Clarck se inclinou em minha direção, franzindo as sobrancelhas enquanto meu celular vibrava repetidamente ao lado da cama. Ele olhou para a tela, visivelmente incomodado com a insistência das mensagens.
— Quem quer que seja, quer muito falar com você — comentou ele, indicando o aparelho com um olhar intrigado.
Revirei os olhos, irritada com a persistência das notificações. Desbloqueei a tela e, assim que vi quem era, soltei um suspiro irritado.
— Ah, esse cara de novo... — murmurei, mostrando as mensagens a Clarck. — Olha só o tipo de coisa que ele manda.
Clarck leu cada linha em silêncio, seu rosto assumindo uma expressão de surpresa e um leve incômodo.
Mensagem no W******p:
"Quer fazer um test-drive comigo?"
— Test-drive? Como assim? — digitei de volta, ainda sem entender aonde ele queria chegar.
"Testar... me experimentar. Sem compromisso."
Eu arqueei as sobrancelhas, espantada.
— Como assim? — respondi, horrorizada com a ousadia.
"Me experimenta pra saber como eu beijo, como sou na cama. Sem compromisso."
Clarck continuava a ler as mensagens ao meu lado, a expressão dele se tornando cada vez mais séria. Mantive o celular para ele ver, minha indignação visível.
— Nossa... — murmurei, mal acreditando no que lia. Digitei, firme:
"Não, tô namorando. Não sou o que você pensa."
Ele ainda tentou insistir:
"Não quer meu carinho?"
"De você, não quero nada."
E ele finalizou:
"Não tô pensando nada."
Respondi sem hesitar:
"Que bom, porque parece que está."
Encerrada a conversa, bloqueei a tela e me virei para Clarck, que me devolvia o celular, seu rosto sereno e o olhar seguro. Mesmo com todo o absurdo das mensagens, ele não parecia abalado.
— Você não tá pensando que eu tô dando bola pra ele, né? — perguntei, soltando uma risada nervosa.
Ele sorriu e passou o braço em volta da minha cintura, me puxando para um beijo suave.
— Claro que não — respondeu com convicção. — Eu te conheço muito bem, Tay. Confio plenamente em você.
Ele segurou meu rosto com carinho, e antes que eu pudesse retribuir o beijo, a porta do quarto foi aberta com um leve toque. Era Justin, espiando com um sorriso discreto.
— Desculpa interromper, mas a Katherine tá esperando a Thayla lá na sala — avisou ele, parecendo um pouco desconcertado com o clima.
Clarck assentiu, sorrindo.
— Já estamos indo, Justin.
Eu respirei fundo, me preparando para o dia e alisando a roupa. Lancei um último olhar para Clarck e caminhei até Justin, dando uma risada leve antes de segui-lo.
Quando descemos, a sala estava movimentada. Todos já estavam prontos, mas percebi que minha irmã mais nova e Leonard não estavam por ali. Minha mãe explicou que Leonard ainda dormia e pediu para que não o acordássemos. Após algumas últimas orientações e abraços rápidos, nós nos despedimos e saímos da casa.
Nossa primeira parada foi o shopping, onde fiquei com minha mãe, Kylie, Demétria e Selena. As meninas me acompanhavam enquanto eu procurava roupas novas e reabastecia o guarda-roupa para os próximos dias.
Já Clarck e os meninos se dirigiram ao hospital para os exames que ele precisava fazer. Eu esperei que, dessa vez, ele tomasse a decisão certa, mas não podia deixar de ficar ansiosa, olhando o relógio de vez em quando e tentando adivinhar como estavam as coisas por lá.
Cena no Hospital (Clarck Descobrindo os Resultados dos Exames)
O ambiente do hospital era calmo, mas carregado daquela frieza estéril que parecia sempre presente. Clarck estava deitado na mesa de exame, fitando o teto enquanto ouvia o zumbido das máquinas ao redor. A luz forte se refletia nas paredes brancas, enquanto o técnico ajustava os aparelhos, pronto para escanear o tórax de Clarck. Ele inspirou profundamente, sentindo o desconforto que o inchaço muscular causava, pressionando suas costelas.
O médico entrou na sala pouco depois, observando a tela e fazendo anotações. Após alguns minutos de silêncio, ele olhou para Clarck com um leve sorriso.
— Parece que temos boas notícias — disse o médico, cruzando os braços. — Não há costelas quebradas.
Clarck ergueu uma sobrancelha, surpreso. — Sério? E o inchaço?
— É apenas um inchaço muscular severo que está pressionando as costelas — explicou o médico. — A olho nu, realmente poderia parecer que algumas costelas estivessem fraturadas. Mas com um pouco de repouso e, claro, sem exagerar, você ficará bem.
Clarck sorriu, aliviado, e apertou a mão do médico. — Bom, então nada de hospital por um tempo, né?
O médico deu uma risada curta. — Só tome cuidado, rapaz. Descanso e... talvez evite pular de andares altos por enquanto.
Com uma piscadela e um último aperto de mão, Clarck deixou a sala de exames com a sensação de que um peso havia sido tirado de suas costas.
Cena no Shopping (As Compras e o Almoço das Meninas)
O shopping estava cheio, com as luzes fluorescentes iluminando vitrines e corredores movimentados. Thayla, Selena, Kylie e Demétria passeavam entre as lojas, carregando sacolas e trocando risadas. O som de risos e de música ambiente preenchia o local, criando uma atmosfera leve e descontraída.
As meninas pararam em frente a uma loja de roupas e começaram a examinar os itens nas araras. Thayla pegou um vestido e olhou para Selena.
— E esse aqui? — perguntou, erguendo o vestido.
Selena analisou a peça e riu. — Esse aí é você total, Thayla! Leva!
Depois de terminarem as compras, elas foram até a praça de alimentação. O cheiro de comida fresca se misturava ao burburinho das vozes, criando uma atmosfera aconchegante. Escolheram uma mesa próxima à janela, de onde podiam ver o movimento das pessoas e do trânsito lá fora.
Enquanto comiam e conversavam animadamente, Thayla tirou o espelho da bolsa e deu uma olhada rápida no rosto.
— Vou só retocar o batom — disse, levantando-se.
Selena tomou um gole de sua bebida e se levantou também, dando um sorriso casual. — Vou com você. Preciso ir ao banheiro de qualquer jeito.
Thayla a olhou de soslaio. — Não precisava me acompanhar, sabe? Posso retocar o batom sozinha.
Selena riu, balançando a cabeça. — Relaxa, não estou te vigiando. Só estou indo ao banheiro... mas, sabe, nunca se sabe.
As duas riram, como se a ideia fosse uma piada interna absurda. Ao entrarem no banheiro, a iluminação era suave, refletindo no espelho grande à frente das pias. Selena escolheu uma das cabines, enquanto Thayla se aproximava do espelho e começava a retocar o batom, com um leve sorriso no rosto.
De repente, Selena ouviu uma voz desconhecida ao fundo.
— Oi.
Houve um silêncio momentâneo, e então Thayla respondeu com uma voz surpresa: — Você aqui?
— Selena? — chamou Thayla, sua voz carregada de uma nota de inquietação.
Selena saiu rapidamente da cabine e viu Thayla de pé, olhando para alguém na entrada do banheiro. Mas antes que pudesse ver quem era, as luzes se apagaram, mergulhando o ambiente em escuridão.
— Thayla! — chamou Selena, sua voz firme mas com um toque de tensão. Nenhuma resposta.
Ela respirou fundo, tentando manter a calma. Naquele instante, uma memória de um treinamento veio à tona, envolvendo uma situação de resgate onde ela teve que salvar Justin com os olhos vendados.
Memória do Treinamento (Salvando Justin de Olhos Vendados)
Ela lembrou-se de estar em um ambiente fechado, escuro, com uma venda sobre os olhos e os sentidos à flor da pele. O som abafado dos passos e a sensação da própria respiração a fizeram concentrar-se.
— Concentre-se nos sons ao redor — instruiu o treinador, a voz grave e firme. — Ouça cada detalhe, cada mudança no ambiente.
Ela ouvia a respiração suave de Justin, o amigo que ela deveria resgatar.
— Selena, confia em mim, certo? — perguntou Justin, com uma pitada de humor, tentando aliviar a tensão.
Ela respirou fundo, sorrindo. — Claro, mas se você mexer, juro que eu te deixo aí.
Ele riu. — Tá, prometo que fico quieto.
Movendo-se cautelosamente, ela usava cada som como uma pista, seguindo a direção da respiração dele, até finalmente conseguir localizá-lo. Quando a encontrou, ainda de olhos vendados, ela tocou no ombro de Justin, que suspirou aliviado.
— Sabia que você ia me achar — disse ele, e ela sentiu um leve orgulho crescer em seu peito.
Retornando à Cena Atual no Banheiro
A lembrança se dissolveu, e Selena voltou ao presente no banheiro escuro. Inspirou fundo, tentando se orientar pelo som, o treinamento vivo em sua mente. Ela deu alguns passos cautelosos, tentando escutar qualquer ruído que indicasse onde Thayla estava.
— Thayla? — chamou novamente, sua voz mais suave, mas firme.
Ela ouvia sua própria respiração ecoando no espaço, os sentidos alertas. Passos abafados vinham do lado oposto do banheiro, e ela sabia que precisava manter a calma para encontrar sua amiga.