Verdades são duras, foi o que Evelyne Dixon aprendeu desde que se entende por gente, então ela sempre preferiu mentir. Não importa se ela esconde o fato de que se sente deslocada, ou que odeia ser comparada à sua impecável progenitora, Dionne. Também não importa se ela finge não ligar que sua meia-irmã, Cassidy, combina muito mais com sua mãe, transformando-se na filha perfeita; afinal, se existe uma coisa que Eve mais desejou, além de ser reconhecida pelo amor que tem pela arte, é a aprovação da sua mãe e ex "Abelha-Rainha" do Joe Bixby, o renomado Instituto de música de Trempton City. Padrões de Abelhas-Rainhas são difíceis de alcançar, mas Evelyne vê sua chance mudar quando encontra a oportunidade de ingressar na irmandade mais rigorosa e tradicional do Joe Bixby, as famosas Ravens. Esta seria a chance perfeita para ela, finalmente, se transformar na garota popular que ela sempre achou que deveria ser; no entanto, há um detalhe irritante: Eve não se encaixa em nada nos padrões exigidos pelo grupo, e para provar sua lealdade terá que aceitar um desafio: "dar uma lição" no mais infame bad boy do Joe Bixby, Aaron Ditt, e assim ganhar a confiança delas. Todavia, essa tarefa talvez não seja tão fácil quanto parece. Se as Ravens são as rainhas do Joe Bixby, Aaron Ditt é o rei. Ele também é bonito, talentoso e um verdadeiro mulherengo. A ideia mais prudente seria não se aproximar, caso deseje manter sua paz de espírito intacta, mas tudo foge do controle e quando um encontro desastroso se transforma em uma ligação estranha entre desconhecidos que não se batem, as coisas ficam complicadas. Polos tão opostos não poderiam dar certo, mas conforme ambos vão se conhecendo melhor, uma conexão inesperada vai surgindo.
Ler maisAs Ravens gostavam de afirmar que ele era o pior cara que haviam conhecido na vida. Elas também o chamavam de muitas coisas, como “babaca”, “desalmado” e “quebrador de corações”. Aquelas garotas eram lei no Joe Bixby, e elas certamente conseguiam fazer com que alguns apelidos maldosos pegassem quando queriam, o que não acontecia quando se tratava de Aaron, é claro. Se Kendall Vallen e suas amigas eram as rainhas do Joe Bixby, Aaron Ditt era o rei. Um rei muito bonito e arrogante. Nem estou exagerando. O que faltava em sua personalidade duvidosa, ele compensava em beleza. Quase como se uma estrela do Rock e uma diva dos anos cinquenta houvessem tido um filho. Suas roupas legais, cabelo estiloso e a postura de quem sempre estava um passo à frente dos demais faziam um contraste interessante quando você parava para observar as inúmeras tatuagens e o olhar atento de lobo que ele sempre te dirigia enquanto analisava você. E era exatamente isso o que eu achava interessante nele. Embora seu comportamento o transformasse num clichê ambulante, essa teoria era dissipada quando você descobria que Aaron Ditt tinha um coração do tamanho do Empire State, sua elegância fria era apenas consequências de um passado que ele fazia de tudo para superar, e a personalidade selvagem por baixo de uma casca sóbria era o fantasma de um menino atormentado querendo vir à tona.
Sinceramente, não importava se ele deliberadamente fazia questão de ser uma bagunça realmente chocante, ele sempre seria um mistério que poucas pessoas conseguiriam decifrar.
Ele era o mais bonito caos.
A desordem mais intrigante.
Ganhar seu coração foi como um presente. Do tipo que se recebe em natais ou datas realmente especiais, quando você se senta diante da lareira ansioso por desembrulhar, sentindo-se no melhor lugar do mundo.
Antes de Aaron Ditt, eu imaginei que soubesse o que era amor, corações partidos ou a sensação de beijos empolgantes e cheios de significado.
Eu achava que já tinha visto o suficiente de caras como ele e não precisaria partir meu coração ao cair em sua armadilha.
Eu estava tão enganada.
Não havia outros caras como Aaron Ditt.
Jamais haveria outros caras como Aaron Ditt.
E eu acabei descobrindo isso tarde demais.
EVELYNE— Eu não acho que isso deva ficar aí — eu digo, e Aaron rola os olhos.— Já tentamos todos os lugares nessa sala, amor. Você não quer que o quadro fique em lugar algum.— Então vamos apenas deixá-lo no chão.Ele me puxa para o sofá, o único móvel deste apartamento que conseguimos arrumar sem discutir sobre isso, e se senta, arrastando-me para o seu colo.— Irritante — me provoca, apertando a ponta do meu nariz. — Eu acho que você precisa de um descanso. Para falar a verdade, nós dois precisamos de um descanso. Estamos arrumando essas coisas desde o início da manhã e já passa do meio-dia.— Esse o preço que se paga por me convidar para morar com você.Solto um pequeno gemido ao me recostar contra seu peito. Meus músculos relaxam conforme ele massageia os meus ombros cansados. Realmente, estamos focados nessa mudança há horas, e sequer arrumamos metade da bagunça.Decidimos morar juntos, um mês atrás, quando oficializamos dois anos de namoro. Ainda estou na metade da minha gradu
Eu a puxo para mais perto de mim, colando nossos corpos debaixo da névoa suja do The Purge. Alguma música punk está tocando muito alto, mas nada disso importa, porque eu a tenho em meus braços, e não preciso de mais nada além dela.— Vou sentir sua falta quando você estiver estudando em outro lugar.— São apenas alguns minutos da sua casa. Não seja dramático.— Eu sei, mas você vai ter que me prometer que nos veremos todos os dias. Eu sou um cara apaixonado. Preciso de atenção.Ela rola os olhos.— Você tem sorte de ser tão atraente. Eu posso abrir algumas exceções na minha agenda por você.— Que engraçada. — Roubo um beijo. — Tenho uma surpresa pra você.— Surpresa?— Sim. — Eu seguro em seus ombros, até movê-la em direção ao palco. — Não saia daqui.Ela chama meu nome, mas a ignoro quando me afasto e corro em direção aos fundos do bar. Poucos minutos depois, a música para, e então os holofotes do palco me revelam junto com os Hawks. Evelyne sorri quando me vê aqui em cima.Ela balan
AARONHá uma sensação de nostalgia me seguindo enquanto caminho pelo piso de assoalho do The Purge, um dos pubs mais antigos de Trempton City. Para os poucos moradores desta cidade, este lugar pode ter significados e despertar sensações diversas, mas só há um sentimento se sobressaindo para mim agora: a felicidade diante da perspectiva de um recomeço.Há muitas pessoas amontoadas ao nosso redor. Mesmo com o fim da atração especial, os clientes bêbados não se dispersaram. Os Dimples decidiram dar um show antes da próxima turnê no lugar onde tudo começou. Foi aqui que eles tocaram pela primeira vez. Também era aqui que minha mãe vinha para observá-los tocar no comecinho da carreira. O cheiro de bebida e cigarro já me é familiar. Estive em lugares como esse diversas vezes enquanto crescia. Por mais que James nunca quisesse exatamente que eu me atirasse neste mundo desde pequeno, ele era um pai solteiro em tempo integral. É difícil, às vezes, conciliar carreira e vida pessoal.— Est
AARONNão sei que horas são, mas a julgar pelo barulho em algum lugar da casa, todos já estão acordados. Algo cai à minha direita e eu ouço apenas uma maldição baixa antes de abrir os olhos e observar Evelyne terminar de vestir o seu moletom, os olhos expandidos enquanto me observa, como se tivesse sido pega em flagrante. Aos seus pés, um jarro de decoração estilhaçado.— O que você está fazendo?— Eu... esbarrei na cômoda e o jarro simplesmente caiu — responde. — Vou pedir desculpas ao Trent mais tarde. Não se preocupe.— Não é sobre isso que estou...— E tentar recompensá-lo, é claro. Espero que não seja um jarro muito caro.— Evelyne, nós precisam...— Bom, é isso — ela me corta uma segunda vez. — Estou de saída.Ela simplesmente me dá as costas e sai do quarto, como se estivesse fugindo de uma assombração.— Evelyne! — chamo por ela, mas a tentativa é inútil.Passo as mãos pelos cabelos, me perguntando o que diabos aconteceu para ela sair daqui tão depressa depois de tudo o que fi
Ele suspira e se senta, até estar recostado contra a cabeceira da cama.— Eu também, agora que você me acordou.— Por que você se deitou comigo?— Não é óbvio? Eu estava cuidando de você.Claro. Porque não tinha mais ninguém pra fazer isso. Me sinto incomodada com o fato de que ele está fazendo tudo isso apenas por obrigação.— Você não precisa se preocupar mais comigo.— Quer que eu vá embora?— Não foi o que quis dizer... — digo. — Mas... se você quiser ir, eu...— Quer ver um filme?Meu coração está batendo tão forte. Por que ele está fazendo isso? Por que está se esforçando tanto para ficar perto de mim?Não se iluda, Evelyne, sua estúpida! Meu subconsciente me alerta. Aaron Ditt não quer voltar com você.No entanto, é impossível não ficar mexida. Não me lembro da última vez em que vimos um filme quando estávamos juntos. A gente já chegou a fazer isso?— Que filme você sugere?Ele dá de ombros, pegando o controle ao lado do móvel da minha cama e apontando para a TV acoplada em um
Quando chegamos na cozinha, eu vou direto no freezer, apenas para me certificar de que Aaron estava certo e não temos comida decente, apenas pizza, lasanha e hamburguer. Há também macarrão com queijo, que eu tiro da embalagem, na tentativa de salvar o nosso jantar. Nunca fui muito boa na cozinha, mas gostava de arriscar alguns pratos em casa.— Então... — Aaron diz. — Nós colocamos isso no micro-ondas?— Eu vou fazer um molho e tentar tornar essa coisa um pouco mais comestível. Você me ajuda?— Eu não sei cozinhar muito bem.Rolo os olhos.— Apenas me traga queijo e creme de leite.Ele abre a geladeira e pega os itens que pedi. Durante todo o processo, Aaron fica do meu lado, me observando.— O que há de errado? — indago.— Como assim? — ele parece confuso.— Você está quieto e me observando o tempo todo. É estranho.— Estou apenas aprendendo como fazer um macarrão com queijo congelado.Eu dou risada.— Que engraçado. Por que não aproveita e pega uma aspirina pra mim na minha bolsa? E
Último capítulo