Estava na sala, com o anel rodando em meu dedo enquanto o brilho da pedra ofuscava os meus olhos. Aquilo era mesmo diamante? Tinha um número de série registrado dentro dele, quase imperceptível. Jeffrey falava a verdade quando afirmou que a aliança era única. Haiden só poderia estar desesperado quando deu aquele anel para uma mulher que ele mal conhecia, e pior, como ele se casou comigo às pressas, sem uma cerimônia, sem amor? Pensar em um casamento sem amor me deixava apavorada. Nós dois estávamos desesperados naquela noite. Eu, desolada pela traição do meu noivo e ele, eu não fazia ideia dos seus motivos para se casar comigo. Se esse anel fosse o veredeiro, pertencente à família do Haiden, agora eu era casada com o meu chefe, que eu mal conhecia. Ele era envolvido por mistérios. E eu deveria estar drogada por ter me casado com um homem como ele. Ou era isso, ou fiquei de joelhos diante de tanta beleza. Eu não podia negar que o Haiden era o homem mais bonito que eu havia conhecid
Haiden. O comportamento arrogante da Daphne ficou circulando os meus pensamentos sem parar. De todas as coisas que tive que passar, ver Daphne me desprezando foi a pior de todas. Eu havia sido desprezado por Ember, mas aquilo não me afetou como foi com Daphne. A maneira assustada com que ela me olhava como se eu fosse seu inimigo me deixou chocado. Estou igualmente chocado por ser afetado pelo comportamento dela. Eu deveria ter pestanejado, colocado-a em seu devido lugar, mas me calei e a deixei ir embora, me insultando por querer ajudá-la. Ela confiava mais em Jeffrey do que em mim. Abandonei tudo o que estava fazendo para socorrê-la e fui tratado como seu inimigo. Os olhos castanhos e frios dela pareciam esconder um segredo que eu não consegui desvendar. Talvez fosse uma retaliação pela maneira arrogante com que eu a tratei naquela manhã. — Senhor, a sua reunião com os sócios é daqui a uma hora, devemos… — Cancela – eu disse à secretaria, como se não tivesse em sã consciência
Haiden Cheguei na empresa antes de todo mundo. Fiquei pensando se deveria ligar para o meu pai e convencê-lo a adiar a sua visita, mas a nossa relação era tão frágil e irritante que pensei ser melhor encarar e dizer a ele a verdade. Estava trancado no escritório quando ouvi os primeiros funcionários chegando. Havia um murmurinho vindo do lado de fora. Eu sabia dos boatos que rondavam na empresa com o meu nome e o de Daphne. Eles não sabiam quem eu era e nem como eu havia ido parar ali, mas hoje seria o dia da revelação. Foi a primeira vez que reconheci a voz de Daphne misturada com os outros funcionários. Não era tão difícil, a voz dela era mais dócil. Embora Daphne fosse desafiadora, ela tinha um jeito único de falar com as pessoas. Me levantei rapidamente e não sei como cheguei na porta tão rápido. — Senhorita Daphne – chamei quando ela estava prestes a passar pela minha porta e o lugar ficou silencioso. Nenhum deles faziam ideia de que eu já estava ali. Olharam para mim su
Haiden — O que diabos você tem na cabeça, garoto? – A explosão dele foi como uma bomba relógio, todos sabiam quando iria explodir – casar bêbado e não se lembrar com quem se casou? E se essa mulher for uma prostituta, uma criminosa? — O senhor quis que eu me casasse. — Mas não com a primeira que aparecesse na sua frente – ele gritou tão alto que todo o prédio conseguiria ouvir. Vi Jeffrey se aproximando com as mãos levantadas e se direcionando a Ramon. Era incrível que todos conseguiam tirar alguma coisa boa do meu pai, menos eu. Eu só conseguia abstrair seu ódio e seu desprezo. — Você sabia disso, Jeffrey? – Ramon agora suava de nervoso – como você não conseguiu impedir que ele fizesse isso? — Que culpa o Jeffrey teria? – eu me levantei e arranquei minha gravata – não foi ele que me pressionou a construir uma família com a ameaça de nunca ocupar o seu lugar. Não há outros culpados a não ser o senhor. Agora minha voz era um grito abafado, como se eu colocasse para fora toda a d
Daphne Saí do escritório de Haiden e fui em direção à pessoa que eu sabia, espalharia a notícia sobre a visita de Ramon bem rápido. Penélope tinha uma beleza desejável, mas ela era metida e maior do que os seus seios era sua língua. Eu ri da maneira como ela correu para contar aos outros funcionários o que estava prestes a acontecer. Minha missão estava cumprida. Eu vinha evitando Evangelina desde o momento em que ela encontrou o exame de gravidez. Ela fazia perguntas que eu não podia responder, mas fiquei surpresa quando a vi na roda de conversa misturada com as mulheres mais fofoqueiras da empresa. Fui inteligente quando não contei a ela a verdade. Eu estava na dispensa para tomar um café e tirar um pouco da tensão daquele dia. O lugar, normalmente vazio, estava agora agitado. Estavam todas reunidas, com os seus celulares em mãos, rolando rapidamente seus telefones. — O que está acontecendo? – uma delas perguntava assim que entrei – porque não encontramos informações sobre o n
Daphne Me incomodei com o olhar de Jeffrey sobre mim. Por que todo mundo ficava me observando e me analisando como se eu fosse uma criminosa? Eu não estava sabendo disfarçar e Jeffrey era um bom advogado, ele conseguia perceber os sinais. — Você está agindo estranho desde o nosso almoço – eu não queria ouvir o resto de suas palavras, eu queria fugir dali rapidamente. — Muitas coisas acontecendo na minha vida ao mesmo tempo – eu disse, apressando minhas palavras, enquanto estava cheia de pavor e pânico. — Você quer me contar algo, Daphne? – ele perguntou com a preocupação soando em sua voz – você descobriu algo sobre o paradeiro da esposa do Haiden? — Podemos não falar disso só por hoje? – eu disse enquanto minhas bochechas ardiam de vergonha. — Sabe que pode confiar em mim – Jeffrey insistiu e eu sabia que ele desconfiava de mim. — Eu não sei de nada, se soubesse já teria dito - respondi com urgência e um pouco impaciente – eu só estou tensa devido à venda da casa do meu pai e
Daphne — O que você está fazendo, Daphne – as mãos de Evangelina me agarraram tentando me impedir – vai ser demitida agindo desse jeito. — Estou torcendo para isso acontecer. Balancei o braço com força e a forcei a me soltar, caminhando apressadamente até o elevador antes que Jeffrey ou próprio Haiden saísse do escritório e me vissem fugindo. Era exatamente isso que eu estava fazendo, fugindo. Dos sentimentos ruins que fluíam dentro de mim, do que sabia, da realidade que eu estava vivendo nesse momento. Eu deveria estar muito louca mesmo quando decidi me casar com um desconhecido, passando pela Ember, quando eu havia acabado de ver o meu noivo me traindo com minha própria irmã. Era o sentimento de rejeição que fazia meu peito rasgar de dor. Eu havia sido rejeitada por Vincent e agora estava sendo rejeitada por Haiden. A minha família me rejeitou a vida inteira. Senti as lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto quando a porta do elevador se abriu. Precisei enxugá-las rapidament
Haiden Jeffrey ainda falava sobre Daphne e na possibilidade de ser ela a minha esposa secreta. Fiquei aborrecido com a relutância dele, não havia nenhuma chance de uma coincidência assim acontecer, quer dizer, ser a Daphne a mulher que eu procurava e saber quem eu era, por que ela não se revelaria? Eu estava pronto para encerrar o assunto quando um murmurinho se instalou do lado de fora do meu escritório e foi se intensificando até uma das funcionárias invadir minha sala, com o rosto vermelho e lágrimas cobrindo suas bochechas. Eu lembrava do rosto dela no primeiro dia em que cheguei na empresa. Seu crachá revelava seu nome, Penélope. Ela se vestia com roupas justas, revelando seu corpo mais do que deveria. Seus cabelos negros cumpridos realçavam ainda mais seu poder de sedução, mas tinha alguma coisa em Penélope que me incomodava e anulava qualquer interesse que eu poderia ter por ela. — O que está fazendo no meu escritório? – eu me levantei e lancei a ela um olhar reprovador.