Anthony Narrando
O silêncio do lugar já me dizia que tinha algo errado. Desde que a gente se escondeu aqui, eu não consegui os olhos para descansar, quem dirá dormir. O tempo inteiro alerta, com a mão próxima da arma, o ouvido treinado pra qualquer passo diferente no mato, no asfalto, no vento. O que me acalmava era a respiração da Ana ao meu lado.
Ana Kelly dormia encolhida no meu peitø. O rosto dela parecia calmo, mas eu sabia que por dentro ela carregava a mesma tensão. A gente não tava em paz. A gente tava se protegendo.
Meu celular vibrou em cima da mesa. Peguei rápido. Número restrito.
Ligação On
— Alô? — falei com uma pergunta.
— Anthony? — A voz do outro lado chamou pelo meu nome.
— Tô ouvindo. — Respondi seco, sem saber com quem estava falando.
— Sou um dos homens do seu pai. Estamos chegando no perímetro. Quinze minutos. Fica pronto.
A ligação caiu.
Levantei devagar e bati de leve no ombro da Ana Kelly. Ela abriu os olhos, assustada, mas eu fui direto no olhar dela.
— Amo