2- Prendeu suas mãos tentado beija-la a força.

Soti saiu satisfeito, embora um pouco invejoso afinal, tudo que era bom era do sargento, eles dormiam em pequenas barracas, o sargento tinha uma tenda só para ele, até cama ele tinha.

Soti soltou a corda que estava presa ao carro e cutucou as pernas de Rosana com o bico da bota.

- Vamos o sargento quer vê-la, seja educada e talvez tenha uns dias melhores. Ele disse se achando superior.

Rosana estava fraca e com dificuldades para se levantar com as mãos presas. –Ande não temos o dia todo.

Na verdade já passavam do meio dia, ela tinha dormido a noite, a invasão tinha acontecido no meio da tarde do dia anterior.

Ela se levantou com dificuldade e o seguiu sendo puxada, ainda, pela corda. Quando entraram na tenda ele a empurrou e ela caiu no chão, seus cabelos se espalharam por seu rosto e quase cobriram seu corpo.

Raoni era um homem de meia idade, devia ter uns quarenta e cinco anos, Rosana era uma jovem garota de dezenove anos.

Ele estendeu o cabo do açoite e o colocou no queixo de Rosana fazendo a levantar a cabeça para encara-lo.

Quando o homem viu o belo rosto dela e seus olhos particularmente encantadores, seus olhos brilharam com luxuria.

- Como é seu nome? Ele perguntou a ela, que desviou o olhar e se manteve calada.

- O que é? Você é tão primitiva que não sabe falar? Ele disse de forma arrogante de abaixando para encara-la.

Rosana o olhou com ódio, ela o encarou e se recusou a responde-lo.

- Se você for boazinha comigo pode ter uma vida mais fácil enquanto estivermos por aqui. Ele disse tocando o rosto dela, que tentava recuar.

- Selvagem? Na cama você também se comporta assim? Ele disse enquanto se levantava.

- Leve-a para a tenda das camareiras, peçam para que deem-lhe banho e algo para comer, depois traga-a aqui.

Assim, cabo Soti puxou Rosana até a tenda e deu o recado, ficou para fora aguardando, ele estava com fome e até agora não tinha tido tempo para comer.

- Me arrumem algo para comer enquanto está criatura se arruma para o sargento.

As mulheres olharam para Rosana com pena, já haviam ouvido falar de como o sargento era repugnante e como tratava as mulheres, elas mesmas eram maltratadas todos os dias, mas ele nunca quis dormir com nenhuma delas.

Rosana se recusou a tomar o banho ela não queria tirar a roupa, as mulheres tentavam convence-la, pois se o sargento se zangasse sobraria para elas também.

- Como posso tirar as roupas com as mãos amarradas? Rosana disse, estendendo as mãos.

As mulheres olharam para Soti que estava mordendo uma coxa de frango.

- Eu não sei, façam vocês. Ele disse mais preocupado com a comida que estava em sua marmita.

- Se te soltarmos promete não fugir? Uma delas perguntou.

Rosana assentiu, mas quando a mulher lhe soltou ela deu um empurrão na camareira e saiu correndo, mas não foi muito longe.

Olhando para trás caiu e logo ouviu uns gritos dos soldados e ela foi pega e trazida novamente, ela vinha se debatendo tentando escapar, foi jogada no chão com força.

Ela sentiu um puxão em seu cabelo –Eu dei a você a chance de tirar estes trapos e encher essa sua barriga miserável, e você tenta fugir? Você achou mesmo que podia fugir de mim? Raoni disse com o rosto bem próximo do dela.

Rosana olhou para ele e cuspiu em seu rosto.

Ele a esbofeteou e prendeu suas mãos tentado beija-la a força, ela o mordeu ferindo o nariz dele, ela mordeu com tanta força que o homem urrou soltando-a e levando as mãos ao nariz que agora doía muito e sangrava.

Ele foi socorrido por Soti e Rosana levada para uma espécie de solitária por outros soldados, um caixote bem pequeno onde a pessoa fica presa sentada dentro com os joelhos dobrados.

Rosana passou a noite no caixote, na manhã seguinte não sentia seus pés e pernas.

O Sol começou a esquentar e dentro daquele lugar estava muito quente e abafado.

De repente a portinhola se abre ela, nem consegue identificar quem a está puxando para fora. Mais uma vez ela é arrastada para a tenda do sargento e jogada aos seus pés.

Paf! Ela recebe um tapa no rosto e cai no chão.

-Selvagem imunda, espero que tenha aprendido a lição, você pagará caro pelo que me fez. O homem disse raivoso olhando no espelho o nariz ferido pela mordida que ela deu.

Rosana, ficou um tempo caída, seu ouvido zumbia e sua cabeça parecia girar, ela estava fraca, como comiam mal, as horas que ela já estava sem comer eram suficientes para sua pressão arterial cair e ela sentir muita fraqueza.

- Deem um banho nela e não façam a bobagem de soltá-la novamente. Ele ordenou.

Levaram-na e a jogaram em uma tina grande de água fria, Rosana sentiu seus ossos doerem, ela estava com muita raiva, ela nunca havia experimentado um sentimento tão ruim assim.

As camareiras queriam tirar suas roupas ela não deixou, as mulheres se viram em dificuldades, se não fizessem o que lhes foi ordenado, elas poderiam ser castigadas.

Com muito custo as mulheres rasgaram as roupas de Rosana a deixando nua, ela por vergonha acabou cedendo e vestindo um vestido que lhe deram.

Ele era branco, de mangas longas e largo para ela, pois era muito mais magra e esguia que as camareiras, provavelmente o vestido era de uma delas. O vestido também ficou curto.

Soti a pegou pelo braço e a trouxe para a tenda de Raoni que ao vê-la sentiu seu corpo formigar, ele já tinha visto que ela era bonita, mesmo suja e maltrapilha, agora que estava limpa e com uma roupa descente, mesmo que simples, ela era de “encher os olhos”.

- Vocês podem ir. Ele disse sem nem olhar para Soti e o outro que estava de plantão na porta da tenda.

- Você achou que ia fugir de mim? Deixa eu te contar uma coisa eu sempre consigo o que quero! Ele disse se aproximando dela até que ela encostou em um móvel.

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