Essa é só mais uma história de Reis, rainhas e princesas... será? O reino Arbória tem características feudais, aonde o povo plebeu planta, colhe, cria, fábrica... Tudo em prol do reino. Aquele que tenta se rebelar é preso e pode chegar a forca por traição. Além das leis sancionadas, parte da realeza de Arbória tinha o costume de fazer uso da pureza inocentes da filhas de camponeses, como se lhe fossem de direito. Essa prática havia sido extinta com o Rei Conrado Arbória, contudo algum nobre ainda fazia por suas costas antes da morte do rei. Arbória nunca mais será a mesma, após o rei Conrado decretar de maneira torpe ou não, que seu substituto ao reinado seria seu enteado Nuno, ao invés de seu filho legítimo Salvador. Após esse fato, o ódio entre os irmãos só fez aumentar.
Leer másGalopou o quanto pôde. Com o tempo chuvoso, não ouvia mais o trote do animal robusto, apenas o barulho abafado de sua pata atolando na lama.
A estrada de barro enlamassada não era mais acessível ao seu destino. Não havia o que fazer, iria aparecer do mustang negro e amarrá-lo a árvore mais próxima.
A mulher elegante de meia idade, tinha em sua cara uma expressão do desespero. Seu cabelo de rainha, sempre muito bem arrumado com fios brilhosos que se entrelaçavam e rodeava a cabeça em um belo penteado, não era mais notório. Naquele momento o que se via, era um emaranhado de cabelo se desfazendo sob a tormenta em forma de dilúvio que lhe assolava.
Após amarrar o cavalo em uma árvore, a rainha Massara retirou suas anáguas e rasgou as barras do longo vestido de seda, lhe dando assim mais mobilidade para enfrentar a disparada a pé pela floresta.
A mata era densa, alta e fechada. Só lhe restara esse caminho para chegar ao penhasco, onde vossa alteza impediria uma justa, que poderia acabar com uma baita injustiça.
Conforme corria, pedaços de sua vestimenta ficavam pelo caminho. Os galhos cortantes não demoraria por ferir a sua delicada pele, que se encontrava ainda mais sensível e enrugada por conta da forte chuva a cair.
Em meio a corrida insensante, já conseguia ver a sua frente o velho penhasco, sua próxima missão seria subir as rochas molhadas sem escorregar. Seguindo em frente, obstinada, Massara escalou a primeira rocha, mais uma, mais outra, e mais outra... Até que chegou ao cume.
As gotículas que desciam do céu, caiam ao chão misturadas ao vermelho escarlate. A coloração avermelhada da água era sangue e escorria dos dois homens, proveniente de ferimentos que ambos se fizeram.
A rainha se afligiu ainda mais, ao ver seus dois filhos em estado deplorável. As armas de fogo estavam no chão. O duelo havia acontecido e ambos estavam muito feridos. Nuno por cima de Salvador, estrangulando o irmão mais novo que parecia está desfalecendo.
Massara não deixou que o cansaço a dominasse, não podia deixar que seus filhos se matassem, altiva ela ordena "Pare com isso Nuno! Pare já" Nuno parecia estar em transe, seus olhos emanavam sentimentos cruéis, vis. Não se importou ao ouvir o apelo de sua mãe. Continuava a apertar com muita ânsia e expressão furiosa o pescoço de Salvador.
Situações extremas, requerem atitudes extremas. Movida pelo desespero em ver um filho matar o outro, Massara pegou uma das armas do chão e a pôs sob o queixo. Sua intenção era ter seus dois filhos a salvo, exasperada estava disposta a tudo.
"Nuno largue o Salvador" a rainha grita em meio ao barulho da chuva forte. Decidida, implora mais uma vez, junto ao pedido a ameaça eminente. "Se não soltá-lo, contarei até três e apertarei o gatilho. Serás responsável não só pela morte de teu irmão, mas também de tua mãe."
Transtornado querendo se livrar daquele ser que para ele sempre lhe atrapalhou a vida, Nuno tenta não dar atenção a rainha Massara. Pensou consigo mesmo que de certo sua mãe blefava, ela não seria capaz de tamanha tolice.
Salvador revirava os olhos e Nuno já o sentia estremecer em suas mãos. "Um..." Gritou a rainha com a arma sob o queixo. Nuno apenas a olha de relance continuando a esganadura.
"Dois..." Mesmo cego de ódio, querendo exterminar aquela pedra do seu caminho, Nuno larga Salvador para o contentamento de Massara.
Cansada da jornada que teve que enfrentar para chegar alí, cansada de ficar no meio desta guerra de irmãos, cansada do ódio mútuo entre eles. Ela se ajoelhou e chorou por um breve momento. Ao levantar a cabeça, Massara viu seu filho Salvador com a outra arma em suas mãos fracas e trêmulas pelo pleito com Nuno e iria atirar no irmão pelas costas.
Há momentos que as ações são recuperadas em fração de segundos, não dando espaço de tempo para uma tomada de decisão mais racional. Nuno não escaparia de Salvador. O grito de Massara veio junto ao disparo. Disparo esse que saiu da arma da rainha, atingindo na altura do peito de seu filho do meio.
Massara queria freia-lo, para-lo. Não atingir mortalmente seu filho, a mulher levanta para socorrer Salvador, porém sem sucesso. Alvejado pela própria mãe, Salvador cambaleia com a mão sobre o ferimento, lágrimas escorrem nos olhos do homem que cai do penhasco mais alto do reino Arbória.
Impedida por Nuno, Massara queria jogar-se atrás do filho. Como poderia viver com aquela dor? Não poderia viver. Nenhuma mãe poderia. Foi até o penhasco para impedir um fratricídio e acabou por cometer um filicídio.
Por outrora, Nuno inspirou-se extasiado, assim como seu falecido padrasto queria, ele seria o mais novo Rei de Arbória.
Oi gente! Vou pôr sempre umas palavrinhas aqui que soarem um pouco diferente.
JUSTA também pode ser chamada de duelo.
PLEITO o mesmo que briga.
MUSTANG não é o carro, é uma raça muito valiosa do cavalo.
FRATRICÍDIO nome dado quando se é morto pelo próprio irmão.
FILICÍDIO nome dado quando pai ou mãe mata o próprio filho.
Muito obrigada por passarem por aqui e deixar seu comentário e sua estrelinha.
Naquela manhã, um pouco antes do funeral de Ane. O periódico Arborense abalava as estruturas do palácio real."O que deu na cabeça de Teobaldo, René?" Nuno perguntava ao duque que tinha em mãos o periódico com a manchete sobre a morte de Ane Lerim.Abaixo do desenho de uma menina com a boca costurada, vinha o título da manchete. -- SEU SILÊNCIO É CONIVENTE -- Teobaldo auxiliado por Cristóvam, lembrou inúmeras mortes sem solução das meninas de Arbória."Os parentes violam essas meninas e querem que a responsabilidade seja nossa." O duque fala indignado."Não estou nem questionando quem comete os crimes. " Ele soca a escrivania."O que estou questionando é a empáfia de Teobaldo, não nos excluiu da conveniência. Deixou implícito para bom entendedor ler."
Serena, Dilany dormia na cabana aonde seria o cativeiro da realeza. Tinha algumas escoriações por conta da queda na ribanceira, mais nada demais. Estava sendo muito bem cuidada, apenas mantida desacordada, pelo tempo que fora necessário.A esponja que umidecia seus lábios, tinha a mesma erva que a deixou tonta e desnorteada quando partia com Madame Irlanda, era necessário que Dilany não acordasse, aquela que todos chamam de bruxa, não permitiria. 👑👑👑👑👑 Nuno repreenderia quem entrou em seu quarto. Todos sabem que aquele era o horário de suas orações e não gostava nem um pouco de ser interrompido. Estava de joelhos diante do oratório. Quando levantou-se, virou em cólera para ver de quem se tratava. Titubeou como se fosse cair novamente. Não podia acreditar quem ali na sua frente estava. Chegou a pensar em uma alucinação.<
Apolo parecia mais feliz que Salvador, quem o visse diria que o animal negro de pêlo vistoso sabia que estaria de volta ao lar. A todo momento acenava para alguém que passava rumo a festa, alguns lhe conheciam e ficavam estupefatos, outros nem imaginavam de quem se tratava e simplesmente ignorava.No caminho, os sinais que tudo deu certo com o plano. Os pais revoltados estariam ao lado de fora apenas como prevaução. Salvador sabia o quão fraco era Nuno, via a cena em sua cabeça. Seu meio irmão gritaria fazendo eco pelo palácio, mas quando entendesse que nada salvaria sua família cederia em tudo o que lhe pedisse.Ao sair do caminho verde, a estrada que ficava no meio da mata bruta, Salvador já podia avistar toda a frente de pedra do palácio. No lombo de Apolo, emocionou-se com lágrimas que rolavam pelo seu rosto, em breve tudo o que tentaram lhe tirar e era seu por direito, estaria de vo
"Haa" Os arreios eram frouxos, assim Raia disparava levantando poeira pela estreita estrada. Ao pensar no que sua vida transformara, cavalgar com Raia, era uma de suas poucas felicidades. Mesmo esse passeio não sendo recreativo, ainda sim lhe dava prazer a companhia de sua égua.No final da senda, avistava o carro que estaria Laureano, no meio de todos os homens do grupo, seria certo dizer que o pai de Josephine era o mais sensato, ou mais tranquilo como muitos diziam. Por isso fora escolhido para ficar com Dilany junto a rainha Catléya e seus filhos.O plano seguia seu curso, prenderiam a família de Nuno, apenas para que ele confesse seus crimes. Não os machucariam, a rainha e os pequenos príncipes, não poderiam ser punidos pelos erros atroz do rei.Ao aproximar-se, a camponesa vai puxando os arreios devagar, fazendo a égua parda frear a intensidade do galope. Dilany desceu do animal, ao lado do carro que
Eram muitas dificuldades. Alguns poucos camponeses portando armamentos de pouco poder, contra uma guarda real muito bem armada. Tal discrepância poderia terminar em mais desgraça. Contudo, três fatores os fizeram seguir em frente. O trunfo, o efeito surpresa e a estratégia.O trunfo nada mais era que o príncipe de Arbória ao lado dos campônios, o efeito surpresa seria a total ignorância da realeza de uma possível retaliação. Já a estratégia, Salvador estava sendo totalmente contra."Meus sobrinhos e cunhada não tem nada haver com as atrocidades de meu meio-irmão. Atacamos ele e somente ele." Discorre convicto."Oras! Vossa alteza diz está do nosso lado e já está dando para trás no plano que nem começamos ainda." Questiona Joafram."Estou com vocês como a semanas atrás ao revelar-me para todos. O que não quero é, covardia com mulheres e crianças. Vós aqui estão justamente em reprova as atitudes de Nuno. Vamos o
Eram tantas vozes ao mesmo tempo, que ficava difícil entender o que se passava. Dilany aguardava ao lado de fora, conforme prometera a Salvador. Contudo, após um curto período de obediência, ouvira o início de embates e resolvera entrar.Empurrou a porta do pequeno templo a fechando de costas. Quando virou-se, a discussão acalorada cessou, deixando em seu lugar um silêncio constrangedor. Naquele instante os olhos curiosos daqueles que por ali estavam, eram voltados para si.Olhos curiosos por assim dizer. Pois na verdade, muitos eram de desdém. Aqueles homem olhavam por cima a afronta da mocinha invadir uma reunião de suma importância. Nenhuma mulher deveria está ali -- pensavam -- nem mesmo as trajadas de calções e galochas, como despojava Dilany.Alguns nem perguntaram, entenderam que Cícero fizera de sua filha homem para protege-la. Mas havia aqueles que não entendiam bem qual era a verdadeira natureza de Dilany Ziran.Para total confusão de mu
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