Daphne Adormeci enquanto esperava a cirurgia da Rosália terminar. Acordei com uma mão me tocando e, quando abri os olhos, levei um susto me encolhendo, como se o toque, mesmo discreto, de Ember me causasse arrepios. — Eu também não gosto de ver você, Daphne – ela revirou os olhos – vim aqui só para ver como ela está. Havia um enorme desprezo no tom de voz dela, como se fosse uma obrigação ela estar ali, ou talvez Ember somente tivesse ido para se certificar de que eu não mexi no dinheiro da venda da casa. — Eu já sei que você tentou tirar o dinheiro do banco - ela olhou para as unhas. Eu me levantei, realmente furiosa – falei que você não ia conseguir. — Você só pensa no maldito dinheiro – eu a recriminei, mas ela não se intimidou. — Sei o peso de conquistar as coisas, Daphne, já você – ela sempre fazia questão de me lembrar que eu era uma fracassada – talvez um dia você entenda. — Eu não sou igual a você – eu disse, virando as costas para ela – eu consegui o dinheiro para a ci
Daphne Agora estou do lado de fora, me questionando: o que afinal vim fazer aqui? Eu já havia cumprido meu papel de boa samaritana, salvando a vida da minha inimiga. Isso poderia garantir uma vaga no céu, mas a sensação era de que eu estava no inferno. Eu sentia como se minha mente estivesse frita, não me concentrava em nada e minha vontade real era ir embora dali. Quando senti alguém tocando meu braço. Seu toque gélido fez meu corpo arrepiar. As batidas do meu coração se aceleraram. Fiquei assustada e, quando me virei, o choque foi pior ainda. — Haiden? – ele deu uma risadinha ao ver o horror estampado no meu rosto – achei que tinha ido embora. Ele limpou o sorriso discreto do rosto, mas percebi seus lábios repuxarem com a graça que ele fazia. Talvez não tivesse sido de propósito, mas era raro e extremamente maravilhoso ver Haiden sorrir. — Por que não está lá dentro com a sua mãe? Tentei me concentrar, mas era difícil com ele tão perto de mim. — Ela está com a Ember – eu me
Haiden Eu a ouvia suspirar de alívio enquanto encharcava minha camiseta com suas lágrimas. Fechei os olhos, uma sensação nova invadindo meu peito. O que porra estava acontecendo comigo? Por que corri atrás da Daphne como se precisasse e quisesse protegê-la? Ao perceber o que eu estava fazendo, me afastei imediatamente. Olhei para ela. Daphne estava de cabeça baixa, tentando enxugar as lágrimas, suas bochechas vermelhas de vergonha. Como eu nunca percebi que sua pele era impecável? Ou qual naturalmente longo eram seus cílios? Qual bonito e atraente eram seus lábios? Suspirei quando percebi meus pensamentos. Precisei virar as costas para ela para poder me lembrar de que o nosso casamento era uma mentira que eu precisava sustentar até conseguir de vez minha posição de novo CEO. Não havia nada mais importante para mim do que o poder. Nada me dava mais prazer do que o dinheiro. — Por que insistiu para eu fazer isso? – sua voz suave me tirou dos meus pensamentos. Eu me virei para ol
Daphne Cheguei em casa e Evangelina não estava lá. Deixou um recado na geladeira dizendo que iria ao mercado e que voltaria em breve. Seria melhor assim, eu poderia arrumar minhas coisas sem que ela ficasse me perguntando o tempo todo para onde eu estava indo ou porque eu estava indo. Eu só precisava ir. E eu não tinha em nenhum momento pensado nessa parte da vida de casada, que eu teria que ir morar com o meu marido. Eu realmente acreditei que Haiden não levaria as coisas tão a sério ao ponto de me levar para morar com ele. Joguei meu corpo na cama e lamentei com um gemido alto e angustiante. Eu queria gritar, colocar para fora toda a tempestade que se formava dentro de mim. O pior de tudo era que eu nem mesmo poderia compartilhar aquele segredo com alguém. Quando Evangelina chegasse e me visse de malas prontas, eu teria que me esquivar como um quiabo o máximo que eu conseguisse para não contar a ela toda a verdade. Demorei mais do que o normal para colocar em uma pequena mala
Daphne O carro parou em frente a uma enorme mansão. Em toda a minha vida, eu jamais havia visto uma casa tão bonita quanto aquela. Eu realmente não estava preparada para aquele momento, sair de uma situação de desabrigada, morando de favor na casa da melhor amiga, para ir morar em uma mansão que eu até me perderia dentro dela. Meus olhos brilhavam, eu estava deslumbrada, tanto que não ouvi a empregada falar comigo. Ela estendeu a mão para mim sorridente enquanto dizia seu nome. — Sou a Rute – depois girou o pescoço apreensiva, temendo que alguém a visse fazendo aquilo – o senhor Haiden ordenou que eu a levasse até os seus aposentos. Eu sorri para ela, um meio sorriso porque eu ainda não sabia o que estava sentindo, eu estava fascinada com aquele lugar, mas eu tinha medo do que encontraria ali dentro. — Onde está o Haiden? – indaguei e ela arqueou as sobrancelhas confusas, achando incomum meu comportamento. — Ninguém o chama assim tão formalmente – ela disse, pegando minha mala e
Daphne Sentei-me vagarosamente na cadeira. Haiden não tirava os olhos de mim e ali estava uma coisa que eu realmente detestava nele, a sua mania e poderosa observação. Eu sentia que ele desnudaria minha alma a qualquer momento. — Espero que você tenha sido bem recebida em minha casa – ele disse – e eu espero que você realmente mereça estar aqui. Aquelas palavras ressoaram amargamente em minha mente. Comecei a me arrepender de estar ali. Haiden não me dava nenhuma chance para me sentir confortável ao seu lado. Respirei fundo e esperei que ele continuasse derramando seu castigo em cima de mim. Ele me puniria eternamente por eu mentir para ele. — Quero fazer um novo acordo com você – levantei o olhar rapidamente até ele, assustada. O que ele inventaria dessa vez – o nosso casamento vai permanecer em segredo. Nem aqui na minha casa, nem no escritório, ninguém vai saber que você é a minha esposa. — O quê? – era um erro desafiar o Haiden – sabe o que as pessoas andam dizendo por aí?
Daphne O trânsito daquele lado da cidade era um caos, eu dirigia a menos de vinte quilômetros por hora e as horas não paravam, provando para mim que eu chegaria atrasada e levaria outra bronca de Haiden. Bati no volante com força, completamente frustrada. Eu não parava de pensar o quanto era ruim ter que trabalhar ao lado de Haiden sabendo tudo o que eu sabia sem poder dizer nada a ninguém. Eu precisava agir naturalmente para que ninguém desconfiasse. Eu me sentia como uma criminosa escondendo um homicídio. Quando finalmente estacionei o carro em frente ao prédio, estava uma hora atrasada. Corri até o elevador com minhas mãos tremulas. Ainda era o meu emprego e, embora eu estivesse morando em uma mansão, aquele emprego ainda era tudo o que eu tinha. Eu não podia perdê-lo e depender completamente do Haiden. Cinco anos, eu pensei, cinco malditos anos vivendo ao lado do homem que eu amava sem poder tocá-lo. Eu senti o impacto do abraço de Evangelina contra o meu corpo assim que saí
Haiden Naquela manhã, eu me vi abrindo a porta do quarto da Daphne e observá-la dormir. Quando percebi o que eu fazia, me afastei rapidamente, fechando vagarosamente a porta atrás de mim. Eu não entendia por que passei a agir assim, mas odiava a sensação que a Daphne causava dentro de mim. Dei as chaves do carro dela, que ordenei que o meu motorista fosse buscar no dia anterior, para a empregada entregar para Daphne assim que ela acordasse. Minha atitude gerou o atraso de Daphne, que gerou uma bronca em público. Eu podia ver no rosto dela o quanto estava envergonhada. Às vezes considerava minhas atitudes exageradas, mas era a maneira mais fácil que encontrei de evitar que ela se aproximasse e aumentasse o que eu estava sentindo nesse momento. O trabalho era a coisa mais importante para mim nesse momento. A posição em que eu estava era o que eu havia desejado e conquistado. O meu objetivo era desfrutar disso e nada mais. Entrei no meu escritório para me concentrar no trabalho, ma