Victor narrando
Quando o telefone tocou naquela manhã, e vi o nome do Anthony na tela, já imaginei que algo grave tivesse acontecido. Mas confesso, nem nos meus cenários mais pessimistas eu pensei em ouvir o que ele me contou. A filha recém-nascida tinha sumido do quarto da maternidade sem autorização, sem aviso prévio e, pior, sem rastreio imediato. Isso não era só grave. Era criminoso.
Cheguei no hospital em menos de vinte minutos. Encontrei o Anthony andando de um lado pro outro, com a respiração acelerada, o olhar vidrado, como se estivesse à beira de explodir. A Ana Kelly estava sentada, pálida, com os olhos marejados, apertando um ursinho de pelúcia como se a filha estivesse ali dentro.
— Victor, fizeram minha filha sumir debaixo do meu nariz — foi a primeira coisa que Anthony me disse.
Coloquei a pasta no sofá ao lado, respirei fundo e olhei diretamente nos olhos dele.
— Isso aqui é um absurdo, Anthony. Inaceitável. Você sabe disso. E eu também sei. Já estou acionando todos os