso dói... – Sussurrei enquanto ele continuava seus movimentos.

Tornei a o encarar e o vi que ele suspirava e me fitava, mas em vez de parar, ele simplesmente pegou um frasco de remédio e jogou em minha direção.

– Cale a boca, porra! – Ordenou irritado e voltou a fazer suas flexões.

Peguei o frasco tremula, o abri e tomei uns dois remédios de vez para ver se eu melhorava logo. Senti meus lábios e garganta ressecados quando engoli as pílulas e senti uma grande falta de beber água fresquinha. Gemi de dor.

– Que inferno! – Gustavo estava ainda mais irritado. Ele parou de malhar, levantou-se e se alongou. – Você não cansa dessa merda toda de ficar choramingando? – Me perguntou e enquanto se esticava, me encarava.

Fiquei calada apenas o observando sem saber o que dizer. Da outra vez que eu disse algo apenas para o agradar, ele jogou o mingau em minha cara, então eu preferia ficar quieta.

– Parece que você não ouve direito... também não é boa nisso. – Ele caminhou em minha direção, me encolhi e me fastei dele abaixando meu olhar. – Você está aqui há mais ou menos uma semana, não é mesmo, Katherine? – Me questionou. Engoli em seco. – Olha para mim, merda! – Ele segurou meu obro e virou-me bruscamente para que nossos olhos se encontrassem. – Como você exagera, não é?

Ficamos um tempo em silencio, apenas em contato visual. Ele era tão lindo, mas também era um verdadeiro monstro, provando que nem todos os príncipes eram perfeitos.

Sua mão que estava em meu ombro, começou a acariciar meu corpo. Ela era quente, o que naquele momento era tão bom, já que eu sentia muito frio. Passou por meus seios miúdos, minha barriga vazia e voltou para meus ombros ossudos. Ele fez uma carinha de preocupado.

– Katherine, você é tão magra... um saquinho de ossos. – Gustavo estava decepcionado com algo e eu não estava entendendo nada. – Queria que você tivesse mais um pouco de gordura... tornaria tudo mais divertido. – Ele revirou os olhos. – Não vou gostar de cortar você assim. – Engoli em seco outra vez e sentir um alivio por ser tão desnutrida.

Gustavo se levantou, andou pelo espaço e encontrou em um canto, o pote de mingau, meu único alimento. Ele o pegou, tirou a tampa e voltou agachando-se perto de mim. Ele rodopiou o objeto em sua mão e depois encostou em minha barriga. O que ele estava fazendo?

– Como você aprontou, preciso lhe aplicar uma leve punição... tudo bem? – Ele sorriu e pressionou a tampa em minha pele.

Era metálica e um pouco cortante, me causando mais dor. Eu a sentia me rasgar lentamente e meus gemidos de dor praticamente era prazer para ele.

Fechei meus olhos e simplesmente aceitei meu destino, mas ele parou e suspirou. Eu queria o olhar nesse momento, mas meu corpo só queria se afastar dele. Minhas lagrimas começaram a rolar por minha face.

Porque ele ainda não me matou? Porque ele não acabou logo com isso em vez de ficar me torturando lentamente?

Ouvi os sons das correntes que me prendiam saírem de minhas pernas e em seguida, senti suas mãos me pegarem. Joguei-me em seus braços fortes. Ele me ergueu e entreabri meus olhos para ver aonde ele estava me levando. Meu corpo estava fraco e os remédios me deixavam mais mole ainda.

Estávamos subindo as escadas e por um momento, pensei que ele iria me libertar, mas ele estava apenas entrando no banheiro da sua casa comigo.

Gustavo me colocou sentada no chão do box e ligou o chuveiro sem pena sobre mim. A água não estava tão quente e nem tão gelada, mas cada gota em meu corpo, era como se fossem lâminas, já que eu estava tão sensível.

– Agora fique quieta que vou lhe dar banho, Katherine. – Ele avisou, agachou-se perto de mim e começou a me esfregar, mas cada toque seu, meu corpo se contraía e ficava mais tenso. – Fique quieta, merda... – Ele ordenou, mas não obedeci, o que o fez abri as minhas pernas e dar um tapa em minha vagina. Soltei um gemido de dor. – Eu mandei ficar quieta!

Gustavo começou a me esfregar lentamente. Relaxei meu corpo e fechei completamente os meus olhos, sentindo sua pele na minha.

– Está gostando disso? – Ele perguntou alisando minha vagina lentamente, por cima da minha calcinha. Respondi com um gemido e um suspiro de prazer. Era tão bom.

Ele parou, pegou o sabão liquido e jorrou um pouco em meu cabelo e corpo.

– Agora é sua vez de se esfregar. – Ele falou, levantou-se, abri meus olhos e o vi me observando, então não custei em espalhar o sabão em meu corpo. – Depressa, Katherine, você precisa voltar para seu cantinho. – Ele tornou a se agachar e me ajudar, mas eu segurei a sua mão e o olhei no fundo dos olhos.

– Gustavo, por favor, eu faço qualquer coisa, mas não me deixe naquele porão. – Eu comecei a chorar. – Ele é tão escuro, molhado e frio... por favor, Gustavo. – Eu o implorava.

Gustavo se levantou, limpou o rosto de um pouco de sabão que espirrou e agarrei sua perna, o abraçando bem forte, como uma criança indefesa.

– Por favor, por favor, Gustavo, não me coloque lá.

Minha preocupação não era a escuridão ou o frio e sim a morte que ficava cada vez mais perto de chegar ou as malditas torturas que ele gostava de fazer em mim.

– Eu pensei que você era mais esperta, Katherine... claro que um porão é escuro. – Gustavo falou, me afastou se suas pernas e suspirou. – Acabe seu banho e fique limpa. – Ele ordenou e saiu do banheiro.

Eu estava ali sozinha e tudo que passava em minha cabeça era em fugir de alguma forma, mas era impossível com minhas pernas tão machucadas como estavam. Eu precisava dá um jeito na situação. Já que não poderia escapar, eu poderia ser útil para ele de alguma forma... fazer tudo que ele quisesse, o obedecer como uma cadelinha... mesmo sendo tão humilhante. Era o preço pela minha vida.

Gustavo voltou com algumas peças de roupa e uma toalha. Desligou o chuveiro e me ajudou a me secar ainda o chão. Ele tirou minha calcinha, me deixando completamente pelada. Me ajudou a me levantar e como meus pés estavam feridos, eu não consegui colocar pesos neles, então me joguei em seus braços, o abraçando pelo pescoço. Seu corpo era muito musculoso e estava colado no meu.

Ele me ajudou a me vesti com uma saia e uma blusa, depois me colocou sentada no vaso e me observou um pouco.

– Você é tão brega! – Ele afirmou, revirou os olhos e pegou minha calcinha molhada, saindo do banheiro novamente.

Mais uma vez fiquei sozinha e dessa vez, mais perto da porta. Estiquei-me, consegui colocar a cabeça para fora e vi a saída, não tão longe. Eu estava apenas alguns passos de ser livre, mas olhei para meus tornozelos e os vi me impossibilitando.

– Idiota! – Gustavo falou chegando por trás.  Me assustei e sentei-me direito. – É tentador, não é? Você poderia se rastejar até aquela porta e pedi ajuda a alguém lá fora, mas certamente, eu não deixaria isso acontecer.

Ele começou a acariciar meu cabelo e meu rosto com um sorriso doentio. Era o mesmo sorriso que ele dava quando me causava alguma dor. Meu coração acelerou. Ele estava segurando uma faca enorme.

– Por quê eu acho que você está se afeiçoando com esse lugar? – Ele indagou e passou a faca em meus lábios. – Faremos um trato, então, Kathe. – Gustavo abriu mais seu sorriso estranho. Ele me arrastou até o corredor da casa, afastou-se e fez uma linha no chão com a faca. – Você não pode passar dessa linha... – Era perto da porta de saída e da escada para o outro andar. Engoli em seco. – E se você fizer isso, eu vou passar essa faca em seu pescoço, lentamente, para ver sua pele se abri e o sangue escorrer quente sobre minha mão e seus seios pequenos. – Estremeço e recuo receosa. – Ah, Katherine, vai se foder... – Ele ficou bravo. – Essa sua cara de buceta velha está me deixando irritado. – Gustavo se aproximou. – Sorria! – Ordenou.

Esse era o momento em que eu precisava o agradar novamente de alguma forma, para não ser punida, ou simplesmente fazer o que eu tinha vontade? Meus lábios estremeceram e criou um estranho sorriso, mas o Gustavo não ficou satisfeito.

– Nossa, que estupida... você gosta de fazer tudo que te mandam fazer... assim, vou me sentir muito superior a você, sua burra! – Ele segurou meu rosto. – Apenas me escute e vai ficar tudo bem, okay? – Ele olhou no fundo dos meus olhos e lá, atrás de todo monstro que vejo, enxergo um bom Gustavo querendo me libertar ou cuidar de mim. Fiz que sim com a cabeça. – Você ainda não parou de tremer, Kathe... vamos, me ajude... – Ele suspirou e sua expressão mudou. – Dessa forma vou começar a pensar nela.

Gustavo estava em um tipo de transe, pensando em alguém obviamente. Ele pegou minha mão e me fez acariciar seu rosto. Senti sua barba feita pinicar meus dedos, o que era delicioso.

– Eu te amo! – Gustavo falou e meu coração parou.

O que ele disse? Por que ele fez isso? Eu não estava conseguindo entender o motivo para tal declaração... não estava acreditando no que estava acontecendo. Seia ele capaz de me amar mesmo me torturando assim? O que eu deveria falar? Como eu deveria agir frente a essas palavras que nunca foram ditas para mim?

– Eu também te amo, Gustavo. – O respondi e o sorriso que se formou em meus lábios foram sinceros. – O que? Como assim me ama – Gustavo parecia confuso. – Eu falei contigo? – Perguntou sem entender o que estava acontecendo. Engoli em seco. – Eu estava falando de minha mãe. – Meu rosto ficou todo vermelho de vergonha. Abaixei a cabeça. – Ou você é minha mãe?

Gustavo segurou meu queixo rindo, ergueu minha cabeça e analisou meu rosto. Seu sorriso era lindo.

– Você ficou toda vermelha, Kathe.

Abaixei meu olhar mais uma vez e ficamos em silencio, nesse clima constrangedor. O tempo passava lentamente me torturando mais ainda. Eu só queria me enfiar debaixo de alguma coberta e gritar de raiva por ser tão ridícula e iludida. Claro, ninguém seria capaz de me amar assim, nem mesmo um doente psicopata que adorava torturar mulheres.

– Quer ser minha mãe, Kathe? – Gustavo me perguntou.

O encarei confusa.

Gustavo apenas me segurou novamente e me arrastou até outro cômodo da casa. Era a cozinha. Ele me debruçou sobre a pia, segurou minhas costas com força para eu não cair e puxou uma cadeira a colocando debaixo de mim, fazendo-me sentar nela. Olhei para ele.

– Aqui, pegue isso! – Ele entregou-me a faca que segurava. – Só não se corte, ela é bem afiada. – Ele soltou uma piscadela. – Como dona de casa, você fica responsável pela limpeza, afina, um trabalho duro é importante. – Ele bagunçou um pouco meu cabelo e deu alguns passos para trás. – Lhe dei banho, lhe vesti... só não quero que tenha uma ideia errada, mas preciso confirmar algumas coisas a vendo aqui. – Gustavo olhou para o relógio. – Está na hora do jantar e como você é uma garota obediente, já sabe o que fazer.

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