Capítulo 07

LUÍSA

Soltei um sorriso, vendo a calda de chocolate se espalhando pela massa do bolo. Para uma pessoa que ama confeitaria, como eu, não há nada que seja tão prazeroso e satisfatório quanto isso.

Muitas pessoas encontram sua libertação, seu momento de prazer, em diversas formas de artes. O cantor, por exemplo, encontra a sua paz em meio as canções. Já eu encontro o meu refúgio na cozinha, a minha arte particular.

Quando a minha vida estava um caos, a tristeza prestes a me consumir por inteira, a culinária me salvava. De diversas maneiras, algumas desconhecidas por mim, a culinária salvava da escuridão na minha alma.

Essa semana eu aprendi uma nova receita no curso, uma na qual estava ansiosa para testar. Sim, voltei a fazer o meu tão amado curso e nem consigo explicar o quanto isso me faz feliz. Deixa a minha rotina um pouquinho mais corrida, afinal preciso garantir que minha menina esteja dormindo e só estão posso sair. Mesmo estando exausta, não perco nenhuma aula, pois tudo vale a pena quando estou fazendo o que mais amo nessa vida, cozinhar.

Foi quando lembrei dos meninos me dando total acesso à cozinha, naquele mesmo dia que fiz o nosso café da manhã pela primeira vez, quando descobriram esse talento meu. De acordo com eles mesmo, seria um prazer servir como minhas cobaias.

Então eu decidi fazer um bolo para eles, com as coisas que são apaixonados. Os três amaram as panquecas, então achei que seria legal fazer esse agrado a eles. Sem contar que é uma ótima oportunidade de colocar em prática tudo que aprendi, posso enxergar as minhas falhas e me aprimorar ainda mais.

O bolo é de chocolate, com bastante fruta no recheio e se tudo der certo, na decoração também. Uma perfeita junção do que os três mais amam, sem excluir ninguém. Eles são perfeitos do jeito que são, acho que nem teria como excluir qualquer um.

Ao terminar de montar a massa, passo a camada branca por cima. Fiz tudo com muito cuidado, afinal essa parte aprendi essa semana, então acaba precisando de mais dedicação e cuidado. No início me bateu um desespero, afinal estava ficando muito grossa.

__ Controla a ansiedade, você é capaz.- Falo para mim mesma, buscando manter a calma. O segredo é não se desesperar.

Respirei fundo, coloquei a minha música e procurei me acalmar. Ter ansiedade é foda! Pelo visor da babá eletrônica, conferi que a pequena ainda estava dormindo, isso significa que tenho mais um tempo. Passei a espátula, raspando o excesso e deixando bem uniforme.

Cheguei para trás, girando a plataforma que o bolo estava. Quando percebo que estava bem lisinho, com a grossura certa, dei um sorriso comemorando. Demorou, mas consegui e arrasei.

__ Eu sou foda.--- Falei pro alto, terminando de limpar o cantinho.

Uma coisa que tem ajudado muito é os recursos deles. Céus, meu sonho é um dia ter uma cozinha como essa; tudo de última geração e tão completa quanto a de um restaurante. Para uma pessoa apaixonada por culinária, feito eu, esse é o verdadeiro paraíso.

Passaria horas aqui facilmente!

__ Está fazendo o quê?--- Sinto um corpo forte parar atrás de mim, com a voz mais delicada perguntar de forma curiosa.

__ Que susto.--- Dei um pulo assustada, colocando a mão no meu peito, sentindo a batida desregulada do meu coração.

Devido ao susto, acabei escorregando e mais um pouco caia por cima de um dos meus chefes. Por sorte, Thomas conseguiu rodear seus braços na minha cintura a tempo, antes que eu encontrasse o chão.

Porra, eu sou uma pessoa extremamente fácil de dar susto. Chega a ser maldade fazer uma coisa dessas comigo. Aí juntou o fato de que consigo ser a pessoa mais desastrada do mundo todo, não estou exagerando, eu juro.

__ Eu percebi, mais um pouco ia caindo.--- Falou com um lindo sorriso, totalmente relaxado e divertido.

Acabei sorrindo com ele, admirando a beleza do seu sorriso. Thomas tinha apenas uma covinha do lado direito, o que lhe deixava ainda mais encantador.

Meu olhar acabou encontrando com o seu, que me encarava atentamente. Ele parecia querer ter certeza de que eu estava bem, mas, além disso, tinha outra coisa em seu olhar que eu não sabia decifrar, mas que foi o responsável por incendiar todo o meu corpo.

Segurei a respiração, lembrando do maldito sonho que tem me perturbado todas as noites. Desde que vim trabalhar nessa casa, nunca mais acordei normalmente; tem sido sempre depois de um sonho totalmente erótico, a cada dia um novo com uma foda diferente, e a minha intimidade toda molhada.

Não consigo explicar porque estou sentido todas essas coisas, nem sei como faço para as impedir. Sei que eles são casados e estão felizes, jamais me olhariam da forma que tanto anseio. Isso torna ainda mais absurdo e, ao mesmo tempo, intensifica tudo que estou sentindo.

Mas agora, com o seu corpo tão próximo do meu, parece tão certo. A quentura que eles trocam, ou como parece a coisa mais normal do mundo. Não sei, só posso estar ficando louca.

__ Obrigada por me segurar.—-Minha voz me traiu e saiu em um completo sussurro.

__ Sempre que segurar.—- Sorrir.—- Já pensou se você se machuca? Não saberíamos o que fazer com Emma.

É, ela é único motivo que nos une e faz com que eles me ajudem. Afinal eu sou apenas isso, a babá da filha deles. Só preciso me lembrar disso mais vezes e não permitir, nunca mais, que o meu subconsciente se esqueça.

__ Que bom que não iremos precisar descobrir.—- Faço uma brincadeira para dissipar a tensão que estou sentindo.

__ Querendo matar a nossa babá, querido? --- Tyler, com o seu jeito divertido de sempre, perguntou se apoiando na cozinha.

Só agora reparei que tanto ele, quanto Domenick estava na sala. Os dois nos encaravam de uma forma diferente, totalmente intensa. Eles não pareciam com ciúmes pelo simples fato de estarmos tão perto, na verdade, eles pareciam gostar.

Thomas também não fazia o mínimo esforço para tirar as mãos da minha cintura, era como se ele gostasse e quisesse mais desse contato.

Não, eu só posso estar louca! Com certeza é isso, não tem outra explicação cabível para esse momento.

É isso, estou completamente louca!

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