No escritório, Adam falava ao telefone com uma voz doce:
— Não se preocupe meu amor, isso não muda nada, Diana não significa nada para mim. É você quem eu amo e agora que vamos ter o nosso bebê, seremos uma família. — Espera mais um pouco e estaremos juntos para sempre. — Eu sei que tivemos que nos esconder esses cinco anos e não pude ficar com você todas as noites, se não Diana descobriria, e você sabe que eu não podia me divorciar antes, os pais dela colocaram uma clausura no testamento, só poderíamos receber a herança depois de cinco anos de casados. Acho que eles suspeitaram de mim, por isso essa bobagem. Mas agora, finalmente estarei livre. Aquelas palavras caíram como chumbo no coração de Diana. — Como pude ser tão burra! Todo esse tempo ele só estava comigo por interesse?! — Como pude não ver o canalha que ele é! Ainda se afastando do escritório com os olhos embaçados pelas lágrimas, Diana ouvia gemidos, muitos gemidos. E isso a fez chorar ainda mais. Ela entrou no quarto, fechou a porta atrás de si e desabou no chão, as lágrimas insistindo em descer feito cachoeira. — Era tudo mentira… e agora bebê o que vou fazer com você?! Falava chorando aos soluços. — Não tenho ninguém, meus pais morreram, eu estou sozinha. Ela ficou ali no chão, por muito tempo sem saber o que fazer, seus pensamentos muito confusos, muitas emoções, e a dor que pulsava em seu peito. A vida perfeita que ela pensou, não existia, na verdade nunca existiu. Ele nunca a amou. De repente ouve passos vindos em direção ao quarto, ela levanta rápido, enxuga as lágrimas e se deita, finge está dormindo. Adam entra, sem suspeitar que ela ouviu tudo mexe em sua maleta e Diana sente uma leve picada no braço, mas não se mexe, finge ainda dormir. Depois disso, tudo vai se apagando e ela dorme. No outro dia, quando acorda, Adam já não está mais na cama, ela toma um banho e vai se arrumar para o trabalho ainda confusa, com o que aconteceu na noite passada. Quando sai do quarto, Adam a surpreende com flores e um café da manhã feito especialmente para ela. Diana olha sem entender o que estava acontecendo. Mas recebe as flores e se senta atordoada. Adam fala animado: — Meu amor, você me deu a melhor notícia! Nós vamos ter um bebê, sei que será lindo como você. — E para comemorarmos vamos viajar, tirar uns dias de férias, naquele chalé nas montanhas, você queria tanto ir lá, lembra? Afinal, você ama a natureza e vamos poder aproveitar para ficarmos juntinhos. — Não se preocupe, já liguei para o seu escritório e falei com a Jenny, ela foi muito gentil e concordou que você merece umas férias. — Já avisei no hospital também! Está tudo pronto! Só falta você fazer sua mala e partiremos em quinze minutos. Diana ouvia tudo aturdida. — O que estava acontecendo?! Pensava ela. — e todas as coisas que ouvi ontem? Será que tudo não passou de um pesadelo?! Ela já não sabia o que pensar, mas comeu um pouco, e foi arrumar as malas. — É, deve ter sido um pesadelo mesmo! Adam está super empolgado e não para de falar no bebê, ele até ficou acariciando minha barriga, mesmo que ainda esteja plana. Como se já fosse grandinha. Perdida em pensamentos, Adam a chama e avisa que a espera para partirem. Ela entra no carro e seguem viagem para as montanhas, são duas horas para chegar lá, no meio do caminho Adam fala que precisam abastecer e para aproveitarem para tirarem fotos, as paisagens são deslumbrantes. Diana concorda pois, precisa ir ao banheiro, coisas de grávida, ela pensa e ri, acariciando seu ventre. Ao chegar no posto, Diana já corre para o banheiro enquanto Adam abastece o carro. Ao voltar do banheiro, ela ouve Adam falando ao telefone: — Não se preocupe, eu sei o que devo fazer, será hoje. Vai ser uma grande surpresa! Diana não suspeita de nada. Falava ele com uma voz fria. Ouvindo isso, Diana sente um frio na espinha, mas ignora, quando se aproxima ao ponto de Adam lhe ver e lançar um sorriso lindo para ela. — Meu amor, está tudo bem? Você não está muito enjoada não é? Qualquer coisa tenho remédio para enjoo, quero você é o nosso bebê bem, para aproveitarem esse dias incríveis. — Vamos entra e comprei esse suco para você, bebe tudo, precisa estar bem hidratada. Diana era um misto de sentimentos, que ela não conseguia compreender. — Afinal o que estava acontecendo? — Será que estou muito cansada e imaginando coisas? Foram muitos dias de estresses, (Jenny sua chefe) não dava trégua para que o contrato da fusão fosse fechado de uma vez. Então Diana se obrigava junto com Marissa a ficar até tarde no escritório. Porém, Jenny assim que recebia a ligação do marido, largava tudo e ia embora. — Jenny ama muito esse marido não é Diana?! Falava Marissa. Porém nunca ninguém o viu ou sabia seu nome. Diana porém nunca ligou, afinal, cada um tem sua vida particular. As duas já foram amigas na faculdade, cursavam juntas o curso de direito, dividiam o dormitório, eram inseparáveis, mas depois de namorar e casar com Adam, Jenny se afastou, Diana ainda tentou conversar mas Jenny não quis. Diana pensou que ela e Adam não se dava bem, por isso deixou pra lá e seguiu com a vida. Quando foi trabalhar na Furgusson Advocacia Diana teve uma surpresa ao encontra lá. Mas Jenny fingiu que nunca haviam se visto antes, então, Diana fez o mesmo. Adam estala os dedos e Diana volta dos pensamentos conflitantes e os afasta, pega o copo de suco das mãos do marido e o bebe. Ela chama Adam pra tirar umas fotos. Os dois estão perfeitos. Logo a viagem é retomada e Diana sente os olhos pesados, está com muito sono, ela atribui ao cansaço, foram várias noites mal dormidas, os estresses e a gravidez, tudo tem sido demais para ela e acaba adormecendo. Quando Diana acorda, percebe que já está no chalé, Adam não está com ela. Aquele frio na espinha volta, ela sabe que há alguma coisa errada, tenta se levantar, mas suas pernas estão fracas, não querem obedecer, a cabeça parece girar de tontura, além das dores agudas na barriga, há sangue. Há muito sangue. — O que aconteceu aqui?