O general estava em seu escritório quando a porta foi batida com firmeza. Ao abrir, a expressão dura de Riccardo suavizou levemente ao ver quem estava ali. — Ethan? — ele ergueu as sobrancelhas, surpreso. — Não esperava te ver por aqui. — Desculpe aparecer sem avisar, general. Eu… só queria conversar um pouco, se o senhor me permitir. Riccardo assentiu, indicando a cadeira à sua frente. Havia algo naquele jovem que ainda lhe inspirava confiança — uma postura honesta, respeitosa. E, acima de tudo, o fato de conhecer Olivia desde antes daquela mudança repentina para a Rússia. — Imagino que isso tenha a ver com a minha filha — disse Riccardo, já direto. Ethan respirou fundo, encarando o general com seriedade. — Eu cometi erros, senhor. E não espero ser perdoado da noite pro dia. Mas... eu ainda me importo com a Olivia. E saber que ela voltou... me fez perceber que eu precisava tentar, pelo menos, mostrar isso a ela. Riccardo o observou por alguns segundos antes de responder. — Ol
Salvatore caminhava com passos precisos pelos corredores da base. Havia acabado de sair de uma reunião com o general e sua mente ainda estava focada em relatórios e estratégias. Seu semblante era o de sempre: sério, impenetrável. Não havia espaço para distrações — até que, ao virar o corredor que levava ao refeitório, deu de cara com um rosto desconhecido. O homem estava encostado em uma das colunas, usando roupas civis bem alinhadas e com um ar casual demais para aquele ambiente rígido. Ele conversava com um dos soldados com desenvoltura, como se já pertencesse àquele lugar. Isso bastou para acender um alerta automático em Salvatore. Ele se aproximou, o queixo levemente erguido, o olhar fixo. O desconhecido virou-se assim que notou sua presença. — Você deve ser o Salvatore — disse o homem, com um sorriso amistoso que não combinava com o tom da sua voz. — Sou Ethan. Salvatore o encarou por um segundo antes de responder. — E eu deveria saber quem é você? O sorriso de Ethan
O beijo terminou com lentidão, como se nenhum dos dois quisesse soltar o outro. Olivia manteve as mãos no peito de Salvatore, sentindo o ritmo do coração dele ainda acelerado. Ele a olhou de perto, como se tentasse gravar cada traço do rosto dela. — Eu odeio sentir ciúmes, sabia? — ele murmurou, num tom mais leve, mas ainda sério. — Me tira do eixo... e você é a única que consegue fazer isso comigo. — Bom saber que eu ainda tenho esse poder — ela provocou com um sorrisinho, tentando aliviar o clima. — Mas, falando sério... Eu nunca quis esconder nada. Ethan apareceu, sim, mas não significa nada. Não existe mais nós entre mim e ele. Você é o agora. Você é o futuro, Salvatore. Ele assentiu lentamente, ainda com os olhos presos nos dela. — Eu acredito em você. Só... não quero que esse cara ache que pode circular por aqui como se tivesse algum direito sobre você. Porque não tem. E se ele cruzar a linha, Olivia, eu não vou ser gentil. Ela pousou a mão no rosto dele, acariciando
Salvatore e Olivia estavam no escritório reservado da base, uma sala discreta que ele costumava usar para revisar relatórios e organizar estratégias longe do burburinho do alojamento. A presença dela ali trazia um raro respiro de paz naquele ambiente sempre marcado por tensão. Ela estava sentada sobre a mesa, de frente para ele, com as pernas balançando levemente, enquanto ele revisava alguns papéis com a expressão séria, mas os olhos vez ou outra desviavam para ela. Olivia sorria, brincando com uma caneta que havia encontrado sobre a mesa. — Nunca pensei que seu escritório fosse tão... organizado — ela disse, com um tom leve. — Você esperava bagunça? — Salvatore respondeu, sem levantar a cabeça. — Esperava você sendo menos... capitão — ela provocou, sorrindo. Ele ergueu o olhar, um canto da boca se curvando em um meio sorriso. Mas antes que pudesse responder, a porta foi aberta com uma batida rápida. Um dos soldados apareceu à entrada, rígido. — Capitão Salvatore — diss
Olivia estava no avião, olhando pela janela enquanto o voo se aproximava da Itália. O coração batia forte, uma mistura de excitação e ansiedade. Havia algo sobre aquele momento que a fazia sentir como se estivesse retornando a um lugar que sempre foi seu, mas ao mesmo tempo, um lugar que ela havia perdido há tanto tempo. As lembranças da infância, os aromas das ruas de Roma, as tardes quentes na Toscana, tudo aquilo a invadia com uma intensidade que a fazia quase querer fechar os olhos para não ser dominada pela emoção. "Eu nunca soube o quanto sentia falta disso até agora", ela pensava, apertando os dedos contra o vidro da janela. "A Itália tem uma forma de envolver a gente, como se tudo ao redor sussurrasse sua história, e você se perde entre os ecos do passado e os sonhos do futuro." Olivia fechou os olhos por um momento, imaginando as ruas que tanto conhecia, as pedras antigas sob seus pés, o som das pessoas conversando nos cafés e a maneira como o sol se punha lentamente atrás
Olivia havia decidido surpreender o pai, Riccardo Fiore, com sua volta repentina à Itália. Depois de anos longe, vivendo na Rússia e se acostumando à solidão, ela sabia que seu relacionamento com o pai havia ficado frio, distante. Ela queria quebrar essa barreira e mostrar a ele que, apesar de sua vida independente, ela ainda se importava e queria fazer parte da sua vida. Essa seria a primeira surpresa, um gesto simples, mas significativo. Ela só não imaginava que um outro tipo de surpresa estava prestes a acontecer. Ao chegar à entrada da base militar, Olivia ficou momentaneamente paralisada pela imponência do local. A base exalava um ar de disciplina e poder, algo completamente diferente da Rússia, mas ainda assim familiar. Ela sabia que seu pai, como general, era uma figura respeitada ali, e isso a fazia sentir-se ainda mais distante, como se estivesse entrando no território de alguém muito diferente de si mesma. Quando Olivia se aproximou da entrada, foi abordada por um soldado.
Riccardo Fiore observava a filha como uma mistura de apreensão e orgulho. Olivia, com sua postura decidida e seu olhar forte, parecia mais uma mulher feita do que a jovem que ele lembrava, de olhos grandes e curiosos. O tempo parecia tê-la moldado de uma maneira que ele nem imaginava. A distância de seis anos na Rússia a fizera mais madura, mas ao mesmo tempo, uma nostalgia o tomava, lembrando-lhe da menina que, embora sempre envolta na presença de sua autoridade, sempre parecia muito solitária. -Olivia ...- Riccardo disse, com um sorriso breve, enquanto se aproximava dela e a abraçava com um carinho que, por um momento, parecia desconcertante para ela. Ele a segurou por um tempo, como se quisesse ter certeza de que ela estava ali, diante dele. - Não me avisou que viria. Não sabia que voltaria tão cedo. Olivia sentiu o abraço do pai e, por um momento, deixou que a vulnerabilidade dela tomasse conta. Ela sempre teve um relacionamento complicado com Riccardo. O fato de ele ser um
Riccardo Fiore havia se retirado para a sala de comando, mas o clima que pairava no ar parecia denso, como se uma tempestade estivesse prestes a se formar. Olivia ficou sozinha na sala com Salvatore, sentindo uma mistura de confusão e fascínio por aquele homem que, apesar de sua juventude, emanava uma segurança que ela raramente encontrava. Ela deu um passo em direção à janela, observando a movimentação do lado de fora da base. O sol da tarde se refletia nas grandes construções militares e nas caminhonetes blindadas estacionadas ao redor, criando um contraste entre a serenidade do momento e a rigidez do ambiente militar. De alguma forma, ela se sentia deslocada, mas ao mesmo tempo conectada àquela paisagem, como se a base fosse uma extensão de sua própria identidade. Olivia não sabia se deveria quebrar o silêncio entre ela e Salvatore. O comportamento dele a intrigava de uma forma desconcertante. Ele não a olhava com desinteresse, mas sua postura rígida e sua atenção inabalável pare