“ Porque por mais que me machuque, eu não consigo deixar de amar você.”
Clara Vasconcelos
O jardim privativo da mansão Ferraro parecia respirar junto comigo. O silêncio ali não era apenas ausência de som: era tão espesso, tão denso, que chegava a gritar nos meus ouvidos. Do salão principal, vinham abafados os acordes elegantes do quarteto de cordas, misturados a risadas contidas, ao tilintar de taças de cristal e às conversas em tom polido. Mas aqui fora, entre as oliveiras antigas e os canteiros de jasmim e gardênia, o mundo parecia suspenso, distante. Era como se este espaço tivesse sido criado para ser um refúgio onde as máscaras não resistiam e, diante da noite, caíam sem piedade.
Apoiei a mão no tronco frio de uma árvore, sentindo a aspereza da casca sob a pele fina dos meus dedos. Meu coração batia rápido demais, dolorosamente descompassado. Cada pulsação me lembrava de onde eu estava, de quem eu precisava fingir ser. O colar de esmeraldas pesava no meu pescoço como uma corrente