Brenda Narrando
Já fazia tempo. Eu não sabia dizer se era dia ou noite, se era segunda ou domingo. Só sabia que aquela casa maldita tava me deixando louca. O lugar era limpo, ajeitadinho até demais pra uma prisão, mas as janelas eram lacradas, e as portas... trancadas vinte e quatro horas por dia.
Eu andava de um lado pro outro, o cabelo desgrenhado, a pele suada, a boca seca. Tava surtando. Literalmente.
— ABRE ESSA PORRA DE PORTA! — eu gritei, esmurrando a madeira com toda força. — VOCÊS TÃO MALUCOS? EU NÃO SOU CRIMINOSA, EU SOU VÍTIMA! VÍTIMA!
Silêncio.
Fui até a escada, onde sabia que um dos seguranças sempre ficava. Me joguei no chão, bati as mãos no corrimão, fiz um verdadeiro teatro.
— PELAMOR DE DEUS, ME TIRA DAQUI! EU TENHO CONTATOS, VOCÊS NÃO SABEM COM QUEM TÃO MEXENDO! — eu me esgoelei, mas o desgraçado sequer se moveu.
Levantei cambaleando e desci um degrau de propósito, caindo como se tivesse machucado. Chorei alto, rolei no chão.
Nada. Só a respiração impassível