Capítulo 2
Eu observei friamente enquanto eles entravam no quarto.

Kennard estava sentado à beira da cama, tentando acalmar Agnes para que ela dormisse.

Um raio cortou o céu, e Agnes soltou um grito, abraçando Kennard com força e enterrando a cabeça em seu peito. Ela parecia uma criança assustada, despertando em qualquer um forte instinto de proteção.

Kennard a segurou com firmeza, murmurando palavras de conforto.

— Não se preocupe, não tenha medo, eu vou estar sempre ao seu lado!

Ao ver os dois tão próximos, sentia-me como um intruso, alguém que forçadamente entrou nessa família, separando um casal apaixonado.

Eu também tive medo de tempestades, mas Kennard sempre achou que eu estava fingindo.

— Você já é uma loba adulta. Vai ter que enfrentar muitas coisas sozinha. É só um trovão, por que tanto medo?

Com medo, eu só podia me abraçar, cobrindo a cabeça com o cobertor.

Com uma lanterna, ficava escondida embaixo das cobertas, esperando a chuva passar.

Observando a intimidade deles, desejei partir, não queria ver mais sal sendo jogado nas minhas feridas. Também queria evitar os relâmpagos, esperando que o trovão cessasse.

Mas, por mais que tentasse, minha alma não conseguia deixar aquele quarto.

Fui obrigada a permanecer ali, com eles, até que o trovão finalmente cessou e a chuva parou.

Kennard olhou para fora da janela e, em seguida, para Agnes, que havia adormecido em seus braços.

Ele saiu do quarto em silêncio.

Assim que Kennard saiu, Agnes abriu os olhos devagar, um sorriso satisfeito surgindo em seus lábios enquanto falava sozinha olhando para o teto.

— Kennard, você será só meu. Ninguém mais vai poder disputá-lo comigo.

Fiquei chocada ao ouvir Agnes.

"Como ela podia dizer algo assim? Será que ela sabia de algo que eu não sabia?"

Uma força misteriosa me levou para o escritório, onde Kennard estava sozinho, sentado à mesa, limpando com carinho uma foto nossa.

— Irene, por que você continua teimando em não se desculpar e admitir seus erros? Quando você vai amadurecer e entender as coisas?

Kennard suspirou, colocando a foto de volta na mesa, olhando pela janela enquanto acendia um cigarro.

"Eu não fiz nada de errado, por que deveria pedir desculpas?"

As palavras de Kennard me pareceram absurdas.

Ele nunca quis ouvir minhas explicações, sempre achando que o que via era a verdade.

Mesmo quando eu não tinha nada a ver com a situação, ele sempre encontrava uma maneira de me culpar.

Foi essa visão distorcida de Kennard que acabou me destruindo.

"Como ele ainda tinha a coragem de pedir que eu me desculpasse?!"

Sempre considerei Kennard um líder corajoso e inteligente.

Afinal, o grupo sob seu comando crescia cada vez mais forte, e as outras alcateias ao redor não ousavam provocá-lo.

Mas sempre que se tratava de Agnes, ele se tornava cego, autoritário.

Era como se Agnes fosse a única destinada a ser sua companheira, e eu, apenas uma intrusa.

Os guardas do frigorífico não ouviram nenhum som meu por dias, então foram procurar Kennard.

— Alfa, talvez devêssemos abrir a porta e verificar. Luna Irene está lá dentro há dias sem dar nenhum sinal...

— São só alguns dias. Para ela, ficar sem comer ou beber não faz diferença. Se ela quer resistir, então ficará trancada até ceder!

Kennard jogou os papéis da mesa no chão com raiva.

— Mas lá dentro, não há nenhum som...

O guarda, temendo se mover, permaneceu parado enquanto os papéis caíam a seus pés.

Kennard deu um passo à frente, mas foi interrompido pela entrada de Agnes, que fechou a porta.

— Kennard, para onde você vai?

Kennard hesitou, sem dizer nada, e voltou para a janela.

Quando o guarda estava prestes a sair, Kennard o chamou.

— Espere. Vou com você verificar. Quero ver o que Irene está planejando!

Agnes segurou o braço de Kennard, olhando para ele com preocupação.

— Eu vou com você, ela já está lá dentro há vários dias e estou um pouco preocupada com ela...

Kennard assentiu e, quando sua mão tocou a maçaneta da porta, Agnes começou a respirar com dificuldade, segurando o peito.

Rapidamente, Kennard a envolveu em um abraço protetor.

— Agnes, o que aconteceu? Alguém chame o médico, rápido!

Antes que Agnes pudesse dizer qualquer coisa, ela desmaiou.

Imediatamente, Kennard a ergueu nos braços e correu em direção ao quarto principal.

Kennard passou a noite inteira cuidando de Agnes.

Ele nem sequer olhou para mim uma única vez.
Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP

Capítulos relacionados

Último capítulo

Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP