NARRAÇÃO DE SARA...
Acho que dei um passo a mais. Na breve conversa que tivemos, percebi seus olhos cintilarem, quase implorando para permanecer um pouco mais com minha filha. Eu sabia que aquilo lhe fazia bem. Então, abaixei a guarda e o convidei para jantar em minha casa.
Seu sorriso — ah, aquele sorriso — foi a primeira vez que o vi sorrir para mim. Era carregado de gratidão e gentileza, tão diferente da imagem dura que ele carregava.
Depois disso, ele retornou ao escritório, e eu voltei ao meu trabalho.
Enquanto limpava o corredor, sem querer escutei uma discussão. Ele estava brigando com alguém, palavras sobre sociedade misturadas a palavrões — muitos palavrões. Me afastei, tentando não ouvir mais do que deveria.
No final do dia, fui buscar Julie para irmos embora. Ela ainda dormia profundamente. O frio castigava lá fora, então a agasalhei bem e seguimos para casa. A neve não dava trégua. Respirei aliviada ao chegar; minha mãe ainda não havia recebido alta, e a angústia me aperto