No final da tarde, Lindsay deparou com Chris encostado em um BMW branco, brilhante e chamativo. O modelo exclusivo não era o tipo visto pelas ruas com frequência, somente pessoas ricas tinham esse tipo de carro.
- Chris, trocou de carro? Surpresa, ela olhou para o carro ainda sem tirar os plásticos dos bancos e totalmente chocada com suas palavras: _ Não! Esse é o seu carro a partir de agora. - Eu não posso aceitar. É um carro muito caro. Com um sorriso divertido nos lábios, ele achou exagerada a reação dela. - Meu amor por você não está cotado em moeda. É só um carro! Dizer que o amor dele por ela não tinha preço, poderia ser a coisa mais linda que uma mulher escuta de seu homem. Não para Lindsay que carregava uma decepção forte. - Um carro que anos do meu salário não pagaria. - Querida, não seja estraga prazer. Venha, hoje eu vou de carona. Estendeu as chaves para ela e a empurrou para o banco do motorista. Em seguida deu a volta e se sentou no banco do carona. - Não posso nadar nesse carro. Não me sinto a vontade. - Besteira, logo você se acostuma. - Porque não me empresta um carro mais simples? Ainda se divertindo com o medo dela, ele a deixou novamente sem palavras. - Não é empréstimo, esse carro é seu. Já está em seu nome! - Impossível, não apresentei meus documentos nem assinei nada. - Para isso que serve os despachantes. Só precisei pegar seus dados na empresa. Lindsay ficou chocada, ele realmente não tinha limites. - É só emprestado, não quero que me dê coisas tão caras. Aliás, não precisa me dar nada. Ele olhou sério para ela, depois de alguns minutos disse com voz de comando. - Se não der presentes para minha noiva, a quem devo dar? Vamos para casa, minha cabeça já começa a doer. Preocupada dele entrar em crise, ela ligou o carro e partiu sob os olhares dos colegas de trabalho. O motor era bem silencioso e o carro deslizou com toda sua exuberância pelas ruas de Mar Del Plata. A leveza do volante, a maciez do banco e um interior luxuoso, deu a Lindsay uma estranha sensação de poder. Dirigir uma máquina moderna como essa era uma emoção indescritível. Ainda com o cheiro do carro novo no nariz, ela desceu no condomínio das águas termais. - O que achou? - É um bom carro. Ela disse simplesmente. Chris esperava que ela desse pulos de alegria, ficou decepcionado. Ela ainda estava sendo tímida com ele. Mas estava disposto a mudar a situação e fazer com que ela se soltasse, como deveria ser com qualquer casal. Segurando sua mão, entrou em casa, fechou a porta e a puxou de encontro ao seu corpo. - Senti sua falta o dia todo, meu amor! O beijo que desceu nos lábios dela era quente, sem excitação e urgente. O beijo de uma pessoa apaixonada que explorava cada centímetro de sua boca, como se disso dependesse sua vida. As mãos firmes segurando seus quadris ao mesmo tempo que alí deixava leves carícias. Era tão bom sentir ele assim, tão perto e totalmente entregue. O calor que ia aumentando, suas pernas ficando moles e seu corpo querendo mais. O som musical de seu telefone, trouxe Lindsay a realidade. Sua mãe estava ligando, como fazia toda semana. - Eu preciso atender! O rosto de Chris se tornou sombrio. Quem era o desmancha prazer que ligou a está hora? Ele se questiona ao ver ela se afastar e atender. - Mamãe, como está? ...... ......... - Aqui está tudo bem. Não se preocupem comigo. Como está o papai? ...…............. - Ainda não sei quando vou para casa. ................... Depois de falar um tempo com a mãe, ela finalmente desligou. Ao se virar para Chris, ele a observava com um olhar complicado. - O que foi? - Não falou de mim para sua mãe? - Ainda é cedo. Ela deu de ombros e o rosto dele se tornou mais escuro. - Está mesmo levando nosso noivado a sério? Não, ela não estava. Só concordou em reatar com ele para que parasse de se forçar a lembrar , não tinha intenção de continuar depois de sua recuperação. - Você precisa entender que esse não é um assunto para resolver por telefone. - Eu tive algum problema com seus pais? - Você rompeu o casamento depois de tudo pronto. Meus pais ficaram constrangidos com a situação. Não é muito agradável desconvidar as pessoas. Então, é claro que estão chateados. - Me perdoa, Lindsay. Eu vou me desculpar com seus pais por tanto transtorno e sofrimento que te causei. Para ela isso não era importante. Seus pais não iriam saber de mais nada sobre eles. Era um arranjo desnecessário, pois se soubessem com certeza não apoiariam sua escolha depois de tudo que passaram. - Vou tomar um banho e depois preparar o jantar. - Não tem necessidade. Inês já deixou tudo pronto! - Quem? - Inês e a responsável pela limpeza da casa e das refeições. - Você disse que não tinha empregados. - Não te disse isso! Disse que não gosto de estranhos pela casa. Quase não vejo Inês, quando estou em casa ela evita passar na minha frente. Depois de cuidar de tudo, ela vai embora. Era estranho o comportamento dele agora, na casa de seus pais era cheio de funcionários e ela nunca viu ele reclamar. Pensou que a aminésia mexeu muito com ele, talvez por vergonha de que outras pessoas vissem suas crises. Outro ponto é que a casa era impecável, nada fora do lugar, nenhum poeira a vista. É claro que alguém cuidava de tudo. Depois do banho, desceu para jantar. Lá estava ele novamente dentro do moletom e da camiseta regata, não estava mesmo facilitando as coisas para ela. Chris colocou a mesa e assim que Lindsay voltou, puxou uma cadeira para ela e se sentou ao seu lado. - O que quer comer? Ela olhou para os vários pratos, a aparência estava ótima e o cheiro por si só, dava água na boca. Inês realmente sabia cozinhar. - Vou experimentar de tudo. Inês teve muito trabalho aqui. Pegou seu prato e pensou em servir quando ele foi tirado de sua mão. - Deixa que faço isso. Outra vez, Lindsay ficou surpresa. No almoço ele a serviu todo tempo, cortou seu bife, colocou o suco. Antes ele não se atentava a esses detalhes, o que levou ela a questionar quando ele ficou tão cavalheiro?