Fui infectada pela toxina crônica da erva-lua prateada. Uma sentença de morte. A única poção vermelha capaz de me curar foi comprada... Pelo meu companheiro, Leo. Mas ele não a comprou para mim. Deu-a de presente para minha meia-irmã, Jane. Porque achava que eu estava fingindo. Abandonei o tratamento conservador. Engoli um analgésico potente. O preço? Meus órgãos começariam a falhar em três dias. E, nesses três dias, abri mão de tudo. Dei a fábrica de peles que construí com as próprias mãos para Jane. Meus pais elogiaram: — Viya finalmente aprendeu a amar a irmã. Quando sugeri romper o laço de companheiros, Leo sorriu e disse: — Até que enfim você amadureceu. Ensinei minha filha a chamar Jane de “mamãe”. E ela, radiante, respondeu: — Mamãe Jane é a melhor! Transferi todas as minhas economias para Jane. Ninguém percebeu nada de errado. Todos estavam satisfeitos com meu comportamento. — Viya finalmente deixou de ser ruim. "Será que, quando eu morrer, eles vão se arrepender?"
Ler maisPonto de vista: LeoMinha sogra havia desmaiado.Pedi para meu sogro levá-la imediatamente ao hospital.Enquanto isso, fui até lá com os pertences que a polícia nos entregou, os únicos objetos que restaram da Viya.Um celular.E alguns contratos de transferência.— Foi só isso que a Viya deixou? — Meu sogro perguntou, com a voz embargada, os olhos marejados.Segurava os papéis com mãos trêmulas, as lágrimas escorrendo sem parar.Havia ali:Um contrato de transferência das ações da empresa.Outro do fundo fiduciário no Banco dos Lobisomens.Tanta generosidade.Tanta entrega.E ninguém... Viu nada.— Papai! Vovô, vovó! Rápido, olhem isso! — Gritou Mark, agitado, levantando o celular. — Tem alguém mandando mensagem xingando a mamãe! É horrível!Na tela, as mensagens vinham em sequência:[Viya, seus pais, seu companheiro e até seu filho agora são meus.][Você nunca foi melhor do que eu.][Vou tirar tudo de você.][Não adianta fingir que tá tudo bem. Você não disse que ia me dar a empresa?
Ponto de vista: Mãe da ViyaEstava deitada na cama, revirando de um lado pro outro, sem conseguir dormir.Daniel, deitado ao meu lado, perguntou:— Tá tudo bem?— O celular da Viya ainda tá desligado. Não consigo falar com ela. Estou começando a ficar preocupada.Daniel balançou a cabeça.— Ela não respondeu as mensagens, não atendeu o telefone... E a ligação mental, nada. Essa menina tem um temperamento difícil mesmo. Deve estar só de birra.Ele achava que era mais um drama da Viya.Que ela queria chamar atenção.Mas... Algo dentro de mim não estava certo.Uma sensação ruim.Porque, mesmo quando ficava brava, a Viya nunca ficava tanto tempo assim sem dar sinal de vida.Ela podia desligar o celular por algumas horas, talvez um dia...Mas depois sempre mandava uma mensagem.E ela... Nunca bloqueou nossas ligações mentais.Isso... Só acontecia quando nós a bloqueávamos.Por que agora seria diferente?Lembrei da última vez que a vi.Foi há alguns dias, quando ela fez Jane assinar os papéi
Voltei ao hospital.Não demorou muito e meus pais chegaram, junto com Leo.Tentei parecer casual, como quem só estava preocupada com assuntos práticos:— Mãe, pai... Que bom que vieram. Vocês viram a Viya? Tentei ligar pra ela pra resolver umas coisas da empresa, mas ela não atendeu...— Essa garota! — Papai resmungou, já irritado. — Passou a empresa pra você e agora fica de birra! Ela não entende que tem um monte de coisas pra resolver nessa fase de transição?Ele tirou o celular do bolso e começou a ligar.Na primeira tentativa, chamou.Na terceira, já dava caixa postal.— Agora desligou o telefone! Tá brincando de sumir de novo!Toda vez é a mesma coisa. Fica magoadinha com qualquer coisa, se isola e acha que o mundo tem que ir atrás dela. Já passou da idade pra esse tipo de drama!Mamãe também pegou o celular, com expressão emburrada.— Vou mandar mensagem. Mandar ela voltar logo. Isso já tá demais!A irritação dos dois era evidente.Eles falavam de Viya como se fosse um estorvo.E
[Viya, depois que a Jane tiver alta, ela vai morar na sua casa. Lembre-se de colocar lírios no quarto principal e trocar o papel de parede por um azul, que ela adora.][A alta é em duas semanas. Até lá, mova suas coisas para o porão. As coisas da Jane ocupam muito espaço e não vai caber tudo.]A mão de Hathaway tremia ao segurar o celular.Ela parecia... Devastada.Talvez tenha sentido o mesmo que eu: minha mãe, mesmo com a filha à beira da morte, só se importava com outra pessoa.Mas... Tudo bem.Não era a primeira vez que eu percebia essa verdade.Minhas pálpebras pesavam.O corpo estava exausto.“Eu estou indo.Tão cansada...”Hathaway chorava alto, mas eu já não conseguia consolá-la.Nem responder.Nem ficar.20 de abril. Viya faleceu.-Ponto de vista: JaneEu estava assistindo TV no hospital quando a porta se abriu.— O que você tá fazendo aqui? — Perguntei com frieza.Era meu pai biológico.A presença dele me deixava inquieta. Um misto de medo e repulsa.Ele me olhou de cima a b
Tapei a boca com as mãos, tentando não chorar em voz alta, e saí do quarto em silêncio.Eu não sabia pra onde ir.Contagem regressiva da morte: faltava 1 dia.Decidi ir até o mar. Caminhar um pouco.Queria sentir o vento, o sal, esquecer que tudo estava acabando.Mas... Era tão longe.Meu corpo estava pesado, as pernas falhavam."Acho que estou mesmo perto do fim.Mas... Ainda não é hora. Ainda não..."Com os dedos trêmulos, disquei um número.A última pessoa que me restava.Quando voltei a abrir os olhos, vi o rosto da minha melhor amiga: Hathaway.Ela tinha vindo correndo da Alcateia do sul.Nos conhecemos na universidade.Naquela época, ela nunca gostou do Leo.Dizia que ele não era digno de mim, que eu estava jogando minha vida fora confiando nele.Eu não só ignorei como briguei com ela.Foi por isso que ela não apareceu no dia da minha cerimônia de marcação.Eu sabia que não deveria ter ligado.Mas... Não tinha mais ninguém. Ninguém em quem eu realmente confiasse.— Como você deix
Chegamos ao quarto do hospital.— Mana, você veio! — Disse Jane animada, enquanto assistia a um filme.Seu rosto estava pálido, com olheiras fundas. Comparada a mim, ela realmente parecia ser a doente.Apesar do tom caloroso, o brilho nos olhos dela dizia outra coisa.Havia provocação ali. E arrogância. Uma arrogância que feria só de olhar.— Irmã... Obrigada por me entregar a empresa. Fica tranquila, vou fazer ela crescer ainda mais. — Disse com um sorriso doce demais pra ser sincero.— Viya, agora com a Jane no comando, você não precisa mais se matar de trabalhar. — Mamãe apertou minha mão com entusiasmo. — Pode só viver da parte dos lucros. Que vida boa, né?— Sim. Aliás, pensando bem... Acho que vou deixar todos os meus bens sob a gestão da Jane. Assim fico ainda mais tranquila. — Respondi com um sorriso sereno.O silêncio tomou o quarto.Todos ficaram chocados.Eles sabiam o tamanho do patrimônio sobre o qual eu estava falando.— Viya... Você tá falando sério? — Leo perguntou, com
Último capítulo