O casarão parecia outro. Não completamente, claro, o cheiro de mofo ainda resistia em alguns cantos, e os pisos antigos rangiam sob os pés dos operários, mas algo já havia mudado desde a primeira visita. Havia movimento, vozes, barulho de martelos e cheiro de tinta fresca. O projeto ganhava forma, e eu estava presente em cada detalhe.
As paredes que antes se fechavam em silêncio agora eram abertas para luz. Janelas amplas estavam sendo instaladas, deixando o sol entrar sem pedir licença. Escolhi cores suaves, tons de areia, verde-claro, lavanda. Os espaços começaram a respirar. As salas de apoio psicológico tinham isolamento acústico e móveis ergonômicos. A biblioteca, que antes era um antigo depósito, ganhou prateleiras em madeira clara e poltronas fundas com mantas dobradas. Já os ateliês receberam mesas compridas, cavaletes e armários para tintas e tecidos. Tudo feito com carinho e propósito. Bianca, mesmo com sua resistência inicial, passou a colabo