"Nem todo incêndio começa com fogo. Alguns nascem no coração de quem nunca soube amar."
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Era só um remédio.
Um comprimido bobo. Nada mais.
Mas quando Viktor se aproximou com o copo d’água e a caixinha na mão, aquela expressão em seu rosto — um olhar mais afiado, sério, quase militar — fez até a febre de Sophia recuar.
— "Vai tomar. Sem drama."
Sophia arqueou uma sobrancelha, os olhos semicerrados:
— "Isso é abuso de poder, senhor."
— "Pode anotar na ficha disciplinar. Mas você vai tomar."
Ela bufou, pegou o remédio e engoliu de uma vez só, de cara amarrada.
— "Satisfeito, Major?"
— "Só se você ficar boa logo."
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Na manhã seguinte, Sophia já estava sem febre, mas ainda tossia e sentia o nariz entupido. O som metálico dos próprios passos pelos corredores ecoava mais do que deveria. Estava indo guardar alguns documentos na sala de arquivo — uma tarefa simples, quase mecânica. O tipo de coisa que se faz pra não pensar demais.
Ao entrar, não sentiu o cheiro.
Gasolina. Misturada com algo