Capítulo 8

A festa da coroação entrava no segundo dia, após o almoço com os convidados nobres, os portões do palácio serão abertos a todos. Aonde o rei fará seu discurso e será oficialmente apresentado ao povo de Arbória.

Quase todos dormiam, o cansaço provocado pela comemoração correu madrugada a fora, dominava. De certo poucos acordariam para o desjejum. Provavelmente irão desjejuar junto com o almoço.

O príncipe Cristóvam era um dos poucos que estava de pé. Acordou cedo com intenção de galopar pelas redondezas, talvez quisesse ver algo ou alguém. Era a primeira hora da matina, a mesa do desjejum não estava posta. Nunca foi acomodado, resolveu ele mesmo ir até a cozinha degustar algo antes de sair para a montaria.

Os servos da cozinha real, ao ver o príncipe adentrar o local se espantam. Aquele que mais se incomoda é o cozinheiro Gusmão.

"O que faz aqui vossa alteza. Errastes o caminho?" Pergunta enquanto enquanto enxuga as mãos em uma toalha.

"Bom dia a todos!" Cristóvam cumprimenta, estupefatos ninguém responde. "Bom dia a todos. Não se dá bom dia em Arbória?"

"Bom dia!" E o som é plural.

"Se dá bom dia sim alteza, mas entre nós. Um príncipe vir até a cozinha e nos dar bom dia, é algo estranho por aqui." Disse uma serva simpática de meia idade.

"Pois saibam que em Mazog eu vou muito a cozinha e preparo meu próprio alimento."

"O QUÊ!!!" Se espanta o cozinheiro da barbicha parafinada. "Só falta dizer que sabe cozinhar."

"Não. Mas gostaria. Sei descascar laranjas e extrair o sumo delas e também sei fazer sanduíche de queijo." Todos continuam a olhar o príncipe como se fosse louco. "O papo está ótimo, só que vim até aqui para comer uma fruta, alguém poderia me servir uma maçã?"

"Claro." A senhora simpática pega dentro de um cesto e entrega o fruto a Cristóvam.

Pelos fundos da cozinha, alguém adentra com caixotes cheios de hortaliças que cobriam seu rosto e as põe no chão. Ao ver quem era o entregador de verduras, Cris sorrir. O júbilo em forma de sorriso, faz Dilan sentir-se encabulada, por sua vez a moça se contém, aprendeu bem a camuflar as emoções.

Sob os olhos assustado de todos, o príncipe ajuda a Dilan descarregar as demais caixas.

"Não precisa amigo." Dilan dar tapas nas costas de Cris. "Estou acostumado a fazer esse trabalho todos os dias."

"Quatro mãos trabalham bem melhor que duas." O princípe argumenta e continua a descarregar  os caixotes de hortaliças.

"Isso é verdade." Eles se dirigem até o carro ao lado de fora e curiosa Dilan pergunta. "Porque está vestido igual a um janota?"

"Me visto assim. No dia em que me conheceu vinha de viagem por dois dias sem me assear no lombo do cavalo. Estava coberto de andrajos"

"Parecia esfarrapado." Eles riram.

"Poderíamos cavalgar e conversar um pouco?" Cristóvam pede aos sussurros.

"Não seria uma boa ideia." Ela olha os arredores e observa se tem olhos e ouvidos em cima deles. "Além do mais, me deram a função de cuidar da estrebaria essa semana."

"Então lhe ajudo." Se põe solicito.

"Vai deixar de fazer o seu trabalho e fazer o meu?" A jovem se espanta.

Cristóvam sorrir diante do questionamento de Dilan, e responde a moça. "Só aceito trabalhos livres."

Dilan saiu rumo a estrebaria, seguida por Cris. A estrebaria era enorme com mais de cem animais. Ficava a lateral do lago Santo a frente da capela do palácio.

A capela tratava-se de um templo pequeno, pintado de branco com portas e janelas de madeira pintadas em azul celeste e no alto uma grande Cruz.

"Sempre quis entrar nessa capela. É bem humilde e pequena comparada a igreja cheia de riquezas do vilarejo, mas a vejo com mais personalidade do que os grandes templos religiosos."

"E porquê não entras?" Cris tentar encorajar Dilan.

"Porque não tenho autorização." Responde o que para ela é o óbvio.

"A igreja é para todos. Concordas?" Fala estudando Dilan.

"Em parte sim."

"Então não se fala mais nisso. Quando acabarmos com parte do serviço da estrebaria, antes do almoço. Entraremos na capela."

"És meio louco." Afirma rindo. "E eu sou mais, porque gosto dessa sua liberdade. Gosto muito."

Um tanto atrevido, Cristóvam pega a mão de Dilan para beijar, que a puxa imediatamente e segue pára cumprir sua tarefa.

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Dilan e Cristóvam banharam uma quantidade considerável de animais, e cuidaram de equipamentos necessários. As badaladas do sino indicava que a hora do almoço havia chegado.

O príncipe se aproximou de Dilan que terminava de escovar a crina de uma linda égua.

"Hora do almoço chegou bem rápido. Vamos almoçar?"

"Sim, mas irei comer por aqui mesmo. Você come aquela comida do palácio?" Pergunta curiosa..

"Sim. É bastante saborosa."

A campônia faz uma cara de nojo. "Saborosa! Eles dão para a gente comer o que sobra dos pratos da ceia dos nobres. Ou sopa de crista de galinha e legumes passados. Caso não tenha os dois primeiros, pão dormido quase mofando e água."

"Cruzes em credo!" O príncipe se espanta. "Como podem ser tão mesquinhos!"

"Tu és novo por aqui. Por isso ainda se espanta com as leis de Arbória." Dilan deduz.

"Talvez."

"Minha mãe sempre apronta minha comida, ela é bem farta. O que trouxe dar para nós dois comer. Aceitas?"

"Só se comermos na capela." Impõe sua condição.

Dilan o olha esboçando um sorriso. "Gostas mesmo de desafiar."

"Olha quem fala, a linda senhorita que se faz passar por um rapazote. Desafiando os costumes escabrosos de um reino."

"O que faço é mais me esconder do que desafiar." Discorda do rapaz a sua frente.

"Depende do ponto de vista. Pode se esconder do reino. Entretanto desafia a história feminina do mundo."

"Como assim?" Pergunta confusa.

"A mulher é tachada previamente como algo quebrável, fraco e com objetividade limitada ao que é imposta. Você é uma jovem miúda que faz trabalho braçal tão bem quanto qualquer homem possa fazer. E com objetividade própria. Posso andar milhões de léguas, que não encontrarei outra igual perdida por aí."

Dilan ouviu Cristóvam com seu coração palpitando "Nos conhecemos a dois dias e não sabemos nossos nomes."

"Verdade. Me chamo Cris." Se curva pedindo a mão de Dilan.

"Me chamo Dilany Ziran."

Cristóvam pega a mão de Dilan e beija a parte superior com acalento. A jovem puxa a mão rapidamente.

"O que houve! Não lhe cumprimentam beijando-lhe a mão?"

"A verdade é que não. Sou um cavalheiro lembra? Além dos mais, minhas mãos estão sujas."

Cristóvam fica por alguns segundos admirando o olhar negro e penetrante daquela jovem, até propôr novamente. "Vamos almoçar na capela. Sim ou não? Confesso que estou faminto e doido para provar da boa comida que trás consigo."

Dilany assente dando um belo sorriso,  a jovem pega o almoço dentro do baú do carro e segue com o príncipe rodeando o lago Santo rumo a igreja.

Ao ser aberta, a longa porta de madeira ecoou um forte ruído. Pelo estado interno da igrejinha. Os nobres de Arbória a muito tempo não a utilizam. Pó e teia de aranha tomavam a capela.

"Será difícil a gente comer aqui no meio dessa sujeirada" Alerta o príncipe.

Dilan com a sobrancelha arqueada o contesta. "Não sei quanto a você, mas eu já comi em lugares bem piores. Para mim aqui está ótimo."

"Se está para bela dama, está para mim também."

Os jovens sentaram-se a beira do pequeno altar e fizeram a repartição do alimento.

👑👑👑👑👑

Cristóvam estalava os dedos na frente do rosto paralisado de Dilan. Até que ela sai do transe.

"Perdoi-me. Me perdi em pensamentos."

"Seria por demais coscuvilheiro se por um acaso lhe perguntasse no que pensavas?" 

"Um pouco coscuvilheiro talvez" Dilan sorri. "Pensava o que me faz está aqui sentada no altar, debaixo da imagem de Cristo, conversando e almoçando com alguém que mal conheço. Realmente é algo estranho para mim a minha atitude. Se caso não tivesse o que esconder já era perigoso, ainda mais tendo."

"Sabia que as vezes lhe damos com pessoas por anos, mas sem conhece-las verdadeiramente?" Dilan ouve atenta. "Seres que passam por nossas vidas sem fazer a menor diferença. Por outro lado, há pessoas que invade nossa vida de forma displicente, mas com tamanha força, que parece que ela sempre fez parte." Dilan sente o ventre contrair com a voz aveludada do príncipe. Sem entender muito o que se passava com o corpo, assustou-se e levantou em um só pulo.

"Tenho que ir, vou lavar mais uns animais e depois ir buscar meus pais para coroação. Obrigado pela companhia Cris." Ela recolhe os potes e vai saindo a passos largos.

"Não fujas de mim Dilany. Minhas intenções com você são as melhores."

Dilan caminhava pelo tapete vermelho empoeirado da capela em direção a porta, mas parou e respondeu a Cristóvam, contradizendo os pensamentos do príncipe. "Não penso como você. Não deverias ter boas ou más intenções para comigo, já que acabara de conhecer-me.

Oi Gente!

JANOTA é como playboy hoje em dia.

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