A alvorada se insinuava através das grandes janelas do hospital, os corredores estavam com uma luz pálida e trêmula. O som dos passos dos enfermeiros ecoava pelos andares ainda silenciosos e o cheiro de álcool e café recente, pairava no ar, misturando-se ao nervosismo que crescia no peito de todos que ali estavam.O hospital estava mais cheio do que nunca. Não apenas de pessoas, mas de um sentimento que parecia preencher cada canto: amor, união, esperança.Todos ali já sabiam a verdade sobre Joshua e Valentina e nada poderia ser mais forte do que isso.Jacob e Luna estavam cercados por amigos e família, cada um segurando um pedaço daquele momento, carregando consigo a fé de que tudo acabaria bem.Katerina estava radiante ao lado de Ethan, seus olhos brilhavam, mesmo em meio à tensão do dia. Ela segurava firme a mão do marido, como se transferisse toda a sua força e certeza para ele.— Vai dar tudo certo — ela sussurrou.Ethan sorriu, apertando a mão da esposa.Mia e Liam chegaram pouc
Uma ala no andar térreo do hospital, foi reservada para a família e os amigos. Havia uma sala de espera ampla, com sofás, cadeiras, uma mesinha de café e algumas poltronas estrategicamente posicionadas.Liam estava lá, em pé, segurando a mão de Mia que se encolhia no canto com os olhos vermelhos.Anthony conversava em voz baixa com o advogado da família, enquanto Kate que chegou de surpresa, observava tudo com preocupação, sem conseguir disfarçar.O clima estava tenso. O silêncio pesava.Até que as portas se abriram bruscamente e uma explosão de cores invadiu o ambiente.— TCHARAMMMM!!! — gritou Kevin, atravessando a sala com uma caixa enorme nos braços, uma bolsa pendurada no ombro e presentes na mão. Todos viraram para ele, atônitos.— Senhoras e senhores, aproximem-se! Apresento-lhes… a cura para a ansiedade! — ele ergueu a caixa com orgulho. — Um bolo de unicórnio com cobertura de chocolate trufado, recheio de brigadeiro arco-íris e glitter comestível!— Kevin… — Mia tentou interr
Samantha Taylor LancasterO relógio na parede marcava 23h27.O ponteiro dos segundos avançava com uma precisão cruel, produzindo um tique-taque ritmado e constante, zombando da minha ansiedade. A cada clique metálico, sentia a pulsação apertar nos meus ouvidos. Mas eu não me importava. Não com o som. Não com o tempo.Meus pensamentos estavam muito longe dali.A sala do meu pequeno apartamento estava mergulhada na penumbra, banhada apenas pela luz fraca do abajur âmbar sobre a mesa lateral. O brilho suave projetava sombras longas nas paredes, contornos que dançavam com o vento que entrava pela janela entreaberta, carregando consigo o cheiro da noite chuvosa.Do sofá, onde eu estava sentada, observava a taça de vinho na minha mão. Meus dedos tamborilavam contra o vidro com impaciência, mas o som abafado não quebrava o silêncio sufocante que me envolvia. O vinho tinto, encorpado, escolhido a dedo, era amargo e forte, como a noite que se desenrolava diante de mim.Eu esperava.Esperava pe
O dia amanheceu coberto por uma névoa espessa, como era comum em Londres, escondendo os contornos da cidade. O céu parecia carregado, ameaçando uma tempestade que teimava em não vir. No hospital, os corredores estavam mais silenciosos do que o habitual e Jacob sentia isso como um mau presságio.Ele estava parado diante da janela do quarto, observando Valentina dormir, com o rosto tranquilo, abraçada ao pelúcia que Kevin havia dado. Já se passaram dois dias depois do transplante e mesmo já em condições de ir para casa, ela se recusava a sair do hospital sem o irmão. Jacob no fundo agradecia, porque também não queria ficar longe dela. Joshua permanecia no apartamento ao lado, ainda estava frágil e precisava ficar isolado até a nova medula ser aceita pelo organismo do menino. Luna permanecia ao seu lado e só saia para tomar banho quando Jacob entrava. Havia paz ali, mas no peito de Jacob, algo se contorcia.Algo estava fora do lugar e o nome disso era Samantha.Desde a cirurgia, ela nã
Os últimos vinte e um dias tinham sido uma verdadeira provação.A espera era angustiante, os cuidados exigiam um rigor extremo e a vida de todos havia girado em torno da recuperação de Joshua.Luna e Jacob revezavam-se dia e noite ao lado do filho, garantindo que ele nunca se sentisse sozinho. Valentina visitava o irmão quase todos os dias, sempre trazendo desenhos, brinquedos e histórias para contar. Seu jeito doce e alegre iluminava o ambiente e Joshua, mesmo ainda debilitado, sorria sempre que a via.Nesse período, o relacionamento entre Luna e Jacob se fortaleceu. A cumplicidade entre eles crescia a cada dia, o respeito, o carinho, transbordavam nos pequenos gestos. Estavam cada vez mais certos de seus sentimentos e determinados a construírem uma vida juntos depois que tudo isso terminasse. Enquanto isso, o desaparecimento de Samantha seguia sem respostas.O advogado de Jacob já havia dado entrada no divórcio litigioso e a audiência estava marcada para o final do mês. Jacob não h
Sophie estava no jardim de sua casa, sentada sob a sombra de uma grande árvore centenária, o vento balançando levemente as folhas sobre sua cabeça, era a natureza lhe oferecendo algum consolo antes da tempestade começar. Usava um robe de seda creme, amarrado com descuido na cintura, os cabelos soltos e nas mãos, uma taça de vinho que girava devagar entre seus dedos.O fim da tarde estava belo demais para combinar com o que se passava dentro dela. O céu, pintado em tons de dourado e rosa, contrastava com a ansiedade que escurecia sua alma. Estava inquieta. Algo no ar parecia errado. Seu corpo, acostumado aos instintos de sobrevivência, já alertava sobre a aproximação de algo… definitivo.Seu celular tocou.O som daquele aparelho rasgou o silêncio como uma faca. O coração de Sophie disparou. O vinho tremeu na taça, respingando em sua coxa nua. Ela não sabia explicar, mas sentiu que aquele toque carregava um aviso sombrio.Pegou o aparelho com os dedos trêmulos.— Alô?— Dr. Victor foi
O hospital parecia calmo à primeira vista. As luzes fluorescentes acesas, o som rotineiro de monitores e conversas abafadas ecoando pelos corredores, os enfermeiros caminhando com suas pranchetas em mãos. Para quem observava de fora, era só mais uma noite comum.Aquela calmaria estava prestes a acabar porque Samantha estava ali. Ela traria o caos. Escondida sob o capuz preto de um casaco que não usava há anos, sentada em um banco de espera no térreo do hospital, misturada entre os visitantes comuns, ninguém a notava. Ninguém desconfiava. Aprendeu a se camuflar, a desaparecer, mesmo estando no centro de tudo.Nos olhos, óculos escuros grandes demais para o horário. No rosto, a expressão vazia de uma mulher que já não pertencia à própria realidade.Enquanto fora ela estava em frangalhos, por dentro sentia… poder. Um poder sombrio e silencioso, queimando em seu peito como brasa viva.Havia passado a noite anterior em claro. Sem comer. Sem dormir. Sem respirar direito.Seu apartamento es
O hospital estava em festa. Após vinte e um dias de angústia e mais sete de observação, Joshua finalmente teria alta. O medo, a incerteza e a dor ficaram para trás, dando lugar ao alívio e à esperança. A sensação de renovação pairava no ar, um novo capítulo se abrindo para todos.Luna caminhava ao lado de Valentina, sorrindo, os dedos entrelaçados com os da filha, enquanto conversavam sobre os planos para a comemoração. Pela primeira vez em muito tempo, ela sentia que estava segura. O sol brilhava no céu aquecendo sua pele e o riso suave de Valentina enchia seu coração de alegria.O que ela não imaginava era que o perigo estava próximo.Samantha observava tudo de dentro do carro. Seus olhos chamuscavam em puro ódio. Ela segurava o volante com tanta força que os nós de seus dedos estavam brancos. Não havia mais lucidez, apenas uma única certeza pulsando em sua mente: vingança.Tudo o que ela fez, o que planejou, não foi por nada. Seu casamento estava destruído, Jacob deu entrada nos p