Aurora Evans.
Resolvi ficar em silêncio. Acabamos de chegar na enfermaria e ele abriu a porta sem problema algum. Vimos a doutora Andressa na sua mesa, ela se virou e nos olhou sem entender.
— O que aconteceu? — Perguntou sem demonstrar nenhuma preocupação.
— Ela acabou levando uma bolada na sua barriga. — Alex responde a sua pergunta, mas ele está bem sério. Nem parece o mesmo de antes.
— Coloque ela em cima da cama. — Apontou para a cama.
A enfermaria é um lugar bem espaçoso, tem cinco camas no local, um enorme armário para os remédios, um freezer com soros e bolsas de sangue, uma grande mesa para a doutora colocar suas coisas, como o notebook, sua bolsa, alguns arquivos dos pacientes. Também tem uma estante com bastante livros sobre enfermagem.
Ele me carregou até a cama e me colocou com cuidado, a doutora se aproximou com um saco de gelo, ergui um pouco a minha camisa e soltei um gemido de dor assim que fez contato com a minha pele.
Ainda está doendo bastante.
— Depois do gelo, irei lhe passar um remédio para você tomar.
E porque você não me dá um agora? Minha barriga está doendo bastante. Aquela pessoa que me acertou, ela deve me odiar bastante. Porque a bola me acertou em cheio.Suspirei e somente concordo com ela. Ela se virou para o Alex.
— Você pode ir, querido. Ela irá ficar bem. — Falou com um sorriso.
Não vou não! Você nem quer me dar o remédio. Mas, é impressão minha ou ela está dando em cima dele? Ela pode parecer um pouco jovem, mas a doutora tem quarenta anos.
Ela é uma beta bem bonita, isso eu confesso. Seus cabelos são ruivos, a cor da sua pele é branca, ela é um pouco alta, deve ter um metro e sessenta ou menos, eu não sei. Eu acho que o que destaca também nela é a cor dos seus olhos verdes claros.
Ela é uma pessoa muito vaidosa, sempre está cuidando da sua aparência, por isso ela parece ter uns trinta anos ou até menos.
O Alex se aproximou mais ainda de mim, ignorando totalmente ela.
— Você vai mesmo ficar bem, princesa? — Eu ainda não me acostumei com ele me chamando assim.
— Sim… Eu vou ficar bem. — Eu acho.
Desviei o olhar para o lado por causa da sua aproximação. Não que eu me importe com a sua aproximação, é que eu sou muito tímida, nunca tive uma conversa com garotos antes. Tudo é bem novo para mim.
— Tudo bem. Então irei voltar para a quadra. — Sorri e concordo com a cabeça.
— Está bem.
Ele foi caminhando até a porta e fiquei confusa quando ele parou do nada, fiquei mais ainda sem entender quando ele voltou na minha direção. Do nada ele beijou a minha testa e isso fez o meu pobre coração acelerar.
— Agora eu posso ir. — Falou com um sorriso.
Eu não consegui formular nenhuma palavra, nenhuma mesmo. Eu só o vejo ir embora sem olhar para trás, percebi o olhar da doutora sobre mim.
Como ele pode me deixar para trás assim?
A doutora voltou para a sua mesa me deixando sozinha, suspirei e resolvi dormir um pouco. Coloquei o gelo em cima da escrivaninha que tinha ao lado das camas, me arrumo melhor e logo peguei no sono.
*****
Acordei ao sentir um carinho em meus cabelos, isso me fez sorrir, porque eu já sabia quem era a pessoa.— Como foi o jogo, Laura? — Abri os meus olhos e a encaro.
— Foi um lixo total. Eu acabei sendo suspensa. — Arregalei os olhos muito surpresa com isso.
— O que? Porque? Você não fez nada. — Ela suspirou. — O que você fez, Laura?
— A garota que jogou a bola em você, neste exato momento ela está na quadra machucada.
— E porque? — Perguntei, mas acho que não quero saber a resposta.
— Eu espanquei. — Meus olhos só faltaram saltar para fora.
— O que!!?
— Ela começou a falar mal de você, quando o senhor gostoso te levou para a enfermaria. Então por isso eu bati nela. — Suspirei.
— Você não deveria ter feito isso, Laura.
— Claro que eu deveria, Aurora. Aquela filha da puta começou a te chamar de vadia na frente de todo mundo, e ainda ficou dizendo que você estava fingindo estar com dor, só para ser carregar pelo Alex.
Que desgraçada do caralho!! Eu ainda estou sentindo bastante dor, e essa puta vem dizer que eu estava fingindo. Que ódio!!
— Aquela infeliz me acertou com tanta força e ainda tem a cara de pau de dizer que eu estava fingindo. Ah, que raiva!!! Que ódio!!
— Sim, aquela derrota. Enfim, agora só irei voltar daqui a cinco dias.
— Eu sinto muito, amiga.
— Que nada, mulher. Irei passar esses dias em casa assistindo e comendo, a melhor mini férias da minha vida. — Isso me fez rir.
Por isso eu amo essa garota, ela me faz rir nas piores fases.
— E que horas são agora? — Perguntei ao notar que o sol já estava se pondo.
— Neste momento são cinco e meia, as aulas já acabaram. Então eu vim te acordar para irmos embora. Vamos? Ou não consegue andar?
— Estou bem, minha barriga ainda dói. Mas basta eu tomar um remédio que melhora. — Ela acenou com a cabeça.
Eu tenho medo que por causa dessa bolada, o meu cio possa acabar vindo mais rápido. E eu não estou preparada para isso.
Ela me ajudou a descer da cama.
— Eu trouxe as suas coisas.
— Obrigada. — Ela sorriu.
Fomos saindo da enfermaria e do nada ela fala.
— Eu acho que eles estão afim de você. — A encarei sem entender.
— Quem? — Ela revirou os olhos.
— Os novatos.
Meu coração acelerou.
— O-O que? Claro que não, Laura. De onde você tirou isso? — Ela bufou.
— Eu reparei no jeito que eles estavam te olhando na hora que você foi atingida pela bola. Garota, eu confesso que fiquei com medo deles, porque a cor dos olhos deles se tornaram dourados, e só pra você saber, você tem o cheiro do Alex no seu corpo todo.
Fiquei um pouco envergonhada.
— Mas é claro, Laura. Ele que me carregou até aqui, então é normal o cheiro dele está no meu corpo.
Ela deu um pequeno sorriso.
— Agora confesse para mim, você gostou, não foi?
Sorri ao lembrar do beijo que ele me deu na testa.
— Oh, que sorriso é esse? O que mais aconteceu? Quando ele te trouxe?
— Quando ele estava me trazendo para a enfermaria, eu acabei cheirando o pescoço dele.
Ela soltou uma gargalhada tão alta.
— Meu Deus, Aurora!! Como eu queria ter visto isso.
— E ele ainda me perguntou se eu estava gostando do cheiro dele. — Passei a mão no rosto ao ouvir outra gargalhada dela.
— Ah, eu faria de tudo para ter visto essa cena. — Revirei os olhos.
Agora ela vai surtar mais ainda.
— E tem mais uma coisa.
— Pode contar. — Falou toda ansiosa.
— Quando ele ia embora da enfermaria, do nada ele voltou até mim e beijou a minha testa, depois foi embora como se nada tivesse acontecido. E ele tem me chamado de princesa.
— Oh meu Deus!! Princesa? Isso vai dá namoro!! Vai dá namoro! Disso eu tenho total certeza. — Ela começou a pular e gritar no meio do corredor.
— Cala boca inferno! Fala baixo. — Reclamo e ela somente rir.
— Isso vai dá namoro! — Ela saiu correndo pelo corredor e continuou falando vai dá namoro.
Eu mereço isso. A pessoa manda ela calar a boca, e a desgraça continua gritando. Mas, eu confesso que gostei da ideia de namoro, porque eu quero um alfa para cuidar de mim, me amar. Mas infelizmente o problema são os meus pais, principalmente a minha mãe.
— Ah, a minha querida amiga está quase namorando.
— Não viaja, Laura.
— Hum, eu quero cachorro quente. — Fiquei sem entender o rumo dessa conversa.
— Do nada?
Ela deu de ombro, isso me fez suspirar.
— Só vamos para casa, minha barriga ainda está doendo.
— Tudo bem, vamos passar na farmácia, podemos comprar um remédio para dores na barriga.
— Mas eu não estou com dinheiro aqui, Laura.
— Sem problema, depois você me paga com uma deliciosa refeição.
Isso me fez rir.
Essa menina não tem jeito mesmo, mas eu amo esse jeitinho doido dela.