Everton Narrando
O celular não saía da minha mão. Eu já tinha ligado pra Priscila umas vinte vezes e nada. Mandei mensagem, áudio, liguei pra Neuza, pra loja, pra vizinha… ninguém sabia dela. E isso me deixou num estado que fazia tempo que eu não sentia. Era como se algo tivesse me arrancado o ar.
— Isso não tá certo — falei baixo, enquanto dava ré no carro, já com o coração martelando no peito.
A última coisa que ela me disse foi que ia sair mais cedo pra trabalhar. E agora… sumida. Priscila nunca faz isso. Nunca me deixa no vácuo, principalmente agora com o bebê chegando. Meu peito apertava cada vez mais. Dirigi feito um louco pelas ruas, indo até a loja, perguntando pra cada um que passava, mas ninguém viu nada. Ninguém sabia de nada. E então, de repente, como um soco no estômago, a ideia me veio.
Luiz Fernando.
— Filho da mãe… — murmurei, apertando o volante com tanta força que meus dedos quase cravaram no couro.
Se tinha alguém capaz de fazer alguma coisa covarde assim, era ele.