Na sala espaçosa e levemente iluminada da mansão, a tensão era palpável. Jenne caminhava de um lado para o outro, seus olhos frequentemente se voltando para as escadas, enquanto esperava por alguma notícia. Assim que ouviu os passos suaves de Thayla descendo, ela se adiantou, os olhos ansiosos.
— E aí, alguma notícia? — perguntou Jenne, a preocupação evidente em sua voz.
Thayla balançou a cabeça, exalando um suspiro exausto.
— Não sei dizer... — respondeu ela, cruzando os braços e olhando para o topo das escadas. — Desde que chegaram, ele está lá no quarto com os médicos e ninguém me deixa entrar até que os exames acabem.
No andar de cima, no quarto de Clarck, o médico e duas enfermeiras focavam-se no exame minucioso do inchaço que se formava no abdômen dele, consequência da queda recente do segundo andar do shopping. Clarck observava os profissionais com um semblante calmo, embora claramente desconfortável.
— Pelo que estou vendo a olho nu, parece ser apenas um inchaço muscular, — diagnosticou o médico, retirando cuidadosamente as luvas e as guardando em sua maleta. — Mas, sinceramente, acho que você pode estar com algumas costelas quebradas. Seria melhor ir ao hospital para fazer um raio-x.”
Clarck, com uma expressão que mesclava determinação e teimosia, vestiu a camisa devagar, cada movimento enviando pontadas de dor em seu corpo.
— Não precisa, doutor, — disse ele, sacudindo a cabeça. — Se tem inchaço muscular, é porque tem costela quebrada. Uns dias relaxando na piscina e tomando umas cervejas, e eu melhoro rapidinho.
O médico trocou um olhar cético com uma das enfermeiras, que suspirou de leve, resignada. Sem objeções e sem acreditar no que acabara de ouvir, o médico fechou a maleta e saiu do quarto, sacudindo a cabeça, ainda pensativo sobre o comportamento de Clarck.
Na sala de estar, o grupo se endireitou quando o médico desceu as escadas e passou por eles em direção à porta. Ele acenou em despedida, mas antes que pudesse alcançar a saída, Thayla se adiantou e parou diante dele, bloqueando seu caminho.
— Doutor, como ele está? — perguntou Thayla, seu tom carregado de súplica. Ela respirou fundo antes de continuar: — E, por favor, não me esconda nada. Porque se eu perguntar a ele já sabe né... — Ela lançou um olhar severo em direção a Clarck, que vinha descendo logo atrás.
O médico hesitou por um momento, ajeitando a postura e lançando um olhar significativo para Clarck antes de suspirar.
— Tudo indica que seja apenas um inchaço muscular.
Clarck soltou um sorriso despreocupado, abraçando Thayla por trás e depositando um beijo leve em seu pescoço.
— Viu? Eu disse que não era nada demais, — murmurou ele, tentando acalmar a namorada.
Mas o médico não deixou de acrescentar, com o olhar firme:
— Acredito, porém, que temos algumas costelas quebradas. Eu realmente aconselho que ele vá a um hospital e faça um raio-x, para confirmar quantas são e entender por que o inchaço está localizado acima do ferimento.
Clarck riu sem graça, já antevendo a bronca de Thayla.
—Não é para tanto, doutor, — disse ele, tentando disfarçar a dor que o incomodava.
Thayla, no entanto, não estava convencida. Ela cruzou os braços e lançou um olhar sério a Clarck, que abaixou a cabeça, como um aluno repreendido.
— Pode deixar, doutor, — disse ela, voltando-se para o médico. — Amanhã, sem falta, ele vai ao hospital. — Seu tom era firme, deixando claro que aquilo não era uma opção.
Clarck suspirou, derrotado.
— Tá bom… — murmurou, cabisbaixo.
O médico olhou para Thayla com um sorriso de aprovação e assentiu, antes de se despedir do grupo e sair da casa. Ao fechar a porta, Thayla virou-se para Clarck, que a observava com um meio sorriso envergonhado.
— Depois dessa conversa estranha, acho que o melhor que temos a fazer é ir dormir, — disse Clarck, ainda desconfortável com o pequeno sermão que acabara de receber.
— Apoio a ideia, — concordou Thayla, massageando a nuca e lançando um último olhar severo para o namorado. — Mas não pense que vai escapar da nossa conversinha. E amanhã cedo, você vai direto para o hospital.
Clarck abaixou os ombros e assentiu.
— Sim, senhora… — respondeu, resignado.
O restante do grupo riu da cena, a tensão dando lugar a um momento leve. Um a um, eles se despediram e subiram para seus quartos, o som das risadas ecoando pela escada conforme a casa mergulhava em silêncio.
Clarck fechou a porta do quarto, tirou os sapatos e se aproximou da cama com um olhar malicioso.
— Eu sei que é tarde, mas amor, eu não consigo focar em nada além dessa bunda maravilhosa, — disse ele com um sorriso safado, enquanto observava Tayla se ajeitar.
Ela soltou uma risada e se jogou na cama, fingindo indignação.
— Ai, amor, que feio, — brincou, balançando a cabeça.
Clarck deu de ombros, mantendo o olhar fixo nela.
— Pode até ser feio, mas é enorme, — respondeu, estendendo a mão e fingindo medir o tamanho com um gesto exagerado, o que fez Tayla rir e lançar um tapinha leve em seu ombro.
— Besta, — disse ela, tentando conter o riso, mas logo se inclinou para lhe dar um beijo suave, enquanto ele pegava o celular na mesinha ao lado.
Ele deslizou o dedo pela tela e sorriu ao encontrar o que procurava.
— Olha só, nossa música... — disse ele, ligando o aplicativo e dando play em uma música específica.
Ao som de "Back To Sleep," Clarck se deitou sobre Tayla, beijando-a lentamente, saboreando o momento. Tayla sorriu contra seus lábios, deslizando as mãos até o peito dele e, sem demora, puxou sua blusa, que ele ainda usava. No meio da movimentação, ele fez uma careta de dor.
—:Ai...
Ela parou imediatamente, o olhar preocupado.
— O que foi? Te machuquei? — perguntou, os olhos buscando alguma resposta.
— Sim... — ele respondeu, a expressão de dor se transformando num sorriso divertido.
— Quando? — Ela franziu a testa, tentando entender onde o machucara.
Ele soltou uma risadinha e aproximou o rosto do dela.
— Quando afastou sua boca da minha, — sussurrou, puxando-a de volta para si e retomando o beijo.
Tayla revirou os olhos, mas não resistiu, sorrindo enquanto o puxava para mais perto. Ela o envolveu com os braços, retribuindo o beijo com a mesma intensidade, enquanto a música tocava ao fundo, criando o ambiente perfeito para aquele momento íntimo e leve entre os dois.