18. Sofia Dança
A luz do fim do dia atravessava os vitrais altos da mansão, tingindo o corredor de tons alaranjados, quase dourados. Clarissa caminhava ao lado de Sofia, que observava tudo com a curiosidade silenciosa de alguém que ainda não entendia onde exatamente se encaixava naquele mundo. A governanta carregava algumas anotações, mentalmente revisando as tarefas da noite.
- Vou precisar me despedir por agora, querida. - disse Clarissa, com aquela gentileza prática de quem cuida de muitos detalhes ao mesmo tempo. - Ainda tenho que terminar a preparação do jantar. E, como sempre, muita coisa para deixar em ordem antes que a cozinha comece a encher.
Sofia assentiu, com um sorriso leve , o tipo de sorriso que ela vinha treinando nos últimos dias. Um sorriso que dizia “sou inofensiva”, “sou grata”, “não sou problema”. Um sorriso que, aos poucos, começava a se tornar natural demais para o gosto dela.
- Claro, Clarissa. Obrigada por me acompanhar. Não quero atrapalhar seu trabalho.
- De forma alguma.- r