Ao longo desses anos, eu afundei-me em um abismo do qual eu achava impossível sair um dia. A culpa pesava nos meus ombros, impedindo-me, até mesmo, de respirar algumas vezes, e a culpa mais dolorosa, até mesmo mais do que o que eu causei a Sara, foi a culpa pelo acidente do meu pai. Ando pelo escritório, a briga foi bem aqui, neste escritório. Sorrio ao pensar no meu desespero depois de tudo, eu desejei ter morrido no lugar dele e ele nem mesmo estava naquele carro. Hoje, eu só sinto raiva e nojo, ao lembrar daquele dia, da briga, das palavras ácidas e cruéis dele…
–Memórias on–
— Papai, eu só quero ajudar a consertar isso! — Digo em meio às lágrimas, que já começaram a sair uma após a outra.
— Consertar? — ri, é um riso que intermedia entre desdenhoso e cruel — E você acha mesmo que uma garota burra como você pode consertar algo? Você é a culpada de toda essa merda, Jules, você, sua maldita filha da puta! É uma maldição, é isso que você é. — Seus gritos entraram pelos meus ouvidos f