Assim que Karem terminou o expediente, ela ajeitou seu uniforme elegante, alisando a saia e ajustando o botão da blusa. Pegou sua bolsa luxuosa e saiu da sala, dirigindo-se ao elevador com passos firmes e confiantes. Apertou o botão e desceu até o último andar, onde alguns funcionários se despediram com um educado "até amanhã, senhorita Karem". Ela retribuiu com um sorriso caloroso e um aceno de cabeça.
Ao sair do elevador, Karem caminhou até o estacionamento, onde encontrou Felipe esperando por ela, com os braços cruzados.
— Vamos! — disse ela, abrindo a porta do carro. — Não quero deixar minha mãe me esperando para o jantar.
Felipe coçou a cabeça e disse:
— Hã... Na verdade, senhorita Karem, eu estava te esperando justamente para lhe falar sobre isso — murmurou ele, com uma expressão hesitante.
Karem se virou para ele, franzindo a testa.
— O que é?
— Preciso ir para a minha casa antes — explicou Felipe. — O dia de trabalho foi longo e cansativo. Quero ir para casa, tomar um banho e trocar de roupas. Então... Posso chegar mais tarde no jantar?
Karem balançou a cabeça, seus cabelos castanhos ondulando.
— Nada disso! Não dá tempo — afirmou ela, com um tom decidido. — Deixe-me ver... Que número você veste?
Felipe ergueu uma sobrancelha, surpreso.
— O que? Para quê?
— Você mora longe, Felipe! Não vai dar tempo você ir na sua casa e depois voltar — explicou Karem, olhando para ele com um olhar fixo e sério, mas ao mesmo tempo, gentil. — Irei comprar umas roupas para você e assim que chegamos na minha casa, você aproveita e toma um banho e veste as roupas novas.
Felipe abriu a boca para protestar, mas Karem o interrompeu com um gesto de mão.
— Não discuta, Felipe. São apenas seis horas da noite. Temos tempo — disse ela, sorrindo.
Felipe suspirou, rendendo-se à determinação de Karem.
— Certo, então... — respondeu ele, com um sorriso.
Karem digitou rapidamente no celular.
— Ótimo. Vou pedir para entregarem as roupas em minha casa.
— Agora, vamos. — Ela abriu a porta do passageiro e entrou, enquanto Felipe ficou do outro lado, ajustando a mochila no ombro.
Karen partiu com o carro, determinada a não se atrasar. O motor roncava suavemente enquanto ela dirigia pelas ruas tranquilas, os pensamentos focados no reencontro com sua filha. Felipe, ao seu lado, observava a paisagem passar rapidamente pela janela, sentindo uma mistura de ansiedade e expectativa.
Quando finalmente chegaram, Karen estacionou o carro na espaçosa garagem com um movimento preciso. Ela desligou o motor e soltou um suspiro de alívio. Ambos desceram do carro, e Karen rapidamente se dirigiu à porta da frente, com Felipe logo atrás.
Assim que Karen entrou na casa, foi recebida com um caloroso abraço de sua filha, Flor Bela. A pequena correu em direção à mãe com os braços abertos, os olhos brilhando de alegria.
— Mamãe!... — gritou a pequena, ainda abraçando a mãe fortemente, como se não quisesse soltá-la nunca mais.
Karen sorriu, sentindo o coração aquecer com o amor da filha. Ela acariciou os cabelos macios de Flor Bela, sentindo a textura sedosa entre os dedos.
— Minha pequena. Estava com tanta saudade — disse Karen, a voz carregada de ternura. — Olha, o Felipe veio fazer uma visita.
Flor Bela olhou ao redor, procurando o rapaz. Karen também se virou, tentando localizá-lo. Segundos depois, Felipe entrou pela porta, com um sorriso meio envergonhado.
— Desculpe, Karen. Estava atendendo uma ligação da minha mãe.
— Tudo bem. — disse ela, acenando com a mão para tranquilizá-lo.
Flor Bela, ao ver Felipe, soltou a mãe e correu para abraçá-lo. Felipe largou a mochila no canto da sala e se abaixou para receber o abraço da pequena. Ele a levantou do chão com facilidade, girando-a no ar enquanto ela ria alegremente.
— Como você está, pequena flor? — perguntou Felipe, olhando nos olhos dela com carinho.
— Estou bem... — respondeu ela, sorrindo amplamente, os olhos brilhando de felicidade.
Karen observava a interação carinhosa entre Felipe e Flor Bela, mas logo lembrou-se do tempo apertado.
— Felipe, você precisa ir logo no banheiro tomar um banho e vestir as roupas novas. Minha mãe não vai demorar muito para chegar — disse Karen, interrompendo gentilmente.
Ela entregou um conjunto de roupas novas para Felipe, composto por uma camisa branca e uma calça jeans e apontou na direção do banheiro.
— O banheiro é por ali — indicou ela, com um sorriso gentil.
Felipe colocou Flor Bela no chão com cuidado, ainda sorrindo para a pequena.
— Já volto, pequena flor — disse ele, acariciando o cabelo dela antes de se dirigir ao banheiro.
Flor Bela observou Felipe se afastar, ainda sorrindo, enquanto Karen se abaixava para ficar na altura da filha.
No banheiro, Felipe ligou o chuveiro, deixando a água quente correr enquanto se despia. Ele sentiu o calor relaxante da água sobre a pele, lavando a poeira e o cansaço da viagem. Após o banho, ele vestiu as roupas novas que Karen havia lhe dado, sentindo-se renovado e pronto para a ocasião.
Enquanto isso, na cozinha, Karen e Flor Bela estavam ocupadas preparando uma bandeja com biscoitos caseiros. Flor Bela ajudava a mãe a colocar os biscoitos em um prato bonito. Karen tinha empregadas para cozinhar, porém ela adorava passar um tempo com a filha.
Mas tinha um pequeno problema: Karen não sabia cozinhar. Ela nunca teve tempo para aprender a cozinhar.
Quando ela estava preparando os biscoitos Flor Bela olhou para mãe e perguntou:
— Mamãe, a vovó vai gostar dos biscoitos? — perguntou Flor Bela, com os olhos brilhando de expectativa.
— Tenho certeza que sim, meu amor. Você fez um ótimo trabalho — respondeu Karen, sorrindo para a filha.
Minutos depois, Felipe saiu do banho, sentindo-se revigorado e pronto para a noite. Ele perguntou a uma das empregadas onde estava Karen. A empregada, com um sorriso gentil, informou que Karen estava na cozinha com Flor Bela.
Felipe seguiu em direção à cozinha, guiado pelo som de risadas suaves. Ao entrar, encontrou Karen e Flor Bela concentradas na bancada, rodeadas por tigelas e ingredientes.
— Felipe!... — gritou a pequena Flor Bela, com os olhos brilhando de entusiasmo. — Quer provar?
Felipe sorriu ao ver a alegria da menina. Ele se aproximou, ficando entre Flor Bela e Karen, e pegou um biscoito, provando um pedaço. Enquanto mastigava, seus olhos encontraram os de Karen, que o observava com ternura e expectativa. Ele fez uma expressão um pouco desapontada, mas logo sorriu, tentando não desanimar a pequena.
— Ah... Pequena flor. — disse ele, com carinho. — Está bom, mas acho que só precisa de mais alguns ingredientes.
— Não está bom? — perguntou a menina, com um leve tom de preocupação.
— Está sim, pequena flor. Só precisa de um toque a mais. — afirmou ele, piscando para ela. — Deixe-me ver...
Felipe começou a pegar alguns ingredientes, explicando cada passo para Flor Bela, que o assistia com atenção. Karen, por sua vez, ajudava a medir e misturar, seus movimentos graciosos e precisos. A cozinha estava cheia de uma energia calorosa e colaborativa.
Quando a massa ficou pronta, Felipe pegou uma colher e colocou um pouquinho na boca de Flor Bela. Ela provou, seus olhos se iluminando de satisfação.
— Está muito bom! — exclamou ela, com um sorriso radiante.
Felipe sorriu de volta, satisfeito com o resultado. Ele então se virou para Karen, seus olhos suavizando ao encontrarem os dela.
— Karen... Você quer provar? — perguntou ele, com um tom gentil.
Karen olhou para ele, surpresa e um pouco tímida, mas assentiu.
— Oh!... Claro. — respondeu ela, pegando uma colher.
Antes que ela pudesse provar, Felipe já havia pegado um pouco da massa e, com um gesto cuidadoso, levou a colher até a boca dela, tomando cuidado para não sujá-la. Karen corou levemente, sentindo o carinho no gesto.
— Obrigada... Está muito bom. Você tem talento... — disse ela, um pouco tímida, mas com um sorriso sincero.
— Eu... — começou Felipe mas foi interrompido por Bela.
— A mamãe está um pouco tímida. O meu pai nunca tratou ela dessa maneira... — disse a pequena. Karen olhou para a filha e depois para Felipe, sem saber o que dizer naquele momento.