Lucca Ferraro

O som da chuva começou tímido, mas logo tomou conta das janelas, do telhado, do silêncio que restou depois do jantar. Eu ainda sentia o gosto do uísque na boca, o calor do álcool contrastando com o frio que vinha do lado de fora. Caminhei até o aparador, servi mais um pouco e deixei o líquido âmbar girar no copo antes de levar aos lábios. Era uma desculpa. Eu não precisava de mais uma dose, eu só precisava de tempo.

O jantar havia sido… exaustivo.

Giovanna falava, ria, fazia perguntas demais, e tudo o que eu conseguia pensar era em Clara, ou Isadora, como todos acreditavam. Cada vez que ela erguia o olhar, cada vez que o brilho tímido dos olhos encontrava o meu, eu sentia o chão desaparecer por um instante.