Capítulo 6

No dia seguinte...

Mal tinha amanhecido e eu já estava de pé. Não quero me atrasar logo no meu primeiro dia de trabalho. Lavei o rosto e tomo um banho relaxante. Em seguida, perdi alguns minutos escolhendo a roupa que vou vestir. Como nunca trabalhei na vida, não sei a roupa certa para esse tipo de situação. 

Opto pelo de sempre. Camiseta, jaqueta, calça jeans e tênis. Não passei nenhuma maquiagem, apenas dei uma penteada nos cabelos e escovei os dentes. Anotei o endereço que Allison me mandou em um papel, peguei o celular que meu pai me deu, coloquei no bolso e saí do quarto, descendo as escadas até a cozinha. 

— Acordou cedo, filha. — Charlie disse enquanto tomava seu café. 

— Você também. — Peguei o café e me servi.  

— Hoje começo as sete. E só volto no fim da noite. Essa cidade anda um caos. — comentou. 

— Entendo. Pai, agora eu vou para uma espécie de entrevista de emprego. 

— Mas já? — ele quase engasgou com o café. — Você não precisa trabalhar por enquanto, Bella. Posso sustentar nós dois muito bem. 

— Eu sei, mas eu quero. — tomei o café. — Preciso me distrair, pai. Olha, o trabalho é lá na casa da Allison, uma antiga amiga da internet. A noite nos vemos e te explico melhor. — me despedi e saí de casa. 

Fui até o ponto de táxi e entrei em um. Mostrei o endereço para o motorista e para minha sorte, ele disse que conhece muito bem o caminho. Meia hora depois, chegamos lá. Paguei a corrida e desci do táxi em frente a mansão dos Prestons. 

É uma casa enorme e muito bonita. Toquei a campainha, mas acho que não está funcionando. Então, bati na porta até que um cara abriu a porta, enquanto me distraía olhando o lindo jardim que há por ali. 

— Aqui é a casa da Allison Preston? 

— Você? — rapidamente reconheci aquela voz e olhei para o homem que abriu a porta. Arregalei os olhos, surpresa ao reconhecê-lo. 

Não pode ser. É muito azar esse cara ser o mesmo bêbado daquela noite. 

— O senhor? — Fiz uma careta, enquanto ele abriu passagem para eu entrar na casa. Ele fechou a porta.

— O que você quer, menina? — ele perguntou tirando o cigarro da boca e o apagando no cinzeiro. 

— Como eu tinha dito, falar com a Allison. — Olhei ao meu redor. Estamos na sala de estar. Belo lugar, aliás. 

— E o que você quer com ela? — voltei a olha-lo e ele está de braços cruzados. 

Bem diferente daquele bêbado. Está todo bem vestido, de terno, gravata. Cabelos cor de bronze bem ajeitados. Sua maleta está sob o sofá. Está na cara que ele é um executivo. Além disso, não há como negar que ele é lindo. 

— Falar sobre um trabalho que a Allison me ofereceu. Para ser babá da sobrinha dela. — coloquei as mãos no bolso, pois estou nervosa. A presença desse homem consegue me intimidar de uma maneira tão estranha. 

— A sobrinha dela é a minha filha. E jamais aceitaria que uma mulherzinha do seu nível cuidasse dela. — ele disse sério e eu liguei os pontos. 

Droga. Então ele é o Nicholas, o irmão problemático da Allison. O que perdeu a esposa e desde então, está no fundo do poço. 

— E eu posso saber o motivo? — perguntei colocando a mão na cintura. 

— Porque você é uma prostituta. — ele respondeu me medindo de cima a baixo. 

— Ah é? Quer dizer que sua filha não pode conviver com uma "prostituta"... — fiz sinal de aspas com as mãos — Mas pode conviver com um bêbado nojento, que no caso é você? — perguntei em tom irônico. 

— Olha aqui sua... — ele fechou a cara e se aproximou de mim que o encarei sem o menor medo. Nicholas ficou me olhando fixamente até que Allison desceu as escadas. 

— Bella! Já chegou? — ela foi até mim e deu um beijo em minha bochecha, enquanto seu irmão se afastava. Em seguida, deu um beijo na bochecha de Nicholas também. — Vejo que já se conheceram. — ela sorriu. 

— Infelizmente. — Nicholas murmurou revirando os olhos. 

— Como assim? O que está rolando? — ela perguntou jogando a mochila da faculdade no sofá. 

— Ele é aquele cara, Allison. O que me deu aquela grana lá. — expliquei e ela me olhou surpresa. — Ele pensa que eu sou garota de programa. 

— Nossa, que coincidência! — ela olhou para mim e para ele. — Maninho, aquilo tudo que aconteceu entre vocês foi um mal entendido. 

— Allison, não quero que essa menina cuide da minha filha. E pelo jeito, você já até sabe o motivo. Então por favor, não me venha com essa de mal entendido. 

— Você não tem que querer nada, Nicholas. Até porque nem você mesmo sabe como cuidar da sua filha. E outra, o papai e a mamãe decidiram que a Bella irá cuidar da Mel e isso vai acontecer você querendo ou não! 

— Merda! — ele resmungou, pegando sua maleta e saindo de casa, não sem antes bater a porta com força.

— Não ligue para ele, Bella. — Allison disse e eu dei de ombros. — Senta aqui. — Me puxou e nos sentamos no sofá. 

— Eu não sabia que o Nicholas era ele. Ele nem me deu a chance de explicar que não sou garota de programa, já veio com sete pedras nas mãos. — reclamei.

— É típico do Nick agir assim, mas não ligue para ele. Depois vou explicar o que aconteceu com você para a mamãe e ela com certeza, vai entender. — avisou sorrindo quando uma mulher e um homem desceram as escadas. 

Ambos são muito bonitos e elegantes. Devem ser os pais do Nicholas e da Allison. Ao me verem, ambos sorriram e eu e Allison nos levantamos. 

— Christopher e Ellie são meus pais, Bella. — nos apresentou e Christopher apertou minha mão, enquanto sua mulher me deu um beijo na bochecha. 

— Muito prazer, senhores. — sorri de volta. 

— Bella, estou atrasado para a empresa, mas quando eu puder, conversamos melhor. — o homem disse, dando um selinho de despedida em sua mulher. 

— Tudo bem, senhor. — respondo simpática. 

— Pai, me da uma carona? — Allison pediu, colocando a mochila nas costas. 

— Claro querida, vamos. Até mais, meu amor. — despediu-se lançando um olhar apaixonado para Ellie. — Até mais, Bella. — sorri para mim. 

— Tchau, mãe! Tchau, Bella! — Allison se despediu de nós e ela e seu pai saíram da mansão. 

Ellie começou a conversar comigo sobre salário e horários e combinamos tudo. Também me explica como Nicholas é um pai ausente e omisso com a filha. Aliás, foi muito triste saber disso. 

— Bella, já falei com a Melissa sobre você. Acho que a Allison já te disse que ela é especial, não? — ela perguntou segurando minhas mãos. 

— Sim. Ela me explicou que sua neta possui autismo. O que eu puder fazer para que ela tenha uma vida mais feliz, pode ter certeza que farei. — sorri e ela sorriu de volta.

— Tenha paciência com ela. Bem, vou trabalhar agora, mas qualquer coisa é só me ligar. — entregou um cartão com uns telefones para mim, que o guardei no bolso. — Melissa está no quarto lá em cima, segunda porta a direita. — avisou, dando um beijo na minha bochecha. — Qualquer coisa é só falar com a Rita, nossa empregada. — e foi embora. 

Fiquei um tempo ali parada e depois, subi as escadas em formato caracol da casa, até chegar na segunda porta a direita. Bati na porta uma, duas, três vezes. Como ninguém abriu, entrei. Naquele momento, a garotinha que estava sentada na cama se escondeu embaixo dela. 

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