Depois daquele momento de entrega entre os dois na jacuzzi, Thor foi até a sala para receber o serviço de quarto com o jantar. A mesa estava posta com capricho. Velas acesas, uma garrafa de vinho tinto aberta, pratos cuidadosamente arrumados. A comida exalava um aroma delicioso, mas era o clima entre eles que realmente aquecia o ambiente. Celina apareceu com os cabelos ainda úmidos, presa no robe branco que envolvia seu corpo com leveza. Thor já estava sentado, também de robe, e sorriu ao vê-la entrar. — Vem, senta aqui comigo. Ela se aproximou, e ele puxou a cadeira para ela com um carinho quase tímido. Assim que ela se acomodou, ele pegou sua mão sobre a mesa e beijou devagar o dorso dela. — Você tá linda — murmurou, olhando nos olhos dela. Celina apenas sorriu de leve, desviando o olhar com certa timidez. Thor se serviu de um pouco de vinho e fez o mesmo para ela, mantendo sua mão entrelaçada à dela o tempo todo. Eles comeram devagar, sem pressa, saboreando o momento de
A madrugada estava silenciosa, envolta apenas pelo som sutil do ar-condicionado e da respiração compassada de Thor. Celina, aninhada em seus braços, sentia o calor do corpo dele aquecê-la como um cobertor. Dormiam de conchinha, e ela se sentia protegida ali, encaixada perfeitamente em seus braços. Mas algo inesperado começou a incomodá-la. Um desejo incontrolável, insistente, fez seus olhos se abrirem de repente. “Preciso de algo doce.” O pensamento veio como uma urgência. Com cuidado, ela tirou as mãos de Thor da cintura, movendo-se com delicadeza para não despertá-lo. Ele resmungou baixinho, mas não acordou. Celina se levantou, calçando os chinelos e pegando o celular da mesinha de cabeceira: 03:00 da madrugada. Ela caminhou até a pequena cozinha da suite. Abriu os armários um por um, mas nada ali parecia atrativo. Foi até a geladeira e, ao abrir a porta, seus olhos brilharam: duas embalagens com fatias de bolo red velvet, perfeitamente embaladas. Ela sorriu como uma criança que
Quando Celina sentiu-se preparada para encarar Thor de frente, ela girou a maçaneta e abriu a porta devagar. Ele estava parado no mesmo lugar, de braços cruzados, olhando diretamente para ela com um olhar indecifrável. Um misto de preocupação, desconfiança e carinho. — Tá tudo bem? — Thor perguntou com a voz baixa, porém firme. — Sim... — Celina forçou um sorriso e saiu do banheiro. — Eu tenho alergia alimentar... e ainda assim insisto em comer o que não posso. Amo aquele bolo, mas comi rápido demais, no meio da madrugada... acabou não caindo bem. — Ela falava rápido, tensa, mexendo nas mãos, evitando encará-lo. Thor continuou parado, os olhos cravados nela. — Tem certeza que é só isso? — questionou, dando um passo à frente. Celina assentiu rapidamente, desviando o olhar. — Tenho sim. Além da alergia, tenho gastrite também... acho que a combinação não ajudou. Ele ficou em silêncio por alguns segundos, observando cada gesto dela, cada desvio de olhar. Mas decidiu respeitar o tem
Ela abriu os olhos devagar, sentindo o corpo pesado, os olhos um pouco inchados. A primeira coisa que viu foi o espaço vazio na cama. Depois, ouviu o som da água correndo no banheiro. Por instinto, pensou em levantar, ir até lá e entrar no banho com ele. Sentir a água quente sobre os dois, os corpos se encontrando de novo. Mas a lembrança da madrugada... da dor, da fragilidade que expôs sem querer... aquilo ainda estava nela. Não conseguia fingir que nada havia acontecido. Não dava para simplesmente ignorar o que sentiu. O medo ainda estava ali. Então desistiu. Continuou deitada por alguns minutos, até ouvir o som da água cessando. Thor saiu do banheiro envolto em uma toalha, os cabelos ainda pingando. Ao vê-la acordada, parou por um instante na porta. Os olhares se encontraram. Celina puxou o lençol até o peito, meio sem jeito, mas tentou sorrir. — Bom dia... — Bom dia — ele respondeu, com um tom calmo, mas um olhar mergulhado em pensamentos que ela não conseguia decifra
Thor olhou a tela e bufou, impaciente. Atendeu. — Oi. A voz do outro lado era doce, mas carregada de um tom forçado de carinho. — Amor... você não me liga mais. Não quer saber como estou? Thor franziu o cenho, revirou os olhos e respondeu, seco: — Isabela, agora? — Poxa, amor... — insistiu ela. — Sinto sua falta. Estou com saudade... Thor fechou os olhos com força, tentando manter a calma. — Estou muito ocupado. Conversamos depois. — Precisamos conversar. — ela insistiu, a voz mais baixa, quase melosa. — Assim que eu voltar, te procuro. — E sem dar espaço para mais nada, desligou. Assim que Thor desligou a ligação abruptamente, Isabela ficou olhando para o celular em sua mão, os olhos brilhando de raiva. — Maldito... — sussurrou entre dentes, apertando o aparelho com força. Ela jogou o telefone em cima da cama com violência e começou a andar de um lado para o outro, furiosa. — Tem alguma coisa errada... — murmurou para si mesma. — Ele nunca foi de me tratar
A manhã passou com Thor mergulhado em papéis e assinaturas, enquanto Celina organizava os documentos com uma eficiência quase fria. Por dentro, ainda processava o que sentira ao ver Verônica. Eles saíram da empresa um pouco depois do horário de almoço e pararam em um restaurante próximo ao hotel. O almoço foi tranquilo, mas Celina manteve-se calada, introspectiva. No caminho de volta, Thor percebeu o silêncio. — Amor, está tudo bem? — Está sim — respondeu ela com um sorriso leve, olhando pela janela. Ele pegou uma de suas mãos e a beijou, tentando trazer de volta o calor de antes. Quando chegaram ao hotel, ele encostou o carro em frente à entrada. — Pode subir. Eu preciso resolver umas coisas rápidas, e já volto — disse, inclinando-se para lhe dar um beijo. Celina saiu do carro, observando-o se afastar. Algo dentro dela estava despertando. E não era mais apenas tristeza. Era desconfiança. Celina entrou na suíte do hotel, sentindo o peso do mundo em seus ombros. Ela
Na suíte, Celina, ainda adormecida pelo choro, foi despertada pelo toque insistente do celular. Meio tonta, olhou para o visor: Thor. Atendeu rapidamente. — Amor, estou em uma reunião que acabou se estendendo um pouco. Vou chegar quase na hora de sairmos para o jantar — explicou ele apressado. Ao fundo, uma voz feminina chamava por ele. — Thor, venha aqui, querido! Antes que Celina pudesse dizer qualquer coisa, Thor disse: — Preciso desligar, amor. A linha ficou muda. Celina ficou ali, olhando para a tela do celular, ouvindo em sua memória, o tom íntimo com que aquela mulher o chamava. O estômago revirou, a cabeça girou. A angústia tomou conta. Sem pensar, ela correu para o banheiro do quarto e vomitou violentamente. O corpo todo tremia, o suor frio escorria por todo seu corpo. Sentada no chão, abraçando as próprias pernas, Celina tentava, em vão, recuperar o controle sobre si mesma. Mas o coração parecia ter sido arrancado do peito. Depois de um longo tempo, ela levantou
Thor chamou por Celina, mas não a encontrou na sala de jantar, nem na cozinha.— Celina? — chamou outra vez, estranhando o silêncio.Quando estava prestes a subir as escadas para procurá-la, ela apareceu no topo da escada.Thor parou. O fôlego, literalmente, lhe faltou.Celina descia os degraus com uma graciosidade hipnotizante.O vestido verde esmeralda realçava suas curvas de maneira elegante e sutil, o tecido fluindo como água a cada movimento.O coque solto deixava fios dourados emoldurando seu rosto, e a maquiagem suave destacava ainda mais os seus olhos verdes, intensos como um campo iluminado pelo sol.Ela era a visão mais linda que Thor já tinha visto.Sem conseguir se conter, ele estendeu a mão para ela.— Você está... maravilhosa — disse, a voz rouca de admiração.Celina, com uma expressão serena e controlada, aceitou a mão dele e respondeu com um simples:— Obrigada.Sem emoção. Sem brilho.Thor sentiu a frieza, mas ignorou, determinado a fazer daquela noite algo especial.