A luz da manhã invadia a sala de estar, pintando de dourado os móveis antigos da casa de Rosa. Malú entrou com passos firmes. Derick estava sentado no sofá, folheando um jornal com a postura descontraída. Ela parou à sua frente, engolindo a ansiedade que sentia.
— Derick… — chamou, a voz mais suave do que planejara. — Preciso me desculpar pelo que aconteceu ontem. Não foi você, foi… um reflexo.
Ele baixou o jornal devagar, como se temesse assustá-la de novo. Seus olhos — verdes estudaram seu rosto por um segundo longo antes de responder:
— Malú, você não precisa pedir desculpas. Eu deveria ter sido mais cuidadoso. — A voz dele era morna, mas carregava um fio de curiosidade. — Só não queria que você caísse e se machucasse.
Ela cruzou os braços, sentindo o peso do não dito entre eles. ”Ele quer me perguntar, quer saber por que um simples toque me fez surtar.” Mas Derick apenas sorriu, erguendo-se com elegância.
— Vamos virar a página, prima. — Estendeu a mão, não para tocá-la,