Capítulo 44
Meia hora depois, Leonardo estacionou o carro em frente à delegacia. Respirou fundo e encarou o prédio cinzento à sua frente. Pegou o bilhete do bolso interno do blazer, conferiu mais uma vez a caligrafia odiosa e os dizeres ameaçadores, e então saiu do carro, atravessando a rua.
Ao entrar na delegacia, sentiu cheiro de café requentado. O ambiente estava movimentado: algumas pessoas aguardavam atendimento, outras discutiam com policiais. Ele seguiu direto até a recepção, onde um agente uniformizado perguntou:
— Leonardo Vicente?
— Sim. Trouxe o material solicitado — respondeu, erguendo o bilhete dobrado.
— Por aqui, o delegado já está aguardando.
Leonardo o acompanhou até uma sala no fundo do corredor. Assim que abriu a porta, viu Allan sentado, cabisbaixo, com o rosto inchado, o nariz imobilizado e uma expressão apática de puro pavor. Dois policiais estavam ao lado dele, atentos.
Théo estava em pé, apoiado na parede, com os braços cruzados, o olhar gelado e calculista. As