Louis Davenport.— Senhoritas — disse ele com um sorriso polido, curvando a cabeça num cumprimento —, se me permitem, gostaria de roubar alguns minutos da companhia da bela dama de verde.Todas riram, achando graça, empurrando gentilmente Celina para frente.O coração dela pulou dentro do peito.Ela não queria.Tudo nela dizia para permanecer ali, onde Thor podia vê-la.Onde Thor podia protegê-la.Mas recusá-lo seria causar uma cena.E naquele salão... cenas eram mortais.Celina se levantou, o sorriso perfeito nos lábios, e aceitou o braço que Louis ofereceu.Thor viu tudo.De onde estava, viu Louis se aproximar.Viu Celina se levantar.Viu a mão de Louis tocando, mesmo que de leve, seu braço.O sangue ferveu em suas veias.Disfarçando com maestria, Thor terminou sua frase para o magnata ao lado e, de maneira natural, reposicionou-se, colocando-se de frente para onde Celina e Louis agora conversavam.Não tirava os olhos dela.Celina sentia o peso do olhar de Thor como uma corrente inv
Foi então que Verônica surgiu deslumbrante.— Thor, querido! — ela exclamou, envolvendo-o em um abraço exagerado.Thor correspondeu com um toque mecânico, frio.Verônica virou-se então para Celina com sorriso nos lábios.— Celina, você está linda! Celina apenas inclinou a cabeça, sem esconder o desprezo que sentia.Verônica ajeitou a bolsa no ombro e disse com uma voz doce:— Ah, está na hora da entrevista, vim te buscar!Antes de sair, como se tivesse se lembrado de algo muito importante, Verônica riu e estendeu a mão para Thor, segurando algo entre os dedos.— Já ia esquecendo, Thor... — disse, entregando-lhe uma caneta elegante. — Você esqueceu isso comigo hoje à tarde.O sangue fugiu do rosto de Celina.Seu estômago se revirou.Era como se um punhal tivesse perfurado seu peito.A lembrança do batom vermelho na camisa de Thor invadiu sua mente com uma força brutal.Verônica.Era Verônica.O mundo pareceu girar ao redor dela.Thor pegou a caneta automaticamente, mas percebeu a muda
Thor levou Celina para uma sala mais reservada, onde ninguém poderia interrompê-los.. Sem soltar sua mão, fechou a porta atrás de si e, num gesto carinhoso, beijou-lhe a testa.Celina manteve a cabeça baixa, retraída, tentando esconder o turbilhão que se agitava dentro dela.— O que está acontecendo Celina? — Thor perguntou, a voz baixa, firme, porém cheia de preocupação.— Nada — ela respondeu rápido demais, forçando um sorriso. — Estou apenas cansada. Vamos voltar para o hotel.Thor cruzou os braços, fitando-a com intensidade.— Enquanto você não me disser o que está acontecendo, nós não vamos sai daqui.— Thor... — Celina suspirou, dando alguns passos em direção à porta. Ela a abriu, determinada a sair.Mas ele foi mais rápido. Em poucos passos, chegou atrás dela colocando a mão por cima dos ombros dela e assim, fechando a porta com força encostando seu corpo ao dela. Sua voz grave soou bem no ouvido dela:— Você não vai sair daqui, Celina.Um arrepio percorreu a espinha dela. Seus
Thor afastou uma mecha de cabelo do rosto dela, com delicadeza, colocando-a atrás da orelha. Sem aviso, segurou o cabelo dela por trás e tomou seus lábios num beijo intenso, profundo, cheio de urgência e desejo contido.Um beijo que arrastou Celina para um mundo paralelo. Um beijo que desmontou qualquer resistência.Ela se derreteu nos braços dele, incapaz de resistir. Cada toque dele incendiava sua pele, cada suspiro era um convite para se perder.Ele parou, ainda colado nela, e puxando seu cabelo com mais possessividade, sussurrou com a voz rouca:— Ainda acha que estou te traindo?Celina não conseguiu responder. Sentia o "amigão" dele pulsando contra suas pernas, ganhando vida com a proximidade. Antes que ela pudesse recobrar o fôlego, Thor a beijou novamente — agora com ainda mais fome, mais desejo, mais necessidade. Um beijo que a desmontou inteira. E ali, naquela sala trancada, o mundo deixou de existir.Thor a carregou no colo com facilidade, como se ela fosse a coisa mais pre
Ele enxugou uma lágrima antes mesmo que ela escorresse. E disse:— Eu amo os significados. Eles falam sobre o que eu quero construir com você. Uma vida. Uma família. Um futuro.— Só um nome de menino? — ela perguntou, tentando rir entre a emoção.Thor sorriu. — Porque só preciso de um pra assumir meu lugar, o império que estou construindo... — fez uma pausa e apertou de leve sua cintura — …mas quero duas meninas pra ser o pai mais babão do planeta. Vou ser insuportável de tanto mimar essas duas e muito protetor também. Celina riu entre as lágrimas. — E se uma delas quiser assumir o império? — ela provocou.— Então ela vai ser linda como a mãe... e com a personalidade igual à minha. — Ele riu, malicioso. — E aí, você tá ferrada, Celina.Ela riu mais alto e balançou a cabeça. — Totalmente ferrada. Duas versões suas pra lidar? Deus me ajude!Ele beijou a cabeça dela, fazendo carinho no braço enquanto o riso dele também se dissolvia em ternura.— Mas você vai dar conta. Os dois se pe
O silêncio cortante da manhã foi o primeiro golpe que atingiu Celina ao despertar. Não era apenas a ausência de som — era a ausência dele. De novo. O lençol de cetim, frio e intacto ao seu lado, gritava uma verdade que ela já não conseguia mais ignorar: César não havia voltado para casa. E aquilo se repetia há meses. Com os olhos ainda grudados pela noite mal dormida, ela permaneceu imóvel, encarando o teto branco do quarto gigantesco que mais parecia um palco abandonado. A mansão, imponente por fora, era agora uma prisão dourada por dentro. O luxo dos móveis, as obras de arte nas paredes, os arranjos de flores perfeitamente trocados pelas mãos das funcionárias... tudo era supérfluo diante do vazio que consumia seu peito. Ela se sentou devagar, com um nó apertando a garganta. Os pés descalços tocaram o chão gelado. O eco dos seus próprios passos, enquanto caminhava até o closet, parecia zombar da solidão que a rodeava. Parou diante do enorme espelho e se encarou. O reflexo a fez pre
Celina viu aquele abdômen definido e musculoso reluzindo com os respingos d’água. Ela não conseguiu evitar o olhar. Ele era bonito. Bonito demais para a situação em que estava. E aquilo... aquilo era estranho. Ela se levantou, ainda atordoada, e notou o ombro dele avermelhado. Deu um passo em sua direção, preocupada, mas tropeçou no pé de uma mesinha antiga no quarto. Antes que pudesse cair, ele a segurou com firmeza. Os olhos escuros dele a observaram com atenção, estudando cada detalhe do seu rosto. Celina o encarou por alguns segundos. Havia algo naquele homem que a intrigava. Um magnetismo silencioso e perigoso. Talvez fosse a bebida. Talvez o desespero. Então, ele a beijou. Um beijo possessivo, intenso, como se quisesse devorá-la por inteiro. O clima entre os dois esquentou, e Celina correspondeu. Queria aquele momento tanto quanto ele. Ela interrompeu o beijo, ofegante. — Isso não pode acontecer... é loucura. Eu nem sei quem você é. Nem o seu nome... — Também não
Celina estacionou o carro na garagem da mansão e ficou ali por alguns instantes, respirando fundo. As mãos ainda tremiam no volante, e sua mente estava um turbilhão. A noite anterior parecia um borrão, um sonho — ou talvez um pesadelo. Desceu do carro com passos incertos e entrou na casa em silêncio. A mansão estava mergulhada na escuridão, apenas algumas luzes de presença iluminavam discretamente o caminho até o quarto. Subiu as escadas devagar, o coração acelerado. A cabeça martelava, reflexo da bebida e da madrugada intensa que tivera. Quando empurrou a porta do quarto e entrou, encontrou tudo escuro. Suspirou aliviada, pensando que poderia deitar e tentar esquecer tudo. Mas então, um clique suave ecoou no ambiente. A luz do abajur ao lado da poltrona foi acesa, e Celina conteve um grito ao ver a silhueta de César sentado ali, à sua espera. Os olhos dele estavam sombrios, o rosto rígido, uma expressão de puro ódio. — Onde você passou a noite? — a voz dele cortou o silêncio co