10. A Sobremesa
A governanta fez uma pequena reverência e saiu rapidamente, sem questionar. Matteo ficou sozinho outra vez.
A casa estava mergulhada em um silêncio ensurdecedor. O som dos passos de Clarissa desapareceu pelo corredor, e o eco de sua presença foi substituído apenas pelo tique-taque distante de um relógio antigo pendurado na parede. Matteo permaneceu sentado à cabeceira da mesa, imóvel, como uma escultura esculpida em granito.
A louça diante dele refletia a luz amarela dos lustres, e o vinho em sua taça parecia sangue coagulado. Por um instante, ele permaneceu ali, pensativo, os olhos vagando entre o prato vazio e o reflexo distorcido de seu próprio rosto no metal da faca.
Naquele intervalo breve, algo quase humano atravessou seu olhar. Não era ternura, nem culpa ... era curiosidade. Desde a tentativa de fuga, Sofia se tornara uma incógnita, um mistério que ele não conseguia decifrar. Não era apenas uma prisioneira. Havia nela algo... imprevisível , como se fosse um ponto de interrogaçã