7

Flávia Simões

— Então, lembra do Petrus? — Adonis diz, assim que nos aproximamos da mesa. Olho para o homem dos pés à cabeça. Olhos escuros, petulantes e altivos me encaram, com um conhecido sorriso sacana. Um corpo marrento, sendo oprimido por uma camisa branca, extremamente apertada. O jeans surrado, faz o mesmo com as coxas grossas e com o documento protuberante no meio de suas pernas. Claro que eu me lembro dele!

— Esse é o carinha metido a besta, que andava ao seu lado no colégio? — Solto essa. Ele gargalha alto, mostrando os dentes perfeitos e o pomo de Adão, que dança em sua garganta, em um sobe e desce, enquanto rir do meu comentário.

— E você deve ser a maluquinha da turma — fala com deboche. Rolo os olhos.

— Sabia que iam gostar de se ver! — Adonis diz, achando graça. — Bom, esse não era da turma. Oliver Borbolini, esta é Flávia Simões, uma amiga do colegial. — Ele finalmente nos apresenta. Sorrio lindamente para o par de olhos negros, que me encaram com um brilho que não consigo decifrar.

— Flávia, este é Oliver, o irmão caçula de Petrus. — O carinha me estende sua mão e eu a seguro. O choque eletrizante foi inevitável. Sério, tive que me conter na hora.

— É um prazer, Flávia! — Ele diz com um vozeirão de arrepiar até os cabelos do… e eu? Ah! Eu não deixo por menos, né?

— O prazer é todinho meu! — digo sedutora, sem tirar e nem pôr. Os homens riem.

— Ah! Essa é a Ana, uma amiga de trabalho. — Apresento minha amiga aos meus "amigos" e deixo a noite nos levar.

— Você e o Adonis se conhecem há muito tempo? — Oliver-deus-grego-gostosão pergunta em meio a uma dança agitada, no meio de uma pista lotada de gente. Eu o olho mexer seu corpo bem-vestido em um jeans amarrotado, uma camisa branca e um blazer negro por cima. Abro um sorriso. Sério, Adonis foi bem claro com o "tempo do colegial," mas o bonitinho quer puxar assunto. Ai, ai!

— Desde o colegial.

— Ah! E vocês já…

— O quê? Eu e o Adonis? Ui! Bem que eu queria, mas não. — Uma música lenta começa a tocar e eu fico meio sem jeito. Parece que o Oliver também não sabe o que fazer. Observo o Petrus pegar a Ana de jeito e o Adonis voltar para o balcão. Penso em sair e ir ao encontro do meu amigo, mas logo sinto a pegada firme — digo, na proporção certa — do Oliver segurando o meu braço.

— Quer dançar? — pergunta. Demorou! Penso animada.

— Claro.

Sabe a eletricidade estática, aquela que te deixa de cabelos em pé? É exatamente assim que estou agora. As mãos grandes e firmes do Oliver estão apertando a minha cintura. Nada de tímido e nem receoso, ele tomou posse mesmo. Já eu, não fico por menos. Estou agarrada aos ombros largos, enquanto o seu corpo começa a se mexer com o meu. Mas, o perfume… Papai do céu! Por que você faz essas coisas malvadas comigo? O perfume, esse sim, está me deixando eriçada, zonza. É um cheiro refrescante, amadeirado e forte em simultâneo. Na segunda música, a ousadia do Deus-grego só aumenta. Sua boca roça levemente o meu pescoço e esse beijo faz uma trilha pequena, com destino ao meu maxilar, parando bem no cantinho da minha boca. Ele para e me olha nos olhos. Chego a rir por dentro.  Dessa vez eu não sou a caçadora, sou o alimento da caça. Penso mais animada.

— Sei que devia ir direto ao ponto, Flávia, mas eu preciso saber: posso te beijar? — pergunta com educação. Vai fundo gostosão, mete essa língua deliciosa na minha boca, que quero sentir como é o sabor de um Deus-grego! Era o que eu queria dizer.

— Claro — É tudo o que consigo falar. Nem tenho certeza se ele ouviu, por conta da música alta, mas ele inclina a cabeça em minha direção e pronto. O mundo se acabou. O beijo começa lento e calmo, posso dizer até preguiçoso, e vai ganhando uma margem deliciosamente faminta. Suas mãos que apertam ainda mais a minha cintura, descem de uma forma considerável e segura firme a minha bunda, por cima do jeans grosso e ainda assim, é possível sentir o seu calor. Enlaço seu pescoço e não sei se é possível, mas, aprofundo ainda mais o nosso beijo. Abaixo da música alta, solto alguns gemidos em sua boca. Eu não ouvi, mas sentir um grunhido alto, reverberar dentro da minha boca. Isso soa tão pervertido! O beijo para abruptamente, e eu encaro um Oliver assanhado e ofegante, de um olhar luxurioso e penetrante.

— Quer sair daqui? — O convite é claro. 

E eu quero? 

Pode ter certeza que sim! Sem tirar os meus olhos dos seus e sem a menor condição de falar qualquer coisa, faço um sim, com a cabeça — Sim, porque se eu falar, vou gritar e pular bem alto feito uma louca “ESTOU NO OLIMPO PORRAAAA!”  

O carinha sorri, e a porra desse sorriso quase me enfarta. Ele segura a minha mão e nós saímos dali o mais rápido possível.

***

— Assim, assim… oh, Deus… que delícia! — gemo descaradamente, de quatro em cima da cama para esse homem. A coitada da cama judiada, reclama fazendo alguns rangidos, por conta dos balanços violentos de vai e vem da nossa farra. Oliver segura firme os meus cabelos e manda ver, metendo com mais força dentro de mim. Começo a sentir um calor, uma demência, um conhecido formigamento e já sinto o orgasmo me arrastando para a beira do abismo.

— Não, não, não, não, não… — resmungo baixinho.

— Não? — Oliver para de se mexer.

— Não é com você. Vai, vai, vai, vai… — retruco.

— Ah, tá! — Ele diz e volta a se mexer com maestria. Está terminando. Não quero que acabe. Oh Deus, que trem bom! Ele larga os meus cabelos, segura firme os meus quadris e com duas arremetidas fortes e seguras, eu grito palavras inteligíveis e gozo gostoso. Oliver puxa o meu corpo suado, colando-o ao seu. Um braço me segura firme, me mantendo colada ao seu corpo e a outra mão puxa o meu rosto para o lado. Ele toma a minha boca, metendo ainda mais forte e me faz engolir seus grunhidos altos e fortes, gozando forte dentro de mim em seguida. O beijo para e eu fico mole e presa a esse homem. Minutos depois, ele deita a cabeça sobre o meu ombro e deixa alguns beijinhos ali. Agora eu só consigo ouvir os sons das nossas respirações.

— Minha nossa! — diz finalmente me soltando. Eu finalmente caio no colchão. Um colchão macio, fofinho, gostosinho. Sono, preciso dormir, estou acabadinha da Silva. Três. Três trepadas das boas, cada minuto delas. Não tenho o que reclamar, o homem realmente me levou a exaustão. Oh Deus, preciso dormir! Preciso renovar as minhas forças. Se quer tenho coragem de abrir os meus olhos. Ainda o sinto se mexer na cama, talvez se livrando da camisinha. Para a minha felicidade e para o bem da minha sanidade mental, Oliver me puxa para perto de si, em uma posição de conchinha e com um leve fungado no meu pescoço, sinto que a tempestade já passou, é hora da bonança.

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