Blair acenou para um táxi. Ela empurrou a porta do táxi e subiu no banco de trás o mais rápido que pôde, determinada a sair dali imediatamente. Ela estava com vontade de ficar bêbada. Mas se ela fosse a um bar sozinha durante o dia, isso seria convidar problemas. Ela podia sentir as lágrimas deslizando livremente por seu rosto. Ela havia se mantido firme enquanto confrontava Dan e Laura.
— Para onde? — o motorista perguntou, sua voz cortando a névoa em seu cérebro.
Para onde? Boa pergunta.
Casa não era uma opção. Sutton e Keira estavam no trabalho, e ela não queria ficar sentada no apartamento vazio delas, revivendo a imagem de Dan enrolado nos lençóis de sua prima. Ela precisava de uma bebida. Mas ficar sentada sozinha em um bar no meio da tarde? Isso parecia hastear uma bandeira branca.
Ela hesitou, depois soltou o endereço de seu escritório. Pelo menos lá, ela poderia fingir ser produtiva. Talvez até descobrir o que diabos fazer a seguir.
O táxi se afastou do meio-fio e ela exalou, tentando se acalmar.
O motorista a olhou pelo retrovisor.
— Tem lenços de papel no compartimento central se você precisar, querida.
A voz do motorista era gentil, como se ele tivesse visto mulheres chorando no banco de trás o suficiente para saber quando falar e quando ficar quieto.
Blair pegou um punhado.
— Obrigada. — Ela disse antes de limpar o rosto da melhor forma possível. Não era como se ela usasse muita maquiagem. Então ela poderia muito bem limpar o rosto.
Seu telefone começou a tocar. Dan.
Ela ainda o tirou da bolsa para verificar. Seu estômago se apertou enquanto olhava para a tela, o nome dele brilhando em letras brancas na tela.
Ela podia imaginar as primeiras palavras que ele diria.
"Não é o que parece, Blair."
"Eu posso explicar."
"Por favor, só me deixe falar com você."
Mentiras. Desculpas. A mesma besteira que os homens sempre cuspiam quando eram pegos.
Ela colocou o telefone no silencioso e o enfiou de volta na bolsa.
Quando o táxi parou em frente à imponente estrutura de vidro e aço da Kingston Industries, sua maquiagem estava além de qualquer salvação. Ela enfiou a mão na bolsa, pegou uma nota de vinte amassada e a entregou ao motorista.
— Seja honesto — ela disse, forçando um sorriso. — Eu pareço uma mulher que acabou de descobrir que seu noivo está transando com sua prima?
O motorista hesitou, dando uma olhada cuidadosa nela.
— Seus olhos estão um pouco vermelhos, querida, mas é quase imperceptível. — Ele fez uma pausa. — Você vai ficar bem?
A bondade inesperada quase a desfez.
Ela engoliu o nó na garganta e assentiu.
— Sim. Melhor descobrir agora, certo? Só um pequeno obstáculo na estrada da vida. — Ela não tinha certeza de quem estava tentando convencer... o motorista de táxi ou ela mesma.
Depois de pagar o motorista em dinheiro, ela saiu do táxi, colocou a mala na calçada e respirou fundo. Blair verificou a tela do telefone para ver que Dan havia ligado para ela seis vezes e deixado seis mensagens em seu correio de voz. Desinteressada no que ele tinha a dizer, ela guardou o telefone na bolsa.
Blair se virou em direção à imponente estrutura de vidro e aço da Kingston Industries. Roman havia comprado o prédio cinco anos atrás. Os oito andares superiores pertenciam à Kingston, os três inferiores alugados para empresas menores. Com a forma como a empresa estava se expandindo, ela não se surpreenderia se eles assumissem o prédio inteiro eventualmente.
Ela entrou, ajeitando a bolsa no ombro.
— Senhorita Warner, posso ajudá-la? — Blair piscou. Maggie, uma das recepcionistas, havia saído de trás da mesa de recepção do saguão, seu olhar passando por Blair.
Maggie avançou, pegando a mala dela. Na mesma mão de Blair, ela ainda estava segurando o taco. Blair havia esquecido completamente que estava segurando-o em sua mão.
Blair havia entrado no escritório parecendo que estava prestes a cometer um crime grave. Ela ficou aliviada, no entanto. Era algo que ela não precisaria recuperar mais tarde.
Blair exalou, aliviada.
— Obrigada, Maggie. Posso deixar tudo aqui enquanto me arrumo? — Ela ficou surpresa com o quão... normal sua voz soava.
— Claro, senhorita Warner. — Os olhos de Maggie voltaram para o taco novamente.
— Blair, por favor. Quantas vezes eu tenho que dizer? — Roman preferia primeiro nomes, mas alguns funcionários, especialmente os mais novos, pareciam ter dificuldade com isso.
Mais com Roman do que com ela.
Maggie sorriu, pegando a mala, a pasta executiva e o taco.
Blair atravessou o saguão em direção ao banheiro.
Lá dentro, ela foi direto aos espelhos. O motorista do táxi não havia sido apenas gentil. Ela realmente não estava tão mal assim. Ela pegou um lenço demaquilante de sua bolsa e limpou os últimos restos de rímel. Uma rápida passada de pó, um pouco de gloss labial, um pouco de delineador.
Ela beliscou as bochechas. As pessoas sempre diziam que isso dava cor, mas ela não via diferença.
Seus olhos azuis ainda estavam um pouco vermelhos, mas não havia muito que ela pudesse fazer sobre isso. Ela pegou uma escova, soltou seu cabelo loiro longo e ondulado do coque e o refez com cuidado. Bom o suficiente.
Ela saiu do banheiro, recuperou seus pertences com Maggie e seguiu para os elevadores. Enquanto esperava, ela tentou lembrar da agenda de Roman. Ele tinha alguma reunião esta tarde?
Então a fisgou. Ele não deveria ter estado em casa hoje. Então nenhuma reunião estava agendada em seu calendário.
Ela suspirou. Seu cérebro estava frito. Mas pegar seu noivo transando com sua prima faria isso com qualquer um.
O pensamento a fez franzir a testa.
Com que frequência eles estavam fazendo isso? Dan estava em casa durante um dia de trabalho. Ela viajava ocasionalmente a trabalho, mas não com tanta frequência. Se o caso deles estava acontecendo há meses, eles tinham que estar se encontrando durante o horário de trabalho da empresa.
O elevador chegou. Uma mulher que ela não reconheceu entrou com ela.
Blair ofereceu um sorriso educado e tenso. Quando a mulher saiu no segundo andar, Blair se recostou contra a parede, olhando para o nada.
Ela deveria contar a Roman sobre Dan? Pareceria ressentimento... dedurar só porque ele traiu. Mas ele também estava roubando a empresa. De jeito nenhum ele poderia chegar em casa, fazer sexo com Laura e voltar ao escritório durante o intervalo de almoço.
O elevador apitou. Blair inalou profundamente antes de sair no andar executivo.
Kara, a recepcionista no andar executivo, olhou para cima.
— Oi, Blair. Eu não achei que você viria hoje.
Blair sorriu.
— Não estava planejando, mas achei que adiantaria as anotações da reunião para Roman. Ele está?
Kara balançou a cabeça.
— Não, ele saiu há pouco tempo. Ligou para que segurassem suas ligações.
Blair quase desabou de alívio. Ela não teria que enfrentá-lo ainda.
— Obrigada, Kara.
Ela foi para seu escritório, fechou a porta e afundou em sua cadeira.
Blair apoiou a cabeça na mesa. Merda. Ela sentia como se uma bola de demolição tivesse acabado de dividir seu mundo em dois.
Como ele pôde? Mas ainda pior do que isso, como Laura pôde?
Os problemas infantis que todos eles tinham quando crianças, Blair pensou, eles haviam superado isso. Laura sempre havia sido uma pirralha mimada. Pegando o que não era dela.
O problema eram os pais dela, a tia e o tio de Blair, que a adoravam e lhe davam tudo o que ela queria. Mas quando elas se mudaram para a cidade dois anos atrás, Laura não estava tão ruim ou Blair já teria se mudado com suas irmãs. Ela não o fez quando Sutton voltou da Europa porque sua irmã Keira tinha acabado de terminar a universidade. Keira havia se mudado com Sutton. Ela se sentiria culpada deixando Laura sozinha para se mudar com suas irmãs. Qual era o objetivo, de qualquer forma? Ela e Dan planejavam conseguir um lugar próprio assim que se casassem.
Levantando a cabeça, Blair olhou para o anel em seu dedo. O anel de noivado que Dan lhe deu.
Não era grande. Ela não queria grande. Ela se certificaria de que ele o recebesse de volta. Ele poderia vendê-lo. Porque ela tinha certeza de que Laura iria querer um anel grande e vistoso. Ela havia zombado do anel de Blair.
Tirando-o, Blair estava prestes a jogá-lo pela sala. Não, só no caso de ele se perder. Abrindo a gaveta superior de sua mesa, Blair o deixou cair lá dentro, batendo-a com força. Ela precisava de uma bebida. Levantando-se, Blair foi ao escritório de Roman, onde sabia que ele guardava uma garrafa de uísque. Ela não era muito de beber destilados, mas qualquer coisa serviria.
O escritório de Roman era uma declaração do próprio homem. Tudo era grande, forte e masculino.
— Não se esqueça de intimidador. — Blair disse para a sala vazia.
Indo até a mesa dele, ela abriu a gaveta inferior e puxou a garrafa de uísque que Roman guardava lá. Pegando-a, ela se sentou em seu sofá Chesterfield perto da janela. Ela abriu a garrafa e tomou um gole. Quase cuspindo de volta.
— Puta merda, essa merda queima. — Blair sabia que era uma garrafa cara. Porque Roman só gostava do melhor.
O problema era que era puro. Por que ele gostava dessa merda pura? Desta vez, quando ela colocou a garrafa na boca, Blair se certificou de dar um gole desta vez. Não, isso não ajudou. Mas não foi tão ruim quanto o primeiro gole. Então ela tomou outro. Apoiando a cabeça contra o sofá. Ela havia vindo aqui para pensar. Qual era seu próximo movimento?
Levantando a mão para poder ver o mostrador do relógio, Blair viu que eram 3:15 da tarde. Ela não podia ligar para Sutton ou Keira. Ainda não. Deixá-las voltar do trabalho. Blair planejava pedir a Sutton e Keira que a ajudassem a organizar a retirada de suas coisas do apartamento. Embora ela não quisesse pressionar muito sua irmã mais velha, Sutton. Ela estava grávida de seis meses, e não tinha sido uma gravidez fácil.
Homens. Por que eles eram babacas? Primeiro, seu chefe por ser tão arrogante e intimidador e às vezes rude. Depois Dan, que estava traindo ela com sua prima Laura há meses. Quão baixo isso era? Depois havia Luca, o pai do bebê de Sutton. Que a deixou desamparada e grávida?
Então ela pensaria em ficar no lugar delas até poder encontrar algum lugar. O lugar delas não era grande o suficiente para três adultos e um bebê. Quando o bebê chegasse. Mesmo assim, seria ótimo passar algum tempo com suas irmãs. Comer sorvete e falar mal de homens.
Embora Sutton nem falasse sobre o homem que a engravidou. Era um tópico que ela se recusava a discutir. Mesmo quando a tia Viv e o tio Peter exigiram respostas. Blair levantou a garrafa novamente até a boca. Apenas ela e Keira sabiam o primeiro nome dele.
O telefone começou a tocar na mesa de Roman. Blair tentou ignorá-lo, mas assim que parou de tocar, começou de novo. Blair se moveu para a beirada do sofá, levantando-se. A sala pareceu inclinar levemente, provocando um rápido "Opa" a escapar de seus lábios.
Depois de recuperar o equilíbrio, ela foi até o telefone e levantou o fone.
— Alô? — ela cumprimentou no aparelho. Não muito profissional, ela pensou.
— Roman, por favor. — Blair conhecia a voz. Era Claire Robertson. O casinho de Roman. Era a melhor maneira de descrever Claire. Ela tinha essa voz boba e infantil que irritava Blair profundamente.
— Roman não está aqui. — Blair colocou uma mão na mesa de Roman para ajudar a parar o balanço da sala.
— Onde ele está? — Claire perguntou.
— Como diabos eu deveria saber? — Blair ficou surpresa com sua resposta. Merda, de onde isso veio?
— Você é a secretária dele. — Blair podia ouvir a raiva na voz da outra mulher.
— Sim, mas não sou sua babá e com certeza não tenho uma bola de cristal. Ligue ou mande mensagem para o celular dele. — Blair estava cansada dessa conversa.
— Ele não está atendendo o celular, não atende há dias. — Claire choramingou.
Os lábios de Blair se abriram ligeiramente. Ah.
Essa era a jogada de Roman. Ele não discutia, não fazia saídas dramáticas. Ele apenas começava a evitar antes de fazer um rompimento limpo. Se Claire não tinha notícias dele há dias, estava acabado. Ela só não sabia disso ainda.
O diabinho em seu ombro a fez fazer isso. Mas Blair não pôde evitar as próximas palavras.
— Bem, uma de duas coisas aconteceu. Ou você está prestes a levar um pé na bunda, ou ele está morto. De qualquer forma, flores estarão envolvidas.
Blair suspirou quando ouviu o suspiro chocado do outro lado do telefone, o uísque aquecendo suas veias e soltando sua língua.
— Olha, Claire, vamos ser honestas. Ele não é material para casamento. Encontre alguém novo. — Ela não esperou por uma resposta, apenas desligou e deixou o fone de volta no lugar.
Ela desabou de volta no Chesterfield, levantando a garrafa até os lábios novamente.
Seus próprios problemas ressurgiram para assombrá-la. Como ela foi tão cega? Como ela não percebeu os sinais? Ela não era uma idiota. Dan era vendedor. Ele havia vendido a ela o sonho do felizes para sempre. Ela apenas estava cega para as rachaduras em seu relacionamento.
Não apenas isso, parecia que ela estava perdendo algo em sua vida sexual. Se o que ela havia testemunhado entre Dan e Laura era uma indicação de como o ato deveria ser. Ela gostava o suficiente, mas não era algo que a fazia gritar como Laura estava fazendo. Isso era para inflar o ego dele? Ela deveria estar fazendo isso? A questão era que ela não sabia.
Dan havia sido seu único amante. Era trabalho dele ensiná-la. Ela não sabia quanto tempo ficou lá bebendo e amaldiçoando os homens.
Blair suspirou, levantando a garrafa novamente... apenas para pausar quando notou duas figuras altas e borradas em pé na sua frente.
Espera. Não. Não duas. Apenas uma.
Blair estreitou os olhos.
— Oi.
Ela tentou se sentar, levando a garrafa até a boca, mas antes que pudesse tomar outro gole, ela foi arrancada de sua mão.
— Ei — ela protestou. — Isso é meu. Se você quer uma, vá encontrar a sua.
Ela piscou, tentando focar.
O homem parado na frente dela... aquele segurando a garrafa, entrou em foco.
— Roman?
— Blair — ele disse, sua voz indecifrável. — O que você fez consigo mesma?
— Bem — ela disse, arrastando levemente as palavras — acho que isso é... bem óbvio. Como você pode ver, estou ficando bêbada pra caralho. — Ela estendeu a mão para a garrafa. — Agora devolva para que eu possa terminar o trabalho.
Roman se afastou, colocando a garrafa em sua mesa.
— Acho que você já bebeu o suficiente.
Blair franziu a testa.
— Sabe... às vezes você pode ser um babaca. Não, na maioria das vezes.
— Acredito que você vai se arrepender disso amanhã.
Então, para sua surpresa, em vez de gritar com ela, ele se sentou ao lado dela.