Anthony narrando
Eu já perdi a noção de quantos dias se passaram. Cada hora sem a Antonela é uma facada nova. Cada minuto longe dela é um inferno que eu não sabia que existia.
Tô sentado na beirada da cama, olhando pra Ana Kelly dormindo. Ou tentando dormir. A médica disse que a medicação ia deixar ela sonolenta, mas nem remédio consegue apagar a dor que a gente tá sentindo.
Minha filha tá lá fora. Em algum lugar. No colo de alguém que não tem o direito de respirar perto dela. E eu aqui… me sentindo um merda. Um pai que não conseguiu proteger a própria filha. Um homem cercado por dinheiro, poder, contatos… e que mesmo assim, tá de mãos atadas.
O celular vibrou. Era o Estevão.
Ligação On
— Fala — atendi, saindo do quarto pra não acordar a Ana.
— Mais uma pista. Câmera de um posto próximo à zona norte registrou uma mulher com as mesmas características da Mariana. Sozinha. Com uma mochila nas costas. Pode ser ela… ou pode ser despiste.
— Manda pra mim. Eu vou conferir.
— Já tá no teu e-