O Nerd Que Mora Ao Lado
O Nerd Que Mora Ao Lado
Por: Gisely
Capítulo 1- O Vizinho

Melissa nunca entendeu por que o som das teclas do computador do vizinho ecoava pela janela dela todas as noites, era como um código secreto, cliques rápidos, pausas calculadas e um leve murmúrio, como se ele conversasse com alguém que só existia no outro lado da tela

Willian, era o nome dele, o garoto de óculos grandes, cabelo sempre bagunçado e camisetas de séries que ela nunca tinha visto,desde que se mudara para aquela rua tranquila, ele parecia viver em outro mundo o das fórmulas, das teorias e dos jogos de computador que ela jamais conseguiria entender

Melissa, por outro lado, era prática, estudava, trabalhava meio período numa livraria e tentava equilibrar a vida entre provas, responsabilidades e um coração teimoso que insistia em não se apegar a ninguém

Mas naquela manhã de segunda-feira, algo diferente aconteceu

Quando saiu apressada para a faculdade, o portão da casa de Eduardo estava aberto, e ele estava lá, agachado, tentando consertar uma bicicleta, a luz suave do sol batia sobre os cabelos castanhos e o reflexo dos óculos dele fez Melissa hesitar por um instante

— Bom dia — ela disse, por pura educação

Ele levantou o olhar, surpreso, e sorriu de forma tímida

— Bom dia, Melissa

Ela parou

— Você… sabe meu nome?

Eduardo ajeitou os óculos com o dedo indicador, um gesto quase automático

— É difícil não saber, você canta quando estuda — respondeu, com um meio sorriso, voltando a olhar para a bicicleta — E tem uma péssima mania de reclamar em voz alta quando lê algo que não gosta

Melissa ficou vermelha, sem saber se ria ou se fugia

— Você me ouve estudando?

— Às vezes. As janelas são próximas — disse ele, simples, como quem fala sobre o tempo

Ela balançou a cabeça, sem saber se aquilo era engraçado ou assustador

— Bom, espero que não esteja gravando minhas crises existenciais

— Ainda não — respondeu ele, com um leve tom de ironia que a pegou desprevenida

Melissa riu, surpresa. Pela primeira vez, percebeu algo diferente em Eduardo, havia uma confiança discreta escondida ali ,uma faísca que não combinava com o estereótipo do nerd reservado que todos na rua comentavam

Enquanto seguia seu caminho, olhou para trás e o viu observando-a com aquele mesmo sorriso enigmático, por um instante, sentiu que havia algo naquele garoto que ela jamais imaginou

Como se, por trás dos óculos e da timidez, existisse alguém que escondia muito mais do que fórmulas e jogos

E Melissa estava prestes a descobrir exatamente o que

(....)

Os dias de Melissa seguiam sempre o mesmo ritmo acordar antes do sol, pegar o ônibus lotado até a faculdade, enfrentar professores apressados e voltar para casa tarde, com a cabeça cheia e o corpo pedindo descanso

Ela vivia sozinha ou quase, a presença constante que ela não via, mas sempre sentia, morava na casa ao lado. Eduardo.

O nerd

Ele raramente saía de casa durante o dia Quando saía, era por pouco tempo, com uma mochila sempre pesada nas costas e o olhar perdido em algum ponto distante, como se o mundo ao redor fosse apenas ruído. Às vezes, Melissa o via voltando de madrugada, a luz do celular iluminando o rosto cansado

Mas o que mais chamava sua atenção eram as noites.

Quase todas, por volta das onze, o som começava.

Teclas rápidas, um ritmo que parecia ter lógica própria. Às vezes, vozes ,não de conversas normais, mas de áudios distantes, palavras em inglês, fragmentadas, que ela não conseguia entender completamente.

Melissa tentava ignorar. Colocava música, cobria a cabeça com o travesseiro. Mas quanto mais tentava não ouvir, mais a curiosidade crescia.

“Quem é ele, afinal?”

Os vizinhos comentavam pouco. Diziam que Eduardo era “um bom garoto”, “muito inteligente”, “sempre em casa”. Mas ninguém parecia realmente conhecê-lo. Ele não frequentava festas, não recebia visitas, e o portão da casa dele vivia trancado, como se guardasse algo mais do que um simples morador.

Naquela semana, Melissa decidiu observar melhor. Não por malícia era curiosidade pura, alimentada pelo tédio da rotina.

De manhã, ela o viu saindo apressado, com um casaco escuro e fones nos ouvidos. À tarde, a casa dele parecia deserta. Mas, à noite... as luzes acendiam-se uma a uma, como se alguém ligasse o mundo inteiro dentro de um único quarto.

Havia algo diferente naquela luz. Não era apenas o reflexo comum do monitor. Às vezes, mudava de cor. Azul, depois verde, depois um tom quase violeta — e, em certos momentos, parecia pulsar.

Melissa encostava a cabeça na janela, observando por entre as frestas da cortina, tentando entender.

Até que uma noite, quando a luz azul voltou a piscar, ela percebeu algo mais.

Uma sombra.

A silhueta dele, em pé, parada na frente da janela, como se soubesse que ela estava olhando.

Por um instante, Melissa sentiu um arrepio subir pela nuca.

Não porque houvesse ameaça — mas porque ele não se moveu. Apenas ficou ali, imóvel, por longos segundos.

Então, apagou-se tudo.

O som, a luz, o movimento. Silêncio absoluto.

Naquela noite, Melissa teve dificuldade para dormir. A curiosidade se transformara em algo mais — uma sensação incômoda de que Eduardo não era apenas o nerd quieto da casa ao lado. Havia algo ali, algo que ele escondia com perfeição.

E, de alguma forma, ela sentia que estava prestes a descobrir

(....)

Melissa sempre achou que a vida era feita de repetições.

O despertador tocando às seis e meia, o café rápido, o mesmo ônibus que passava três minutos atrasado, e as mesmas conversas de sempre no campus — sobre trabalhos, provas e relacionamentos que nunca duravam.

Mas nos últimos dias, algo pequeno havia quebrado a previsibilidade.

O som.

Aquela sequência ritmada de teclas, vindas da casa ao lado, aparecia em horários aleatórios agora — não mais só à noite. Às vezes, ela o ouvia de manhã, bem cedo, antes de sair. Outras, no meio da madrugada, quando acordava sem motivo aparente.

Era como se Willian não dormisse.

Certa manhã, ao abrir a janela, Melissa viu algo curioso:

um drone pequeno, parado sobre o quintal dele.

Girava levemente no ar, emitindo um zumbido baixo, quase imperceptível.

Quando ela piscou, ele subiu — rápido, desaparecendo no céu nublado.

Melissa ficou observando o nada por alguns segundos, tentando entender o que acabara de ver. Eduardo tinha drones agora? Para quê?

No caminho para a faculdade, ela tentava afastar o pensamento, mas algo a incomodava.

Por que alguém tão reservado precisava de equipamentos assim?

E por que os deixava à mostra, como se quisesse que ela visse?

À noite, tudo parecia ainda mais estranho.

Enquanto estudava na mesa do quarto, uma luz fraca piscou pela fresta da cortina.

Olhou por instinto — e viu a janela de Eduardo entreaberta. A claridade azulada voltara, mas dessa vez o brilho era diferente, pulsante, como uma série de sinais.

Ela pegou o celular e gravou um pequeno vídeo, curiosa com o padrão. Mas, segundos depois, a luz parou.

E no escuro, uma única janela se acendeu.

Por trás dela, uma sombra se moveu — alta, calma, e por um breve instante, voltou o rosto em direção à janela dela.

Melissa engoliu em seco.

Seria coincidência?

Nos dias seguintes, começou a reparar mais — nos horários, nos barulhos, até nos pacotes que chegavam. Eduardo recebia encomendas com frequência.

Caixas grandes, sem remetente, entregues sempre no portão.

E, misteriosamente, ele nunca as abria do lado de fora.

Certa tarde, um dos pacotes caiu da escada quando o entregador o deixou.

Melissa estava chegando naquele instante.

O conteúdo rolou até a calçada — um amontoado de fios, microchips e algo que parecia... um circuito modificado.

Antes que ela pudesse se abaixar, Willian surgiu do nada, recolhendo tudo com uma calma que parecia ensaiada.

— Cuidado — disse ele, sem encará-la. — Isso é mais sensível do que parece.

E antes que ela respondesse, ele já havia desaparecido de novo, fechando o portão.

Naquela noite, Melissa mal conseguiu se concentrar nos estudos.

Abriu o vídeo que havia gravado dias antes e ampliou a imagem da luz piscando.

Três piscadas curtas, duas longas, uma curta.

Ela não entendia de códigos, mas parecia... um padrão.

Quando olhou novamente para a janela, o quarto de Willian estava escuro.

Mas na tela do seu celular, um novo vídeo havia sido salvo automaticamente — um que ela não lembrava de ter gravado.

Era o mesmo padrão de luzes.

Só que agora, piscando na tela, apareciam duas palavras em fonte branca:

“Não tente entender.”

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