Na suíte, Celina, ainda adormecida pelo choro, foi despertada pelo toque insistente do celular. Meio tonta, olhou para o visor: Thor. Atendeu rapidamente. — Amor, estou em uma reunião que acabou se estendendo um pouco. Vou chegar quase na hora de sairmos para o jantar — explicou ele apressado. Ao fundo, uma voz feminina chamava por ele. — Thor, venha aqui, querido! Antes que Celina pudesse dizer qualquer coisa, Thor disse: — Preciso desligar, amor. A linha ficou muda. Celina ficou ali, olhando para a tela do celular, ouvindo em sua memória, o tom íntimo com que aquela mulher o chamava. O estômago revirou, a cabeça girou. A angústia tomou conta. Sem pensar, ela correu para o banheiro do quarto e vomitou violentamente. O corpo todo tremia, o suor frio escorria por todo seu corpo. Sentada no chão, abraçando as próprias pernas, Celina tentava, em vão, recuperar o controle sobre si mesma. Mas o coração parecia ter sido arrancado do peito. Depois de um longo tempo, ela levantou
Thor chamou por Celina, mas não a encontrou na sala de jantar, nem na cozinha.— Celina? — chamou outra vez, estranhando o silêncio.Quando estava prestes a subir as escadas para procurá-la, ela apareceu no topo da escada.Thor parou. O fôlego, literalmente, lhe faltou.Celina descia os degraus com uma graciosidade hipnotizante.O vestido verde esmeralda realçava suas curvas de maneira elegante e sutil, o tecido fluindo como água a cada movimento.O coque solto deixava fios dourados emoldurando seu rosto, e a maquiagem suave destacava ainda mais os seus olhos verdes, intensos como um campo iluminado pelo sol.Ela era a visão mais linda que Thor já tinha visto.Sem conseguir se conter, ele estendeu a mão para ela.— Você está... maravilhosa — disse, a voz rouca de admiração.Celina, com uma expressão serena e controlada, aceitou a mão dele e respondeu com um simples:— Obrigada.Sem emoção. Sem brilho.Thor sentiu a frieza, mas ignorou, determinado a fazer daquela noite algo especial.
O mar se estendia no horizonte escuro, salpicado de luzes distantes.E pela primeira vez em muito tempo, Celina se sentiu como o próprio mar:imenso por fora, mas em tempestade silenciosa por dentro.O carro, agora, se aproximava do luxuoso hotel onde seria o jantar.As luzes douradas refletiam na lataria, as pessoas elegantes já chegavam em trajes de gala.Celina respirou fundo e soltou a pedra da gargantilha.Forçou-se a lembrar: Ela era forte.Independente.Não seria mais derrubada sem lutar.Quando Thor estacionou e se virou para ela sorrindo, Celina colocou o sorriso mais perfeito que tinha.Era hora de vestir a máscara.Era hora de encenar, mais uma vez, a mulher perfeita ao lado do homem perfeito.Mas, lá dentro...lá dentro, sua alma já começava a sangrar.Thor desceu do carro primeiro. Ajustou o paletó impecavelmente alinhado ao corpo atlético e contornou o veículo para abrir a porta para Celina.Ela deslizou para fora do carro como uma deusa caída do céu — o vestido verde es
Louis Davenport.— Senhoritas — disse ele com um sorriso polido, curvando a cabeça num cumprimento —, se me permitem, gostaria de roubar alguns minutos da companhia da bela dama de verde.Todas riram, achando graça, empurrando gentilmente Celina para frente.O coração dela pulou dentro do peito.Ela não queria.Tudo nela dizia para permanecer ali, onde Thor podia vê-la.Onde Thor podia protegê-la.Mas recusá-lo seria causar uma cena.E naquele salão... cenas eram mortais.Celina se levantou, o sorriso perfeito nos lábios, e aceitou o braço que Louis ofereceu.Thor viu tudo.De onde estava, viu Louis se aproximar.Viu Celina se levantar.Viu a mão de Louis tocando, mesmo que de leve, seu braço.O sangue ferveu em suas veias.Disfarçando com maestria, Thor terminou sua frase para o magnata ao lado e, de maneira natural, reposicionou-se, colocando-se de frente para onde Celina e Louis agora conversavam.Não tirava os olhos dela.Celina sentia o peso do olhar de Thor como uma corrente inv
Foi então que Verônica surgiu deslumbrante.— Thor, querido! — ela exclamou, envolvendo-o em um abraço exagerado.Thor correspondeu com um toque mecânico, frio.Verônica virou-se então para Celina com sorriso nos lábios.— Celina, você está linda! Celina apenas inclinou a cabeça, sem esconder o desprezo que sentia.Verônica ajeitou a bolsa no ombro e disse com uma voz doce:— Ah, está na hora da entrevista, vim te buscar!Antes de sair, como se tivesse se lembrado de algo muito importante, Verônica riu e estendeu a mão para Thor, segurando algo entre os dedos.— Já ia esquecendo, Thor... — disse, entregando-lhe uma caneta elegante. — Você esqueceu isso comigo hoje à tarde.O sangue fugiu do rosto de Celina.Seu estômago se revirou.Era como se um punhal tivesse perfurado seu peito.A lembrança do batom vermelho na camisa de Thor invadiu sua mente com uma força brutal.Verônica.Era Verônica.O mundo pareceu girar ao redor dela.Thor pegou a caneta automaticamente, mas percebeu a muda
Thor levou Celina para uma sala mais reservada, onde ninguém poderia interrompê-los.. Sem soltar sua mão, fechou a porta atrás de si e, num gesto carinhoso, beijou-lhe a testa.Celina manteve a cabeça baixa, retraída, tentando esconder o turbilhão que se agitava dentro dela.— O que está acontecendo Celina? — Thor perguntou, a voz baixa, firme, porém cheia de preocupação.— Nada — ela respondeu rápido demais, forçando um sorriso. — Estou apenas cansada. Vamos voltar para o hotel.Thor cruzou os braços, fitando-a com intensidade.— Enquanto você não me disser o que está acontecendo, nós não vamos sai daqui.— Thor... — Celina suspirou, dando alguns passos em direção à porta. Ela a abriu, determinada a sair.Mas ele foi mais rápido. Em poucos passos, chegou atrás dela colocando a mão por cima dos ombros dela e assim, fechando a porta com força encostando seu corpo ao dela. Sua voz grave soou bem no ouvido dela:— Você não vai sair daqui, Celina.Um arrepio percorreu a espinha dela. Seus
Thor afastou uma mecha de cabelo do rosto dela, com delicadeza, colocando-a atrás da orelha. Sem aviso, segurou o cabelo dela por trás e tomou seus lábios num beijo intenso, profundo, cheio de urgência e desejo contido.Um beijo que arrastou Celina para um mundo paralelo. Um beijo que desmontou qualquer resistência.Ela se derreteu nos braços dele, incapaz de resistir. Cada toque dele incendiava sua pele, cada suspiro era um convite para se perder.Ele parou, ainda colado nela, e puxando seu cabelo com mais possessividade, sussurrou com a voz rouca:— Ainda acha que estou te traindo?Celina não conseguiu responder. Sentia o "amigão" dele pulsando contra suas pernas, ganhando vida com a proximidade. Antes que ela pudesse recobrar o fôlego, Thor a beijou novamente — agora com ainda mais fome, mais desejo, mais necessidade. Um beijo que a desmontou inteira. E ali, naquela sala trancada, o mundo deixou de existir.Thor a carregou no colo com facilidade, como se ela fosse a coisa mais pre
Ele enxugou uma lágrima antes mesmo que ela escorresse. E disse:— Eu amo os significados. Eles falam sobre o que eu quero construir com você. Uma vida. Uma família. Um futuro.— Só um nome de menino? — ela perguntou, tentando rir entre a emoção.Thor sorriu. — Porque só preciso de um pra assumir meu lugar, o império que estou construindo... — fez uma pausa e apertou de leve sua cintura — …mas quero duas meninas pra ser o pai mais babão do planeta. Vou ser insuportável de tanto mimar essas duas e muito protetor também. Celina riu entre as lágrimas. — E se uma delas quiser assumir o império? — ela provocou.— Então ela vai ser linda como a mãe... e com a personalidade igual à minha. — Ele riu, malicioso. — E aí, você tá ferrada, Celina.Ela riu mais alto e balançou a cabeça. — Totalmente ferrada. Duas versões suas pra lidar? Deus me ajude!Ele beijou a cabeça dela, fazendo carinho no braço enquanto o riso dele também se dissolvia em ternura.— Mas você vai dar conta. Os dois se pe