Capítulo Dezessete: Mais Uma Perda.

Acordo e ainda por impulso, coloco a mão sobre a minha barriga e sorrindo em seguida. A quatro anos, eu já havia sentido essa sensação, de ter outra vida dependendo da minha, mas tudo acabou.

                Expulso os pensamentos da minha cabeça e sorrio novamente, desse vez, mesmo que não existisse uma casa dos sonhos, para a vida dos sonhos, eu ainda teria meu bebê.

      Desço as escadas de casa, depois de tomar um banho relaxante, encontro meus irmãos, sentados no sofá jogando vídeo game e rindo de algo que só faz sentido na cabeça deles.

— Oi homens da minha vida! –  Falo dando um beijo na bochecha de cada um.

— Oi irmã traidora que não conta que está com um sobrinho meu na barriga! –  Bryan fala me jogando a almofada

— Vou cortar o pau do Diogo! –  Thomas fala e me puxa para o sofá.

— Não pensa nisso agora, pense em como vocês vão perder para mim! –  Falo pegando um dos controles.

                Horas depois, dirigi até a mansão, e entrei no quarto que, minha mãe e a tia Annie começaram a montar depois do segundo mês de gravidez, encaro a caixa branca em cima do berço.

                Lembro exatamente de quando ganhei ele.

— Abre logo o meu Sophia! –  Tyson fala reclamando, me entregando a caixa branca razoavelmente grande 

— Vou abrir para você deixar de ser chato! –  Falo e escuto Thiago gargalhar enquanto toma sua cerveja, ao lado do meu pai.

      Assim que abri a caixa, vi um pequeno urso de pelúcia branco, com os olhos azuis. 

— Eu amava esse urso quando era pequeno –  Tyson fala e eu sorrio.

— Você vai ser o melhor tio que esse bebê poderá ter! –  Falo e escuto um coro atrás de mim.

— COMÉ QUE É SOPHIA!? –  Meus irmãos gritam me puxando para o meio deles e me fazendo cócegas.

— THIAGO ME AJUDA! –  Grito enquanto gargalho.

      Thiago se aproximou e me puxou para ele. 

— Meu herói! –  Falo abraçando ele. 

— Sempre vou te proteger, mesmo que seja de cócegas! –  Thiago fala e eu sorrio.

— Sempre vou te amar, mesmo que tudo fique ruim! –  Falo e ele me beija.

— Eu nunca vou me acostumar com isso! –  Bryan fala fazendo uma careta de nojo. 

                 As promessas, as malditas promessas que fazemos em momentos de felicidade, onde acreditamos insanamente que, nada no mundo pode tirar tal felicidade de nós. 

     Eu não prometi nada em voz alta naquele dia, mas, algo em mim se prendeu as palavras que, três anos depois, se tornariam cruéis, mesmo que ainda não fossem ditas em voz alta, como promessas. 

      Depois de perder o bebê, ofereci o urso de volta para Tyson, mas, ele disse que, se um dia eu engravidasse de novo, esse seria o presente definitivo para o bebê, sendo ele seu sobrinho ou não.

                              ***

       Chego em casa carregando a caixa, escuto vozes vindo da piscina e resolvo ir até lá, ainda carregando a caixa, que não é nada pesada.

                Meus irmãos limparam o chão e eu fiz a janta, depois de comermos, fiquei vendo eles jogarem bola, até dar sono e cada um ir para o seu quarto.

                No meio da noite, acordo gritando de dor, ponho a mão na minha barriga e sinto tudo voltando outra vez.

— Kauan! – Grito e logo ele aparece.

                Minutos depois, lá estava eu, diante do médico me falando que o bebê que eu estava esperando, não tinha sobrevivido, mas que, eu não deveria me culpar. Dessa vez não tinha nada que eu pudesse fazer para salva– lo, pois ele já estava morto antes mesmo de sofrer o aborto.

                Chorei por alguns minutos, até a porta se abrir.

— Sophia! –  Diogo fala ao entrar 

— Quem avisou ele? –  Pergunto e Kauan levanta um dedo 

— É verdade? Você perdeu o bebê? –  Diogo pergunta e eu o encaro

— Sim! –  Falo tentando controlar o choro preso na minha garganta

— Por que não me avisou? –  Diogo pergunta com o olhar sem qualquer emoção.

— Eu te liguei para contar! Você não quis saber, não comece a agir como se fosse importante para você, por que você sabe que não é! –  Falo furiosa deixando as lágrimas escaparem

— VOCÊ SABIA?  –  Kauan grita pronto para coçar a cara de Diogo.

— Melhor pensar bem antes de tentar me bater Kauan. –  Diogo fala encarando o mesmo e por alguns segundos, eu me assusto.

     A porta se abre e, quem passa por ela, faz a tensão direcionada ao Kauan,  ir toda para Thiago, que encara Diogo como se fosse mata– lo, assim que ele olha para as lágrima que escorrem por todo o meu rosto.

— Melhor você sair antes de fazer mais uma ameaça. –  Kauan fala segurando a arma na sua cintura.

— Tudo bem, só vim conferir se já tinha acabado! –  Diogo fala e sai do quarto.

Thiago olhou para Diogo como se fosse arrancar a cabeça do mesmo bem aqui, no quarto do hospital, antes do mesmo fechar a porta atrás de si.

    

                As lágrimas vieram com tanta intensidade que os soluços, saíram ainda mais intensos, fechei meus olhos, deixando toda a dor sair.

                Minutos depois, uma mão tocou a minha, e antes mesmo de abrir os olhos, eu sabia de quem era aquele toque, de quem era a maldita promessa nunca feita.

                Thiago estava com a mão em cima da minha, em silêncio, me trazendo a força necessária para parar de chorar e ouvir o que nossas mentes, gritavam.

      

     Precisávamos conversa sobre o passado!

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