Eric se deitou com os olhos pesados. Não era apenas o efeito do calmante prescrito pela mãe, mas o peso da dor, do medo e da impotência. O choro contido da filha ainda ecoava na alma. Lily, pequena e frágil, com os olhos molhados e o coração em desespero, só queria a mãe de volta. A dor de não ter Beatriz ao lado corroía a todos — mas nele, doía diferente. Era uma ausência que se enraizava nos ossos, como se parte dele estivesse algemada junto com ela em algum lugar desconhecido.
Assim que fechou os olhos, o silêncio o envolveu, mas logo uma brisa cálida atravessou o quarto. Ele não abriu os olhos — não precisava. Conhecia aquele aroma, aquele som suave de passos leves, aquela sensação de paz. Era ela.
A figura luminosa da esposa falecida surgiu diante dele, como nas vezes anteriores. Mas desta vez, havia mais firmeza em seu olhar. Um ar de urgência envolvia sua presença.
— Você está se deixando abater, Eric... — a voz dela era doce, mas séria. —