— Por dentro… e por fora? – Clarisse murmurou tentando entender o que tinha sido dito, e olhando atentamente para o homem sentado no canto da mesa, não soube o que dizer.
Ele estava querendo vĂŞ-la nua? Era isso? A namorada do seu filho? — Esteja aqui algumas horas antes. Mandarei vestidos para escolher. A noite tem que ser perfeita para Ronny. Dando esse ultimato, Vicent levantou da mesa sendo seguido pelos olhos da mulher que nĂŁo tinha entendido. Ele a queria ver nua? Já nĂŁo basta a achar bonita demais para Ronny, agora queria vĂŞ-la nua? Respirou fundo se afastando um pouco da mesa. O que estava acontecendo naquela casa? Levantou rapidamente indo atrás daquele homem, porque se tinha alguma coisa rolando naquela casa ao seu respeito, iria descobrir. Chegou na sala vendo apenas a silhueta do homem dobrar no fim da escada, ah, estava indo para o quarto? Melhor pois nĂŁo teria ninguĂ©m para interromper. Subiu as escadas degrau por degrau e chegou ao corredor e nem sequer bateu na porta para abri-la e o viu juntando suas coisas ao redor da cama. Ela notou quando o clima mudou, lá fora, o calor era infernal, mas ali dentro, o frio lhe percorreu o corpo inteiro. Estremeceu ao ver o olhar de repreensĂŁo vindo do homem. Ela poderia correr para longe, mas assim que tentou abrir a porta travou. Travou porque? Pra que? — O que vocĂŞ está fazendo aqui? – Perguntou sem fĂ´lego. NĂŁo poderia ficar num espaço fechado com aquela garota. Ele iria enlouquecer. — O que está fazendo no meu quarto? — VocĂŞ me disse coisas, coisas que nĂŁo poderiam ser ditas a mim – estremeceu ao vĂŞ-lo dar um passo em sua direção. — Como quer ver por dentro e fora do vestido. Isso quer dizer que te alegraria me ver nua? — Isso Ă© inapropriado. E errado da sua parte em vir ao meu quarto para me perguntar coisas que nĂŁo fazem sentido. Por favor, saia. Vicent tinha razĂŁo. Subir atĂ© ali, lhe questionar sobre ele a querer vĂŞ-la nua. Isso era um absurdo sem tamanho. Mas nĂŁo dava para nĂŁo pensar nisso. O contexto da conversa, o assunto do vestido, tudo levava a crer que ele queria sim. Depois de muito pensar, ergueu a cabeça para tornar a encarar o homem que estava mais perto, mais perto do que precisava, os olhos brilhando em sua direção como se tivesse vendo uma joia preciosa. Essa joia era ela? Claro que nĂŁo, ela era apenas uma garota, nĂŁo chegava nem perto das modelos lindas a qual já tinha o visto sair. — VocĂŞ tem razĂŁo. Foi um erro eu subir atĂ© aqui para lhe perguntar algo tĂŁo bizarro. – Murmurou, no entanto, Vicent jogou sua cabeça para o lado, analisando o rosto bonito e aqueles lábios que abriam e fechavam. Ele nunca tinha ficado tĂŁo prĂłximo dela como naquele momento. Seu corpo estava rĂgido, podia sentir todas as elevações de mĂşsculos e seu amigo subir como se estivesse pronto para dar o bote. Ele nĂŁo podia fazer isso… na frente das pessoas. Tendo ela tĂŁo perto agora, ninguĂ©m precisava saber. — VocĂŞ nĂŁo iria querer me ver nua. Afinal, nĂŁo sou tĂŁo bonita como as mulheres que já estiveram em seu quarto. - Suas palavras saiam e ele ouvia tudo atentamente, mas sua atenção era dada toda aos lábios. Clarisse acabou sorrindo com a imagem, ele tĂŁo perto, cheiroso, e parecia gostar de seus lábios. Sorriu mais os mordendo, será que ele estava mesmo olhando para sua boca. A ação da mordida fez o homem se aproximar mais a prendendo contra a porta. O sorriso parou, e logo seus olhos se encontraram de verdade. — VocĂŞ Ă© bonita sim. – Ela sentiu um fogo de energia dentro de si. Aquilo era gostoso de ouvir, ainda mais vindo dele. — Bonita demais para estar no meu quarto. NĂŁo suba mais. — EntĂŁo, entendi certo quando vocĂŞ disse que era bonita. Na verdade eu achei que tinha feito isso para me agradar, para que eu venha na festa com o Ronny, sei que nĂŁo gosta de mim. — Nunca disse que nĂŁo gostava de vocĂŞ. – Sua frase saiu rouca, estava na cara que ele nĂŁo iria para o trabalho sem antes tomar um banho gelado e ter suas mĂŁos fazendo um trabalho vergonhoso para sua idade. — VocĂŞ disse, várias vezes. — Eu disse que nĂŁo gostava de vocĂŞ com meu filho. Mas eu gosto… de vocĂŞ. Clarisse arregalou os olhos virando as costas na mesma hora. A porta ainda nĂŁo abriria e ela sentiu a respiração dele vir ao pĂ© do ouvido. Fechou os olhos quando o peito dele encostou em suas costas e uma parte mais enrijecida na sua bunda. NĂŁo sabia se tentava sair daquele fecho. Era fantasioso e sex, mas tĂŁo errado. Muito errado. — Quer mesmo saber minha resposta? — Quero… – Talvez gemer um "quero" para o homem poderia lhe dar brechas para inĂşmeras fantasias que se passavam na cabeça. Sentiu a mĂŁo dele pousar em sua cintura e apertar. Aquilo era bom. Fechou os olhos apenas para sentir o calor. — Eu gostaria de vĂŞ-la nua. – Clarisse tentou, mas nĂŁo evitou o sorriso. — Mas sĂł vĂŞ-la, nĂŁo me traria alegria. — E o que te daria alegria? – Perguntou devagar, dando mais um sorriso, porĂ©m, virou novamente para encarar o homem nos olhos, — O que te daria alegria alĂ©m de me ver nua? — Tocar em vocĂŞ. Te jogar nessa cama e sentir tudo em vocĂŞ, com as minhas mĂŁos e a minha boca. Clarisse respirou fundo tentando manter aquele contato. Sabia que o rosto estava vermelho, e que tudo que ele disse parecia um convite que por um momento, ela pensou em aceitar. Mas era errado. Muito errado. Seu momento de silĂŞncio fez com que Vicent pensasse duas, trĂŞs, dez vezes, antes de destravar o trinco da porta mais acima a qual ela nĂŁo viu. O barulho a fez despertar e ao mesmo tempo, o homem se afastou, mas nĂŁo deixou de encará-la. — Eu sou a namorada do seu filho – Murmurou devagar, o outro apenas riu. — Isso nĂŁo me impediria de ter o que eu quero. – Clarisse ofegou dando um passo Ă frente. Vicent abriu mais os olhos, estava em alerta. Se aquela mulher desse outro passo, ele a pegaria. NĂŁo pensaria mais em nada. PorĂ©m ela recuou, finalmente saindo do quarto. Vicent fechou os olhos já puxando a gravata do pescoço. Precisava de um banho, e da imagem de Clarisse jogada na sua cama apenas para seu deleite. Do outro lado, Clarisse desceu as escadas correndo quase tropeçando em todos os degraus e atravessou a porta daquela casa. NĂŁo esperou o motorista abrir a porta do carro, apenas entrou e pediu para ir embora rápido. Seja lá o que aconteceu naquele quarto. NinguĂ©m podia saber. NinguĂ©m.