CAPÍTULO 6

— Por dentro… e por fora? – Clarisse murmurou tentando entender o que tinha sido dito, e olhando atentamente para o homem sentado no canto da mesa, não soube o que dizer.

Ele estava querendo vê-la nua? Era isso? A namorada do seu filho?

— Esteja aqui algumas horas antes. Mandarei vestidos para escolher. A noite tem que ser perfeita para Ronny.

Dando esse ultimato, Vicent levantou da mesa sendo seguido pelos olhos escuros da mulher que não tinha entendido. Ele a queria ver nua? Já não basta a achar bonita demais para Ronny, agora queria vê-la nua? Respirou fundo se afastando um pouco da mesa. O que estava acontecendo naquela casa?

Levantou rapidamente indo atrás daquele homem, porque se tinha alguma coisa rolando naquela casa ao seu respeito, iria descobrir. Chegou na sala vendo apenas a silhueta do homem dobrar no fim da escada, ah, estava indo para o quarto? Melhor pois não teria ninguém para interromper.

Subiu as escadas degrau por degrau e chegou ao corredor e nem sequer bateu na porta para abri-la e o viu juntando suas coisas ao redor da cama.

Ela notou quando o clima mudou, lá fora, o calor era infernal, mas ali dentro, o frio lhe percorreu o corpo inteiro. Estremeceu ao ver o olhar de repreensão vindo do homem. Ela poderia correr para longe, mas assim que tentou abrir a porta travou.

Travou porque?

Pra que?

— O que você está fazendo aqui? – Perguntou sem fôlego. Não poderia ficar num espaço fechado com aquela garota. Ele iria enlouquecer. — O que está fazendo no meu quarto?

— Você me disse coisas, coisas que não poderiam ser ditas a mim – estremeceu ao vê-lo dar um passo em sua direção. — Como quer ver por dentro e fora do vestido. Isso quer dizer que te alegraria me ver nua?

— Isso é inapropriado. E errado da sua parte em vir ao meu quarto para me perguntar coisas que não fazem sentido. Por favor, saia.

Vicent tinha razão.

Subir até ali, lhe questionar sobre ele a querer vê-la nua. Isso era um absurdo sem tamanho. Mas não dava para não pensar nisso. O contexto da conversa, o assunto do vestido, tudo levava a crer que ele queria sim.

Depois de muito pensar, ergueu a cabeça para tornar a encarar o homem que estava mais perto, mais perto do que precisava, os olhos claros brilhando em sua direção como se tivesse vendo uma joia preciosa. Essa joia era ela? Claro que não, ela era apenas uma garota, não chegava nem perto das modelos lindas a qual já tinha o visto sair.

— Você tem razão. Foi um erro eu subir até aqui para lhe perguntar algo tão bizarro. – Murmurou, no entanto, Vicent jogou sua cabeça para o lado, analisando o rosto bonito e aqueles lábios que abriam e fechavam. Ele nunca tinha ficado tão próximo dela como naquele momento.

Seu corpo estava rígido, podia sentir todas as elevações de músculos e seu amigo subir como se estivesse pronto para dar o bote.

Ele podia fazer isso… na frente das pessoas. Tendo ela tão perto agora, ninguém precisava saber.

— Você não iria querer me ver nua. Afinal, não sou tão bonita como as mulheres que já estiveram em seu quarto. - Suas palavras saiam e ele ouvia tudo atentamente, mas sua atenção era dada toda aos lábios.

Clarisse acabou sorrindo com a imagem, ele tão perto, cheiroso, e parecia gostar de seus lábios. Sorriu mais os mordendo, será que ele estava mesmo olhando para sua boca.

A ação da mordida fez o homem se aproximar mais a prendendo contra a porta. O sorriso parou, e logo seus olhos se encontraram de verdade.

— Você é bonita sim. – Ela sentiu um fogo de energia dentro de si. Aquilo era gostoso de ouvir, ainda mais vindo dele. — Bonita demais para estar no meu quarto. Não suba mais.

— Então, entendi certo quando você disse que era bonita. Na verdade eu, achei que tinha feito isso para me agradar, para que eu venha na festa com o Ronny, sei que não gosta de mim.

— Nunca disse que não gostava de você. – Sua frase saiu rouca, estava na cara que ele não iria para o trabalho sem antes tomar um banho gelado e ter suas mãos fazendo um trabalho vergonhoso para sua idade.

— Você disse, várias vezes.

— Eu disse que não gostava de você com meu filho. Mas eu gosto… de você.

Clarisse arregalou os olhos virando as costas na mesma hora. A porta ainda não abriria e ela sentiu a respiração dele vir ao pé do ouvido. Fechou os olhos quando o peito dele encostou em suas costas e uma parte mais enrijecida na sua bunda.

Não sabia se tentava sair daquele fecho. Era fantasioso e sex, mas tão errado. Muito errado.

— Quer mesmo saber minha resposta?

— Quero… – Talvez gemer um "quero" para o homem poderia lhe dar brechas para inúmeras fantasias que se passavam na cabeça. Sentiu a mão dele pousar em sua cintura e apertar. Aquilo era bom. Fechou os olhos apenas para sentir o calor.

— Eu gostaria de vê-la nua. – Clarisse tentou, mas não evitou o sorriso. — Mas só vê-la, não me traria alegria.

— E o que te daria alegria? – Perguntou devagar, dando mais um sorriso, porém, virou novamente para encarar o homem nos olhos, — O que te daria alegria além de me ver nua?

— Tocar em você. Te jogar nessa cama e sentir tudo em você, com as minhas mãos e a minha boca.

Clarisse respirou fundo tentando manter aquele contato. Sabia que o rosto estava vermelho, e que tudo que ele disse parecia um convite que por um momento, ela pensou em aceitar.

Mas era errado. Muito errado.

Seu momento de silêncio fez com que Vicent pensasse duas, três, dez vezes, antes de destravar o trinco da porta mais acima a qual ela não viu. O barulho a fez despertar e ao mesmo tempo, o homem se afastou, mas não deixou de encará-la.

— Eu sou a namorada do seu filho – Murmurou devagar, o outro apenas riu.

— Isso não me impediria de ter o que eu quero. – Clarisse ofegou dando um passo à frente. Vicent abriu mais os olhos, estava em alerta. Se aquela mulher desse outro passo, ele a pegaria. Não pensaria mais em nada.

Porém ela recuou, finalmente saindo do quarto.

Vicent fechou os olhos já puxando a gravata do pescoço. Precisava de um banho, e da imagem de Clarisse jogada na sua cama apenas para seu deleite.

Do outro lado, Clarisse desceu as escadas correndo quase tropeçando em todos os degraus e atravessou a porta daquela casa. Não esperou o motorista abrir a porta do carro, apenas entrou e pediu para ir embora rápido. Seja lá o que aconteceu naquele quarto. Ninguém podia saber.

Ninguém.

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