Clara Vasconcelos
Aquilo doeu tanto quanto consolou. Ele me via como Clara, mas não sabia que Clara era eu. Havia ironia em seu consolo, e mesmo assim, eu me agarrei a cada palavra dele como se fossem cordas me puxando para fora de um abismo.
Meus olhos marejaram de novo. A cada vez que eu piscava, sentia as lágrimas prestes a transbordar, e o esforço para segurá-las me cansava. Inclinei discretamente o rosto, torcendo para que Vittorio não percebesse o quão despedaçada eu estava. Mas, ao mesmo tempo, era impossível esconder o tremor nas minhas mãos, a respiração irregular, o rubor que denunciava cada mentira.
E então, por um instante, permiti-me acreditar. Acreditar que talvez eu ainda pudesse suportar aquilo, que ainda havia uma p