As palavras de Lindsay, acompanharam Chris por todo dia. Ele buscava entender porque disse isso a ela. Depois de deixá-la no laboratório, entrou no carro e leu várias vezes o relatório que Philip entregou.

Ambos eram de famílias de classe média e frequentavam os mesmos lugares. Não havia registro de nenhum outro namorado, o que o levou a concluir que foi o único homem dela.

Uma satisfação interna o invadiu, mas a dúvida ainda persistia.

Não achou uma única linha que incriminasse ela, do início ao fim, Lindsay só vivia por ele. Então começou a duvidar de si mesmo. Com certeza o problema era ele, talvez outra mulher.

Esse pensamento estava correndo sua mente, pois tinha certeza de que a amava e a atração entre os dois era evidente.

Na hora do almoço, ele ainda estava lá. Não viu o tempo passar perdido em pensamentos.

- Porque voltou?

Lindsay estava parada ao lado do carro. Um calor aqueceu o coração dele ao vê-la . Abriu a porta para ela entrar.

- Eu não fui a nenhum lugar!

- Está aqui desde a hora que me deixou?

Só então ela viu os papéis na mão dele, seu nome escrito em letras destacadas.

- Você mandou me investigar?

Ao ver quão indignada ela estava, ficou desconfortável. De nenhuma maneira queria deixar ela irritada.

- Eu só quero entender...

Lindsay tinha que se lembrar o tempo todo que estava lidando com um homem doente, sem estabilidade emocional e que procurava respostas. Por mais que fosse desagradável saber que estava sendo investigada, como se houvesse feito alguma coisa errada. Ela se obrigou a manter a calma. O homem que se desculpava de forma humilde e vacilando era muito lamentável.

- Eu quero que me prometa que não vai continuar com isso.

- Você não entende, eu preciso saber o que aconteceu.

- Você disse que era por mim, certo? Eu não me importo. Já disse para deixar o passado trás.

- Eu não me importaria se você não estivesse tão furiosa comigo!

Lindsay entendeu que ele também estava sofrendo. Mesmo sabendo que iria se arrepender mais tarde, tomou a única decisão que não poderia ter tomado.l

- Vou estar ao seu lado, não importa o que acontecer, não vou te abandonar. Mas precisa parar com isso.

Os olhos de Chris brilhavam como os olhos de uma criança que ganhou o brinquedo favorito.

- Então não terminamos o noivado? Vamos seguir em frente como antes?

Ela sentiu que caiu na armadilha criada por ela mesmo. Era demasiado tarde para voltar atrás.

- Está bem, ainda sou sua noiva. Mas preciso te pedir uma coisa.

- O que você quiser, querida!

- Quando recuperar a memória, vamos conversar com calma antes de seguir em frente. Não vou aguentar supiortar seu desprezo outra vez.

- Eu sei que não vou te deixar, eu te amo!

- Antes você também me amava. Isso não te impediu de me falar palavras cruéis. Doeu muito Chris.

- Eu estava errado, me perdoe.

Passou o polegar pelo rosto dela e limpou uma lágrima com o peito doendo. Em seguida arrancou o carro. Lindsay o questionou surpresa:

Onde está indo?

- Levar minha noiva para almoçar. O que quer comer?

- Qualquer coisa, não sou exigente com comida.

- Querida, hoje é um dia especial. Quero que seja um almoço memorável.

- Não vamos muito longe. Só tenho uma hora para o almoço.

- Não se preocupe, como minha noiva, você tem passe livre.

Sem entender as implicações de suas palavras, ela olhou para ele sem entender.

- Do que está faltando?

- Eu sou o dono do laboratório!

A surpresa estava estampada no rosto dela, os olhos arregalados e descrentes.

- Não sabia?

- Não tinha a menor ideia!

Pensando que o destino as vezes era imprevisível, Lindsay ficou sem reação. Sua vinda para a Argentina era para colocar distância e esquecer Chris. Acabou trabalhando na empresa dele.

- Eu não entendo, você se formou em gestão financeira, como entrou no ramo de laboratórios?

- Não saberia te responder, mas mesmo sem memória, sou bom em tecnologia avançada. Biologia e química me encanta.

Ela queria fazer mais perguntas, porém o médico disse para não forçar suas lembranças. Era certo que ele abriria uma empresa na área financeira, estava curiosa em saber quando ele mandou de ramo. Um ano era pouco tempo para mudanças tão grande.

De repente, ela se deu conta que Chris não estava sendo sincero com ela antes. Saber que ele não foi sincero fez a dor voltar forte, talvez ele nunca planejou casar com ela. Então a usou até o último momento e depois a descartou.

Agora por ironia do destino, a verdade veio a tona, até seu nome era outro. E tudo fez mais sentido quando se lembrou dos pais dele, Roxane Sullivan não queria saber do filho. O que Chris havia feito para decepcionar os pais que sempre o trataram como o tesouro mais precioso?

- Chegamos, querida!

- Obrigada!

Ainda com pensamentos confusos, deu a mão e desceu do carro. Tinha que ser cautelosa, ou sairia destruída outra vez.

Exalando uma alegria incomum, Chris estava no paraíso. De braços dados, entraram no restaurante e ele pediu uma sala reservada. Compondo um casal excepcional, chamavam a atenção por onde passavam. Mas para ele, as pessoas estavam olhando sua noiva.

O sentimento de orgulho em estar ao lado da mulher que para ele era mais linda, também se mesclava ao ciúmes e a posse. Envolveu sua cintura e a conduziu para a sala privada.

Antes de se sentarem puxou Lindsay em seus braços e a beijou com carinho e paixão. Os últimos três dias, havia sido um calvário sem poder toca-la. Sua frustrada veio com a chegada do garçom.

- Já sabem o que vão querer?

- Acabamos de chegar, nos dê um pouco de espaço.

A voz ríspida dele deixou Lindsay completamente sem graça.

- Vou verificar o cardápio e chamou assim que decidir.

- Obrigado Sra. Vou aguardar o chamado.

O homem de inclinou respeitosamente antes de se retirar.

- Não precisa ser tão grosseiro com as pessoas. O coitado está trabalhando.

- Não fui grosseiro, ele é que é precipitado e veio rápido demais. Nem tivemos tempo de nos sentar.

" Ahh! Esse homem é impossível, me beijou por quase cinco minutos e o garçom é apressado?"

Ele realmente tinha o dom de mudar a história. Lindsay estava sem palavras. É ainda acrescentou com indulgência:

- Vou reclamar a gerência mais tarde!

- Pelo amor de Deus, não faça isso. O pobre homem só está trabalhando!