MÁGOAS
MÁGOAS
Por: Hermann Tolosso
UM CORAÇÃO QUEBRADO

Ela entrou em casa com os olhos todos vermelhos, um rosto melancólico, sem falar nenhuma palavra, nem cumprimentou os seus Pais que estavam na sala a ver TV, o seu dia não tinha sido um dos melhores. Ela foi direita para o quarto, tirou lentamente a roupa e entrou no banheiro, ligou o chuveiro e enquanto a água tocava o seu corpo, ela chorava de tanta dor, ela sentia um vazio dentro de si, ela só queria desaparecer, para ela o mundo já não tinha mais sentido, ela não estava realmente bem...

Enquanto estava no banheiro o seu telefone tocava sem parar. Saindo do banheiro ela encontrou oito chamadas da sua melhor amiga, a Sofia. Sem ânimo ela vestiu o pijama e retornou a chamada;

-Boa noite! Sofia!

- O que aconteceu? Onde tu estavas? Paola! Liguei tanto, fiquei preocupada.

-Eu não quero conversar, o meu dia não foi dos melhores, eu quero desaparecer!

- Calma, eu sei que vocês já não estão juntos, mas não podes pensar assim.

- Sofia me deixa!

- Sei que o amavas, mas tens que superar, eu sei que não é fácil, mas é o mais certo.

Paola fez uma pausa, respirou fundo, tomou balanço e respondeu;

- Não é fácil. Eu não sei aonde errei, eu dei tudo de mim, fiz tudo para dar certo, eu o amei, eu só o quero, ele é tudo para mim, ele é o meu amor e o pior de tudo foi sua justificação.

- Eu sei o quanto lhe amas, mas se não é recíproco não vale a pena.

-Mas foi recíproco e tu sabes, sempre foi recíproco, não consigo entender essa mudança, foi rápido demais! Eu desisto do Amor, estou cansada de amar e depois me decepcionar.

- Não faças isso, ainda és jovem e tens muito pela frente.

- Não importa, eu desisto. 

- Por quê que desistes?

- Eu dei o meu melhor, mas mesmo assim ele me deixou, estou totalmente arrependida por tudo que eu fiz por ele.

- Amiga, minha linda, não é fácil, eu te juro, eu já senti na pele isso e hoje quando me lembro de tudo que passei, eu rio. Tu não podes te arrepender por tudo que fizeste, tu deste o teu melhor, te entregaste porque achaste que ele era o homem certo, porque tu o amavas, então não te arrependas.

- Vou descansar Sofia, feliz noite!

- Obrigado, Paola, melhoras...

Depois de desligar a chamada com a sua Best friend, Paola ligou um rádio que tinha em seu quarto, colocou as músicas da Hasley, Adele, Sia, no quarto todo escuro ela chorava enquanto ouvia as músicas, ela se lembrava do homem que lhe tinha partido o coração, o homem que ela tanto amava. Ouviu durante horas, até cair no sono.

Um novo dia nasceu às ruas estavam cheias de neve, o ar fresco entrava pelas janelas, estavam no inverno, o clima estava agradável, Paola acordou sem ânimo algum para ir à escola, mas ela sabia que o mundo não tinha parado só porque o seu namoro tinha terminado. Paola é uma jovem de 21 anos, negra, com cabelo liso e comprido, com um corpo formoso, ela praticou ginástica durante anos, com uma altura de 1,70 m e com uma face bastante encantadora. Filha única, vivia em Los Angeles com os seus Pais, bastante inteligente, ela está cursando Economia, o seu maior objectivo é acabar com a desigualdade mundial, este foi à grande motivação para cursar Economia. 

- Paola seja rápida ou vais te atrasar!

- Já estou a descer, Mãe.

 Paola pegou na mochila, deu um olhar rápido ao espelho e foi ter com a sua Mãe. A sua Mãe já a esperava no carro, e o seu Pai já tinha ido ao trabalho.

Durante o percurso até a Universidade, Paola estava muito calada, mas a sua mente estava agitada, com um olhar triste, fácil de notar que algo se passava, mas a sua Mãe não se apercebeu que a filha estava aos prantos, que ela estava diferente, Paola normalmente é muito divertida, mas nesse dia estava muita calada, quando chegaram à Universidade ela desceu e deu um até logo, para a Mãe, e a mesma respondeu igualzinho.

Enquanto ela caminhava para dentro, Sofia dava passos largos, para tentar alcançar a amiga, Paola não estava mentalmente na escola.

Paola, Paola, Paola... Sofia gritava, mas Paola está tão fora desse mundo, que não escutava nadinha, Paola entrou para a sala de aula, quando estava prestes a sentar, Sofia tocou - lhe nos ombros, ela virou-se e abraçaram – se.

Sofia era que nem uma irmã para ela, as duas não tinham irmãos, e Sofia vivia só com a Mãe, seu Pai faleceu muito cedo, vítima de um acidente rodoviário, quando ela tinha oito anos, Sofia cresceu praticamente com sua Mãe.

Sofia não era magra, ela tinha um corpo chamativo, uma altura de 1,69 metros, só um pouco mais baixinha do que Paola, negra, gostava de cortar o cabelo, usava o cabelo curto e o seu cabelo era cacheado, diferente de Paola.

Abraçaram-se durante 5 minutos e terminando o abraço, ambas foram sentar-se. 

O professor de contabilidade apresentou-se, fez uma breve introdução da disciplina e agradeceu pela presença de todos.

As amigas pegaram-se e foram até ao parque da Universidade sentar, infelizmente durante o percurso, Paola viu o seu ex namorada, o amor da sua vida, ele também a viu e fez um gesto, como uma saudação e Paola não respondeu, ainda magoada pelo término sem fundamento, e achando que os motivos que lhe foram apresentados não tinham cabimento, ela decidiu ficar longe, bastante longe dele. Ele depois de perceber que seria ignorado para sempre, decidiu entrar, para não lhe deixar mais incomodada.

Sofia e Paola, ficaram horas no parque a falar sobre as férias, sobre os planos, sobre trabalho e como poderiam ajudar de alguma forma a mudar o mundo. Sofia queria distrair a amiga, esvaziando da cabeça dela os pensamentos tristes e sem nexo.

Já era hora de ir para casa, Sofia apanhou o ônibus para casa, Paola, ficou esperando a sua Mãe. Ela normalmente também vai de ônibus para casa, mas nesse dia ela teria de ir primeiro ao hospital e só depois poderia ir para casa. Ela estava com algumas palpitações no coração nos últimos dias.

Foi ao hospital e felizmente não se tratava de nada grave, recebeu algumas instruções médicas e foi para casa. Logo que chegou foi para o seu quarto descansar, sem comer, sem nada, ela só queria a cama, não havia ânimo.

Quando eram 20h à sua Mãe foi até ao seu quarto acorda - lá, pois o janta já estava pronto, ela se levantou e foi para a mesa.

O seu Pai tem o hábito de colocar músicas enquanto jantam, e dessa vez não foi diferente, enquanto jantavam e conversam, também ouviam músicas mais relaxantes, que para alguns são músicas tristes. Ela parou de comer, ficou olhando para o prato por uns minutos, olhou para as suas mãos e estava a tremer, ela não aguentou, começou a chorar em silêncio, ela estava destruída por dentro, ela não conseguia esquecer-se do ex namorada tão rápido, aquela música tocou mais nos seus sentimentos, a Mãe de Paola viu quando uma lágrima caiu à mesa, tocou no rosto de Paola, levantou-lhe a cara e viu a sua filha chorando que nem um bebê, mas em silêncio, o Pai perguntou o que se passava, mas da boca de Paola não saiu nenhuma palavra. Ela levantou-se e foi para o seu quarto, a Mãe seguiu-lhe. Posto no quarto teve uma conversa com sua Mãe, ela começou por perguntar:

- Minha querida, o que se passa?

- Nada Mãe, Nada...

- Como nada? Estavas a chorar filha, diz-me o que aconteceu, para eu ajudar-te.

- Mãe... O… O Tiago terminou comigo.

- Sinto muito filha, sei que o amavas muito, sinto muito.

Paola ficou em silêncio, não respondeu nada, a sua Mãe viu que a filha precisa de uma amiga, tentou fazer de tudo para ela se abrir, mas ela não estava interessada. Então a sua Mãe começou por dizer que isso passa,que era só uma fase da vida, que ela poderá encontrar alguém melhor no futuro, que ele é quem perde e acabou por falar o que não devia, dizendo que isso não é motivo para chorar, que há pessoas que já sofreram perdas maiores, mulheres que perderam os maridos em guerras, crianças a passarem fome. Ela tentou menosprezar a dor da filha, Paola respondeu:

- Mãe, Mãe... Paola falava balbuciando, ela estava a chorar. Mãe, por favor, não faças uma comparação à minha dor com a de outras pessoas, não menospreza o que não estás a sentir, ela chorou por que perdeu o Pai? Eu entendo, chorou porque não tem comida, também entendo, as dores são diferentes, eu estou triste hoje, a sofrer com o término do meu namoro, porque eu amo ele, eu dei o melhor de mim, e essa dor só eu estou a sentir no momento, tu não estás a sentir, Mãe, por favor, respeita a minha dor, eu estou a sofrer já há alguns dias, e tu isso não notaste, estou sempre a tua frente, mas isso você não viu, eu sou um ser humano com sentimentos, eu sou frágil, eu quebro, igual ao vidro, e acabei de quebrar, depois vou apanhar os meus cacos.

A Mãe de Paola sentiu-se mal, quando a filha precisava dela ela estava a tentar comparar as dores, a filha estava com ela todos os dias, mas ainda assim não tinha se apercebido que a filha já não estava com Tiago, já há dois meses desde a separação. Paola pediu para a sua Mãe sair do quarto e deixá-la, ela obedeceu. A Mãe da Paola ligou a Sofia pedindo para ela vir passar a noite em sua casa, porque a Paola precisava de uma amiga.

Tocavam a campainha, era Sofia.

- Boa noite, Sr. Jonas.

- Boa noite, Sofia, muito obrigada por vires.

- Não foi nada, Paola é como uma irmã para mim.

- Ela está no quarto, podes ir ter com ela.

Sofia entrou no quarto, as luzes estavam apagadas, acendeu, e Paola disse;

- Mãe sai daqui!

- Ó, estás chateada, risos hahaha

- O que fazes aqui, Sofia?

- Vim resgatar uma miúda, ouvi dizer que precisam de ajuda. Tu sabes que sou uma heroína nos tempos livres, risos...

- Estou de boa!

- Ainda bem, assim facilita a minha missão.

Sofia ligou a TV, procurou uns filmes na Netflix, e colocou para as duas. Assistiram a três filmes, depois se cansaram, e conversam sobre alguns livros, deram risadas e acabaram adormecendo. A noite tinha terminado bem, felizmente.

Às 07 horas o despertador tocou, elas estavam cansadas, se desse faltavam à escola, mas não dava. Foram se preparar, quase saíram sem comer, mas a Mãe de Paola alertou-lhes que o pequeno almoço é a refeição mais importante do dia e elas voltaram para comer.

Dias se passaram, Paola foi aprendo a lidar com a ausência do seu grande amor, entendendo que na vida só existe uma certeza, que um dia vamos todos morrer, e as demais é apenas fugaz. Enquanto Paola está na escola algo horrível acontecia com o seu Pai.

Pai de Paola é empresário, e a sua Mãe jornalista, eles têm diversas empresas, Paola nasceu em uma família abastada.

O Sr. Jones estava de viagem marcada para New Iorque, uma viagem de negócios, ele saiu cedo de casa, não se despediu da mulher, nem da filha, ele achou que seria rápido, que estaria de volta no mesmo dia, mas não foi isso que quase aconteceu. 

O Sr. Jones é doce, tem muita empatia pelas pessoas e procura ajudar sempre que pode, e nesse dia não foi diferente, logo que o seu vôo aterrou, ele foi à busca da sua mala, pegou e começou a caminhar, na trajetória uma jovem que aparentemente que deve ter uns 24 anos, estava com uma criança ao colo, talvez sua filha, pediu-lhe ajuda gentilmente, o pedido foi aceite, recebeu a mala, a moça foi ao banheiro com a criança, o Sr. Jones ficou esperando por elas enquanto manejava o telefone, a polícia deslocava – se de um lado para o outro com os cães a procura de drogas. Sr. Jones estava tranquilo, não tinha com o que se preocupar, e para seu derradeiro azar a polícia foi ter com ele, e pediu-lhe para acompanhá-los, ele sem entender nada, foi com os policiais.

Postos na sala começaram por abrir a mala dele, nela não encontraram nada de mal, decidem abrir a outra mala, então ele explicou que a outra não lhe pertence, apenas estava a controlar enquanto a dona foi ao banheiro com a sua filha, e deveriam abrir a mala na presença da dona, mas os policiais não acreditaram, e decidiram abrir a mala mesmo assim e encontraram drogas, muita droga.

Ele ouviu um policial a dar a ordem de prisão, e ele entrou em choque, perplexo, ele não era o proprietário dessa mala, saiu daí algemado para à esquadra.

Como todo e qualquer criminoso ela tinha direito a uma chamada, ligou para o seu advogado e aguardou.

A notícia da sua prisão foi logo espalhada, em todos noticiários só se falava disso e infelizmente também chegou à escola de Paola. 

Paola estava no intervalo quando ia para sala, ela sentiu que os olhares das pessoas estavam somente nela, Sofia sentiu o mesmo, e não entendiam o porquê, na porta da sala estava um grupinho que não iam muito com a cara dela, talvez por ser negra ou por ser de uma família com bastante dinheiro, ninguém sabia ao certo, uma delas disse: Eu sabia, esse dinheiro todo não poderia ser de negócios limpos, só daria mesmo vendendo drogas!

Paola continuou sem entender nada, mas ela não estava preocupada com as conversas alheias, então seguiu e não deu a mínima importância. Na turma de Paola havia muitas ilhas, mesmo sendo uma turma com poucos alunos, havia bastantes intrigas, uns achavam-se melhores que os outros, Paola era apenas amiga de Sofia, mas dava-se bem com Júlia e Agata, elas eram muito simples e bastante inteligentes também. Júlia tem 20 anos, é branca, 1,70 m de altura, não era de falar muito, as suas notas falavam por si, ela era a estudante mais inteligente de seu curso, também filha única e rica, mas nem por isso ela se achava superior ao outros. Agata é também inteligente, tem 21 anos, 1,69 m de altura, branca, vive apenas com a Mãe, e vem de uma família rica, igual aos seus colegas. Na Universidade Dream só ricos podiam estudar nela, as suas propinas não eram para qualquer bolso.

Durante a aula de Economia enquanto falavam em como uma pessoa podia enriquecer, Sofia, amiga de Paola, falou em empreender, e disse que viver apenas do salário não torna as pessoas ricas. Alguns alunos não concordaram com essa idéia e rebateram dando exemplos.

Michael disse que os atores, modelos, jogadores de diversos esportes são ricos, e eles só vivem do salário. Sofia não concordou com isso, e defendeu que eles têm outras atividades, além das suas profissões. Caso o contrário, eles teriam uma vida boa, sem dificuldades, mas não teriam dinheiro para certos caprichos...

O debate foi bastante intenso, cada um defendeu a sua idéia, cada um deu uma opinião, e o professor saiu satisfeito da aula, pela participação de todos.

Mais um dia de aula tinha chegado ao fim, ao sair, Paola viu o Tiago, ela sentiu que ele estava diferente, eles já estavam á quatro meses separados, e nenhum dos dois tinha investido em uma nova relação, olharam-se e tiveram uma breve conversa no pleno silêncio, seguiu, e foi para casa.

Mais um dia normal, posto em casa, ligou a TV, ficou sem reação por momentos, nas notícias diziam que o seu Pai estava preso por posse de drogas, ela sabia que o seu Pai era usuário de cigarro, mas nunca tinha visto o Pai a consumir alguma substância ilegal, aquilo caiu que nem uma bomba em sua cabeça, mas ela se recusava a aceitar isso.

A sua Mãe chegou a casa, e já sabia do que estava acontecendo, abraçou a filha e disse que tudo isso só passava de difamação, que o advogado da família já estava a tratar dos processos e que não passava tudo de um mal entendido. Paola relaxou, ficou mais tranquila com essa notícia, ela não poderia imaginar seu Pai metido nessa vida.

O advogado consegui provar a inocência do Sr. Jones, pediu as fitas das câmeras, e nela poderiam ver claramente quando a desconhecida deu a sua mala ao Sr. Jones. Houve um pedido de desculpas dos policiais, que nem se deram ao trabalho de ver os vídeos de vigilância, o Sr Jones como sempre um ser humano amável, perdoou-lhes e foi andando.

Sofia, estava com Paola, nesse momento difícil para Família Jones, que era também uma família para Sofia.

Demorou muito e o Pai de Paola estava de volta, ela foi a primeira a abraçar o Pai, e o Pai disse que já passou, mas Paola, disse que isso não acabou não!

- Filha, isso já está no passado.

- Não, Pai, eles te acusam, e talvez isso possa prejudicar os teus negócios

- Sim, pode ser, mas isso não vai mudar o nosso estilo de vida, não preciso sair por aí e tentar convencer todo mundo que sou inocente e foi um mal entendido. Eu apenas preciso que a minha família acredite em mim, isso é o mais importante, o vosso apoio é a única coisa importante para mim.

Sofia sentada no cadeirão, disse que acredita no Sr. Jones, e ele faz um gesto com as mãos de agradecimento, Paola e sua Mãe, também acreditam nele.

Nunca tinham passado por aquilo, era um momento que desejavam deixar no passado o mais rápido possível, para relaxar e apanhar ar decidiu sair para jantar fora com sua mulher, Paola e Sofia.

Durante o jantar, o Sr. Jones começou a contar como tudo aconteceu, explicou detalhadamente e ele riu dele mesmo, ele disse que o mundo é engraçado, se tu és bom, alguém te faz algo de mal, se tu és mau, as pessoas te apontam os dedos, é complicado! A pessoa já não sabe o que fazer ao certo. Mas vamos deixar  isso para lá e vamos usufruir da comida e da vista!

A noite foi calma, relaxante e serviu para aumentar a união da Família Jones.

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